Capítulo 72 - O quadro de Manu

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A cada dia que passava o que era para amenizar acabou por se expandir no peito de Bianca Andrade.

O que deveria ser medo de ser pega em mais uma omissão se transformou numa sede ainda maior de acabar com sua progenitora. Não, agora só provar sua culpa e humilha-la não era suficiente. Ela sabia que poderia até...

Se refreou. Não podia ser para tanto.

Mas a vingança, certamente, era um fato. E foi por essa razão que deu o melhor dos jeitos para conseguir o número da propriedade de Amaeté para estar sempre em contato com Mônica que agora estava mais falante que nunca.

A mulher ainda não tinha entregado muita coisa, mas Bia contava que em breve conseguiria, afinal, deu inúmeros indícios de que era "confiável".

No fim aquilo custou tanto que voltar atrás seria uma derrota quase tão grande quanto era acordar todos os dias que decorreram daquela tarde e buscar o olhar da irmã sem perceber que olhava em sua direção de volta.

— Está tão concentrada na sua própria cabecinha e aposto que não é pensando em mim. Deixarei registrado que é por essa razão que eu vou te cancelar — Rafaella disse para namorada que estava com o corpo coladinho no seu na volta para casa do trabalho.

Pégasos trotava calmamente e a cada distância cortada Rafa se aproveitava para dar selinhos carinhosos no pescoço da namorada.

A percebeu um pouco mais introspectiva e séria aquele dia, entretanto, atribuía aquele fato fundamentalmente a briga com a irmã.

— Como já estou cancelada mesmo acho que sequer faz diferença — Bia respondeu daquele jeito distante de quem ainda não estava ali e de quebra desceu do cavalo pouco antes de chegarem ao estábulo para rumar sozinha até a fazenda.

Rafaella definitivamente ficou sem entender nada, porém, tampouco encarou como discussão. Guardou seu cavalo e depois acompanhou Bianca até o quarto onde se banharam e depois desceram para o jantar.

Naqueles dias tinha sido estranho sentar à mesa e perceber a ausência de duas presenças muito claramente.
E para completar, naquela noite, uma terceira cadeira também estava vaga.

— A Vivian anda meio sumida, né? — Rafa tentou puxar algum assunto na mesa que permanecia silenciosa só com a presença das duas. Bianca somente concordou — Há algum problema? Algo que eu te fiz te desagradou? É com a só com a sua irmã? Me diz alguma coisa! — Explodiu em perguntas depois de momentos calando a angústia de se sentir sem poder ajudar.

— Você acha que é só? — Foi o que Bianca perguntou. Sabia que estava sendo injusta com Rafaella, mas com aquela tristeza e a vingança tomando o maior espaço em seu coração não conseguia ser a mulher que a namorada merecia.

E a fazia se sentir mal. Pior até do que já estava e isso provoca aquele comportamento tão distinto em relação a fazendeira.

A certa maneira, seria fácil se não fosse amada quando menos merecia. Tinha falhado com a irmã e estava falhando consigo, se Rafa não a lembrasse quem ela era com cada atitude amorosa poderia ir até o fim.

Mas a veterinária a fazia fraquejar. Isso porque seu amor sempre presente a lembrava que deveria ser digna. E não era digno querer mais se vingar do que quase tudo na vida.

— Acho melhor eu ir para o meu quarto — Disse sabendo que poderia ser arisca com Rafa sem que ela merecesse e não querendo isso. Dessa vez, fez o caminho até o aposento que dividia com Marcela.

Sentada sozinha na mesa como foram muitos dias Rafa sofreu a solidão de lembrar quando se sentia abandonada por quem amava sem entender ainda a razão daquilo.

O rugido da leoa Onde histórias criam vida. Descubra agora