— Feito — Rafaella disse dando o dedinho para que se envolvesse no de Bianca que os levantou até a altura dos lábios e deu um beijo inocente e adorável.
— Agora observe a águia em ação — Demandou imitando a maneira que se movia uma ave e pulando sobre o sofá ao fazê-lo. Rafaella estourou numa risada tão alta que em alguns minutos pensou que sequer poderia respirar, ainda mais quando Bianca foi rapidamente abatida e caiu ao seu lado como uma soldada ferida.
— Acho que você falhou na tentativa, Bia — Rafaella apontou enxugando uma lágrima do canto dos olhos verdes ainda repetindo na sua mente a imagem de Bianca caindo de cima do móvel como uma jaca na estrada.
A morena encarou-lhe com um olhar cortante e bateu seu pezinho. O típico, o fenomenal e saudoso pezinho.
Rafa se encantou toda de novo. Mas ainda não se sentia segura para admitir tão completamente outra vez.
— Porque você não reagiu. Ficou aí parada como uma madame e deixou elas me acertarem sem nem sequer tentar sair e recolher mais munição. Você é uma péssima soldada, sabe? —Bianca apontou colocando um vinco na cara da veterinária.
— Para sua informação eu só não sou uma boa soldada porque não nasci para ser mandada. Eu sou uma General por natureza, Bianca — Rafa disse levantando o queixo para o alto e colocando a mão aberta de lado em sua testa em continência.
— Aí você acorda, certo? Você é, incontestavelmente, uma tão general quanto poderia alguém que se intitula de leoa, mas na verdade é uma gatinha — Caçoou Bianca cruzando os braços sem medo do amanhã.
— Olha... Me respeita! — Demandou Rafaella, ainda mais quando Bia mostrou-lhe a língua.
— Ou eu te respeito ou eu não minto para você. O que você escolhe? — Falou a menor olhando as unhas com deboche.
— Que me iluda — Rafaella disse baixo torcendo o lábio.
— Você é uma leoa. Só falto rugir — Falou a morena segurando a risada.
— Não vejo verdade em você — A veterinária reclamou e antes que estendessem as provocações foram interrompidas por um barulho oriundo do centro da sala. Era Vivian e Manu debandando contra Gizelly e Marcela que aumentaram as ofensivas pelos lados e derrubaram a delgada sobre o chão.
O casal criminal agora era atacado com cosquinhas intermináveis.
— Para isso dar certo precisaremos trabalhar juntas — Bianca disse e Rafaella revirou os olhos. Era o óbvio desde o início.
Se uma tentasse sem a outra não chegaria a lugar nenhum. Era assim a vida delas desde que a morte as uniu.
— Você pela esquerda e eu pela direita — Delimitou Rafaella encarando o olhar concentrado de Bianca. Sedenta, séria e insaciável.
— As chances de que saia bem pela esquerda são menores — Afinal era bem no campo de visão das outras mulheres.
— Eu sei. Mas antes eu do que você, Bi — Disse involuntariamente e quase recolheu as palavras, mas não teve tempo quando os lábios de Bianca tocaram o seu rapidamente.
— Não retire, por favor, ao menos me dê a ilusão de que nesse silêncio eu posso ter um pouco do que quero — Rafa queria dizer que não era ilusão, mas tinham uma missão naquele instante, portanto, assentiu.
Trocaram mais um selinho e como duas loucas pularam pelo sofá, Bianca munida da única almofada que detinham de maneira que pudesse se proteger melhor dessa vez.
Rafa tropeçou no tapete, mas impediu que a queda fosse mais feia quando virou e deu uma cambalhota digna de circo para a surpresa e risada de Bianca.
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O rugido da leoa
FanfictionPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...