14. Norberto

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17 DIAS ANTES DOS CRIMES

04/02/17 - sábado, 20h03

A cama rangia. Norberto gemia. Nicolas arfava.

Depois das apresentações da PAPGRAF os dois saíram em disparada ao hotel. Dois quartos haviam sido alugados, porém, um permanecia vazio, e o outro: cheio de sexo.

As ereções descontroladas durante as palestras demonstravam urgência. O bom e velho networking ficou em segundo plano, talvez para o próximo ano. O trabalho duro dos dois em São Paulo nada tinha a ver com o Mercado Editorial e Papel e Celulose.

Norberto jogou Nicolas na cama. Os óculos do rapaz foram arremessados ao chão. O mais velho se livrou da camiseta branca do amante mais jovem com movimentos desesperados.

A barriga de Nicolas era bem retinha e havia vestígios de abdominais; alguns gominhos despontavam quando feito algum esforço. Norberto lambeu a barriga jovem e salgada. Se "subisse" com a língua ela encontraria a boca carnuda e macia (até a pele pontilhada de pelos aparados da barba de Nicolas era macia). Se "descesse", seguindo a trilha de pelos castanhos, finos e delicadamente emaranhados depararia-se com a ereção firme e sólida.

Talvez pelo grande trabalho de desafivelar o cinto, Norberto optou por se afogar nos lábios rosados do parceiro. O beijo foi violento. Corpo sobre corpo, esfregando-se com o máximo de atrito.

Nicolas agarrou os cabelos grisalhos do seu "malfeitor" e o puxou mais para si enquanto Norberto passeava com a língua na boca dele. Os lábios ficaram vermelhos, frutuosos, contrastando com sua pele alva.

Ali eles podiam sussurrar, gemer, gritar, trepar sem parar; ninguém descobriria. Ali poderiam ter todo tipo de intimidades.

Desde o momento no qual batera os olhos no adorável Nick, Norberto se apaixonara por aqueles contrastes gritantes. A palidez da pele destacava os olhos castanhos escuros envoltos por cílios grandes. Algumas pessoas invejosas juravam: "Nicolas usa algum tipo de rímel para deixá-los tão separadinhos e curvadinhos para cima ou faz uso de curvex e de uma boa dose de delineador para dar vida ao conjunto dos olhos. Só pode!"

O beijo havia se transformado num ato lambuzado; chupação de línguas. Norberto deu trégua à lambeção — com aparente sofreguidão, pois, seu desejo era o de continuar grudado naquela boca deliciosa —, e encarou os olhos; gostava tanto deles. E por mais que o par de sobrancelhas bem-feitas, olhos brilhantes, e cílios modelados fossem comumente atribuídos às mulheres, no rosto de Nicolas a combinação continuava máscula. Um homem hétero era incapaz de apreciar essa perfeição tão delicada.

Sem dizer palavras os dois se despiram por completo. Em cima da cama: a combustão dos dois corpos separados por uma geração inteira. Como as preliminares já estavam para lá de quente, conectados num "meia-nove" suculento e apressado, nenhum dos dois pareceu querer esvaziar as bocas e ir até a farmácia mais próxima atrás de lubrificante e camisinha.

Lubrificados com suas próprias salivas, decidiram através de olhares a melhor posição.

Norberto ficou deitado, sorrindo, dopado pelo tesão, enquanto Nicolas tentava se aprumar em cima do homem, de cócoras. Nicolas foi se ajeitando e rebolando devagarzinho. Quando tudo pareceu no seu lugar, encaixou a glande de Norberto na abertura anal sem utilizar as mãos e permitiu ela abrir espaço com delicadeza. Nicolas começou a descer; vagaroso. Engolia Norberto aos poucos, sem pressa. Quicava devagarzinho, com carinho; suave.

Norberto obrigou-se a resistir em socar de vez o seu pau, mas a doce careta de dor e tesão do moleque estava deixando ele louco. Esperou. Foi paciente até as nádegas de Nicolas tocar a parte interna de suas coxas. Estava todo dentro dele.

Como escrever, matar e publicar [Vencedor do Wattys2020]Onde histórias criam vida. Descubra agora