Quando Gizelly Bicalho se espreguiçou na saída do quarto aquela manhã notou algo diferente.
A soleira da porta de madeira, havia nada mais nada menos que um vaso com vários lírios-do-brejo.
A capixaba rapidamente os tomou nas mãos e observou com minúcia, sentindo assim que trouxe a altura dos olhos um aroma muito doce.
Sorriu com aquilo imediatamente e tocou as pétalas com a ponta dos dedos.
Já os vira na beira do lago, mas nunca teve a habilidade necessária para um corte tão bem feito e preciso que garantisse a ele uma vida longa, situação que não parecia ser a que aquelas seis flores brancas se encontravam agora.
Era um detalhe tão delicado que não teve dúvidas de onde veio.
— Marcela? — Chamou ao encontrar a mulher cortando parte da raiz de alguns lírios e guardando em alguns saquinhos.
— Sim? — Perguntou cessando a ação e levantando os olhos para a furacão que estava, aos seus olhos, especialmente bonita e brava naquela manhã.
— Porque me mandou lírios? — A capixaba foi muito direta no seu questionamento entregando com isso para Marcela que talvez não tivesse feito o certo.
— Porque fui buscar alguns mais cedo hoje no rio já que estávamos precisando repor os anti-inflamatórios e remédios para tosse. Imaginei que, por conta do cheiro e da função purificativa vocês terminariam gostando de tê-los nos quartos. Mas se não gostou eu... — A loira falou relatando o que, até certo ponto, era verdade.
— Vocês? — Foi no que Gi se fiou em toda fala de Marcela.
— É. Também coloquei alguns na porta do quarto de Rafaella. Dizem que ajuda na meditação e melhora o campo energético do lugar. Sei que isso é muito místico para alguns, mas a quem acredita... — Mentiu com descaro apenas para avaliar as reações da furacão.
De repente, ao perceber que talvez não fosse especial, Gi parecia sentir-se incomodada. E isso não passou despercebido pela Andrade maior que mordeu a parte interna da bochecha antes de sorrir.
— Então não foi só eu? — O tom da capixaba foi quase lamurioso.
— Você gostaria que eu enviasse lírios somente a você? Por qual razão? — Marcela insistiu só para saber se a mulher teria coragem para admitir.
— Eu? Não! — A governanta mentiu descaradamente.
— Então suponho que a reposta que você não me deu é que não deveria ter enviado nada. Se é assim peço que não se livre dos coitados. Eu posso ir no seu quarto com você buscar agora mesmo e aproveito para extrair o rizoma deles também — Falou se levantando da cadeira e deixando as raizes por ali por sua mesa.
— Marcela... — A mulher de mechas douradas tentou desconversar quando viu a mulher atravessar a mesa parando do seu lado.
— Faço questão, não vou deixar lá te incomodando — E tocando a palma na parte debaixo das costas de Gi foi conduzindo-a até onde sabia que era o quarto da capixaba.
A governanta abriu a porta e entraram.
— Como pode não ter gostado desse cheirinho tão gostoso? — A loira quis saber tirando uma flor do vaso para colocar na orelha da capixaba que fechou os olhos pelos dedos carinhosos entrando nos seus cabelos médio — Mas fazer o que, não é? — A loira completou girando os calcanhares para sair com as flores, mas foi impedida pela furacão que tocou seu pulso a impedindo de avançar.
— Mudei de ideia, quero ficar com eles! — A governanta falou e Marcela a olhou com um sorrisinho presunçoso no canto dos lábios.
— Que cara é essa? — Gi questionou vendo o sorriso de Marcela se ampliar mais ainda até que os dentes brancos aparecessem.
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O rugido da leoa
FanficPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...