Capítulo 07 - A arte de montar

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Flayslane não deixou de fazer aquilo como irritação, mas como era uma ordem muito específica terminou acatando.

Dez minutos, uma calça jeans, uma camisa, uma bota e um chapéu depois Bianca Andrade estava de volta a sala para se encontrar com sua irmã Marcela.

— Você está parecendo uma madame daquelas bem ricas — Falou para a mais velha enquanto a empurrava de leve com os ombros.

Marcela até começou a se negar a aceitar a roupa, mas quando Rafa a cortou dizendo que ou era isso ou ficava em casa decidiu calar a boca de vez e aceitar o que viesse.

— É só por um tempo. Depois vocês e Gizelly podem ir a cidade comprar coisas próprias — A loira havia emendado depois com mais amabilidade afim de que se compensasse a grosseria do comentário anterior.

Com a garantia expressa a Andrade maior não teve como continuar na defensiva. Aceitou a roupa completa que lhe coube e tratou de vestir de uma vez.

Tratou-se de um jeans azul marinho e uma simples camisa xadrez preta e cinza. Combinava com o chapéu e a bota da mesma cor.

O calçado não estava do tamanho certo e o chapéu sobrava bastante em sua cabeça, mas não tinha do que reclamar.

Estava muito bem e, segundo Bianca, até bonita.

Ignoraria essa última coisa se tivesse ficado por aquilo mesmo.

Mas teve a impressão de que Gizelly concordou com Bianca assim que passou pela sala.

— Rafaella — A capixaba chamou olhando para os inúmeros recibos que tinha em mãos ao invés de para frente e, por essa razão, acabou tropeçando pelo tapete.

Teria sido um tombo muito feio se Marcela não tivesse sido suficientemente rápida.

As mãos da loira instintivamente correram para cintura que atingiu no fim do tecido da blusa e num curto pedaço quente de pele.

Os olhos se cruzaram no ínfimo toque e pararam assim.

Gizelly com o corpo meio torto e Marcela se encarregando com sua força de que aquilo não a machucasse.

Durou segundos.

Mas pareceram anos.

— Marcela — A maior corrigiu com os olhos claros sorrindo como os lábios que acompanharam a delicadeza do ato pouco depois.

— Eu... Eu — A furacão começou a dizer reparando na proximidade das duas.

Fez questão de aprumar a postura rapidamente e sair daqueles braços estranhamente fortes.

— Olhando de relance assim com essas roupas imaginei que fosse a Rafa — A capixaba comentou procurando não deter muito o olhar em Marcela com os trajes de quem ia trabalhar no campo.

Mas fracassou.

Percebeu como a camisa se aderia ao corpo, como a calça ficava muito mais apertada nela que na amiga, como o chapéu ameaçava cair da cabeça e ficar preso só com a corda.

E inevitavelmente sorriu.

Definitivamente a cabeça da sua amiga Rafaella era algo único no mundo. Não havia como se confundir.

— Ela me emprestou para que eu pudesse trabalhar hoje — Marcela esclareceu ainda mantendo uma expressão amável no rosto.

O rugido da leoa Onde histórias criam vida. Descubra agora