Capítulo 47 - A primeira vez de Rafa

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Rafa Kalimann fora uma pessoa machucada pela vida. De todas as situações que não deveria estar exposta viveu sem sequer poder chorar o infortúnio de ter nascido numa família sem amor.

E por muito tempo acreditou na pior das coisas: Que não havia amor e, se houvesse, não seria para alguém como ela.

Até Bianca Andrade. Com os olhos de águia sempre atentos e decididos a menina que sempre teve dentro de si uma mulher incrível aguardou com calma uma única oportunidade de demonstrar que Rafa era digna.

E a loira assim se sentia.

Amada, compreendida e segura. Protegida pelos braços pequenos que a envolviam num beijo fortuito naquele início de manhã.

Bianca a beijava delegando a ela a responsabilidade de decidir quando poderiam obter ar já que a própria sobre seu colo parecia ignorar a existência de qualquer realidade que não as mantivesse o mais juntas quanto fosse possível.

E era por isso que a Andrade movia a língua com a lepidez refrescante da brisa da manhã, rodopiando entre as bocas como o vento que acariciava as costas encobertas pelo lençol grosso que envolvia o enlace daquelas duas mulheres.

— Bi — Repreendeu percebendo a direção que levariam aquelas carícias apenas dez minutos depois de fazerem amor.

Sim, isso mesmo, para Rafa não foi só sexo nem na primeira vez que desejou aquela cena. Todo seu zelo, sua intenção de mantê-la sempre bem, sempre houve um carinho que nunca teve com ninguém, mesmo com seu próprio corpo.

— Quero sentir seu gosto outra vez na minha língua. Preciso disso — A morena admitiu distribuindo beijos tímidos em seu pescoço depois de falar.

A fazendeira não conseguia colocar em resumo o quão bom era aquela mistura de inocência e luxúria que dividiam espaço naquele corpo.

Bianca, sua Bi, era doce, terna e quase angelical, no entanto, ao mesmo tempo parecia que havia dentro de si uma parte que subvertia a própria ideia inicial de que ela seria um anjo. Havia lascívia, impulsividade e requintes de devassidão.

Bianca era, definitivamente, uma mulher de muitas camadas e Rafa só queria conhecer como pudesse cada uma delas. No ritmo e nos termos que a menor exigisse.

Muito embora a tortura quase lenta a provocasse uma rara inquietação ofertaria a Bianca o acesso a sua pele sem qualquer impedimento.

Sabendo disso, e se aproveitando, Bianca desceu os seus lábios famintos de exploração pelo corpo que admirou desde o primeiro instante que viu Rafaella descer do cavalo branco.

Rafa era linda, imponente e tão sua que não podia e não queria evitar que seus lábios a conhecessem traçando pela superfície caminhos que tocassem sua alma.

Não, não eram beijos sem direção e só pelo prazer que a essa altura já pungia em ambas. Também era sobre uni-las em sentimentos bons que sempre precisavam.

Era unir naquele entrelaço o que foi tristeza e não para tentar transformar em alegria, posto que a ferida no chão não se conserta com um sorriso, mas entender que num coração machucado ou numa terra sofrida há que se dar tempo e dedicar empenho para que tudo floresça.

Porque floresce, e elas sabiam porque envoltas naqueles girassóis sentiam as mãos construírem entre elas raizes profundas e tão indestrutíveis quanto elas pudessem manter.

Nada era garantido, mas tudo permaneceria bem se se cultivassem todos os dias sem esquecer.

Chegando finalmente aos seios Bianca se permitiu apenas observar por um instante o conjunto ofegante e encantador.

O rugido da leoa Onde histórias criam vida. Descubra agora