54. May

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DIA DOS CRIMES

21/02/17 - terça-feira, 21h40

— May, controle-se! — Rodrigo chacoalhou o corpo frágil dela. — E não foi bem o que eu disse. Ele está morto, mas...

— Mas o QUÊ?! — E ela, com certeza, ouviria a versão dele sem dar muita importância se Rodrigo diria a verdade ou se mentiria...

(De qualquer forma, apenas ela saberia de toda a verdade...)

— Onde aconteceu? — Presa aos braços dele, ela se rendeu: em vez de lutar para se desvencilhar, afrouxou os músculos do corpo e manteve-se agarrada a ele, em busca de apoio. Chorava de babar.

— No almoxarifado — respondeu ele.

(... afinal, possuía os vídeos.)

Depois da resposta, mantendo contato visual com os olhos esbugalhados, ela disse:

— Rodrigo, pelo amor de Deus! Ele não pode ter se matado! Ele não faria isso!

E antes de Rodrigo responder, o policial gordo ao lado tomou a frente, chamou a atenção dela e falou igual a um robô:

— Sempre analisamos as mortes violentas com um olhar especial, mesmo a cena assemelhando-se a um suicídio, nós consideramos em primeiro lugar, o homicídio...

— Mas eu vi! — Rodrigo o interrompeu. — Logo que eu entrei lá eu vi! Eu vi a arma, a bagunça, a coisa toda foi um suicídio!

— Já disse: ainda vamos averiguar todos os fatos. Funciona assim. Mas a equipe de peritos já está resolvendo isso. Eu tenho trabalho a fazer, com licença...

— Um tiro, porra! Na boca! Norberto explodiu seus próprios miolos!

O policial pediu licença de novo e passou por baixo da fita de isolamento.

May enfiou as duas mãos como ganchos nos bolsos da calça de Rodrigo e quase o levou junto ao chão quando desmaiou.

Como escrever, matar e publicar [Vencedor do Wattys2020]Onde histórias criam vida. Descubra agora