4 DIAS DEPOIS DOS CRIMES
25/02/17 – sábado, 21h10
May atendeu a porta. Usava um roupão; toalha enrolada na cabeça não havia, porém, seus cabelos ainda estavam molhados.
— Entrem, e me desculpem pelo meu estado. — Seu rosto estava inchado. — Sentem-se, por favor. — Ela esperou que eles se acomodassem no sofá. Respirou fundo e depois disse: — Quando eu descobri... quando eu vi, quando eu entendi... Eu... eu, eu simplesmente desabei. Vocês vão entender.
— Está tudo bem — disse a detetive. — Sente-se também.
— Obrigada — agradeceu, sentando-se com os braços cruzados, como se fizesse frio. E aproveitando o ensejo, pediu mais desculpas por não se lembrar do nome deles: — É que minha cabeça está...
Ela recebeu o olhar duvidoso do detetive, como se seus pedidos de desculpas logo assim de cara, não fizessem parte da personalidade dela.
— Detetive Olívia, como falei ao telefone, e como consta no meu cartão. — Ela se adiantou, refrescando a memória de May.
— Sim, claro. Detetive Olívia e...?
— Detetive Francis — disse ele, e, ao receber o olhar de canto da colega Olívia, ele se corrigiu: — Franscisco, na verdade, mas é porque sempre me chamam de Francis na delegacia, eu acabei acostumando. É uma piada interna com relação à série Fringe... Enfim.
— Certo, detetive Francis. E mais uma vez, desculpem-me pelo desespero na hora da ligação. Eu fiquei desesperada de verdade. Nem sei como ainda estou de pé, pois, tive que tomar os meus remédios para suportar mais uma crise de pânico. Sinto que estou perdendo as forças e, os calmantes logo, logo me derrubarão. Bem, eu aproveitei para tomar um banho rápido enquanto vocês vinham, e isto — disse ela, referindo-se ao seu estado — foi o melhor que consegui ficar.
— Certo, estou entendo a gravidade do impacto que sentiu, mas, me diga o que é que foi que deixou você assim, tão desesperada. Estamos aqui para ouvi-la — disse o detetive Francis, num fôlego só.
— Que vídeo é essa? — perguntou Olívia, com sua voz suave, porém, desta vez, um pouco trêmula, talvez por estar mais ansiosa que o normal. — Precisamos vê-lo agora.
— Sim. Foi por isso que eu os chamei. — May fez uma pausa. — Venham até meu escritório. — Ela levantou-se, e deu para perceber que os passos dela a levavam com pouca estabilidade até seu home office que mais parecia uma biblioteca.
Os dois investigadores seguiram-na.
May parou, virou-se lentamente, ainda de braços cruzados e disse: — Eu não quero mais ver. Então, eu vou apenas deixar vocês assistirem. Não preciso mais passar por tudo isso. — E chorou silenciosamente.
Apontou para o computador na mesa. O logo da Editora Hora de Ler planava no fundo escuro.
— Com licença — pediu Olívia atiçando o pequeno mouse para ver, finalmente, o que a "cortina virtual" escondia.
A tela mostrou uma imagem um pouco granulada com um sinal de play no centro dela, esperando ser apertado. Foi possível notar, logo de primeira, que a câmera que capturou as imagens permanecera estática em algum ponto acima do homem alto, de corpo atletico, vestido com roupas sociais que aparecia na tela.
— É Norberto, minutos depois de termos brigado — explicou May. — Bom, então, é isso aí. Vou esperar ali fora. Quando terminarem de assistir a isso, entenderão tudo.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Como escrever, matar e publicar [Vencedor do Wattys2020]
Mystery / Thriller(LIVRO COMPLETO) | VENCEDOR DO PRÊMIO WATTYS2020 | Categoria: Mistério & Suspense Do que você seria capaz para publicar seu livro? O jovem escritor, Micael - consumido pela ambição de ter seu livro aceito pela editora-chefe da Hora de Ler -, aparece...