Como escrever, matar e publicar [Vencedor do Wattys2020]

50. Rodrigo

DIA DOS CRIMES

21/02/17 – terça-feira, 21h00

Rodrigo havia voltado para a grande janela do segundo andar da editora em busca de vento, precisava respirar ar fresco. De repente, viu pelas frestas da persiana, Cris e Laura correndo. Os dois andavam como se disputassem um lugar no pódio da competição de marcha atlética. Viravam as cabeças para lá e para cá, demonstrando culpabilidade nos movimentos.

Rodrigo mantinha o celular de Nicolas seguro em sua mão. É claro que precisaria dar um jeito de se livrar dele, mas agora não havia tempo para isso.

Surpreendê-los e acusá-los de terem matado Norberto, passou por sua cabeça, porém, não possuía provas contra eles. E precisava saber realmente o que tinha acontecido ali antes de sua chegada para poder agir da melhor forma. Contudo, não havia muito tempo para pensar. Cacete! Preciso me esconder! Se Laura e Cris me encontrarem aqui quando a polícia começar a investigar, podem achar que eu esteja envolvido diretamente a eles! Sem demora, desceu até o almoxarifado pela enésima vez, passou trotando pelo homem sem vida, entrou na gráfica sem acender as luzes e refugiou-se dentro de um armário alto, feito de alvenaria e porta de madeira, no depósito lúgubre. Enclausurou-se. Estava quente para o diabo. Se tivesse rinite alérgica, estaria ferrado. Foi o melhor esconderijo; era isso ou ser pego e associado de alguma forma como cúmplice da dupla que chegava na carreira. Ficou na espreita perguntando-se se enfrentaria os dois ou se usaria isso a seu favor de alguma maneira. Ia depender do que Cris e Laura iriam fazer agora.

Se pudesse espiar mais de perto... Não! Arriscado demais. Eles poderiam surpreendê-lo se cometesse algum deslize ou se ficasse muito pŕoximo deles e a ideia era ficar o mais distante possível de ser associado com aquela desgraça toda. Gotas de suor brotavam por todo seu corpo enquanto aguardava a dupla.