DIA DOS CRIMES
21/02/17 – terça-feira, 19h27
Fazia calor, por isso o ar-condicionado do quarto estava ligado. Para ajudar a refrescar um pouco mais, Rodrigo segurava uma latinha da Coca e tomava alguns goles do refrigerante gelado, ignorando as promessas de parar de beber o xarope doce gaseificado. Na outra mão: o celular exibindo seios. Sua ereção caracterizava "meia-bomba" em busca de um bom motivo para se masturbar até gozar.
Ao lado da cama, numa escrivaninha de madeira pintada de branco, descansava uma pilha de originais. Mas toda vez que a fitava, seu semblante dizia que a leitura não ia rolar tão cedo.
Deixando os peitões de lado por um momento, Rodrigo "zapeou" por dezenas de aplicativos inúteis e descartáveis (que causavam desânimo até mesmo para apagá-los).
Sem muita opção, depois de secar a latinha e fazer mais uma falsa promessa de não mais tomar "essa droga", ele tocou no logotipo imponente do Facebook. O aplicativo abriu. Estava cheio de "cutucadas" e convites de amizade, a maioria, já sabia ele, era de autores novatos querendo sua atenção. Sentiu-se enjoado e ignorou todas as notificações!
Menos de um minuto na rede social foi suficiente para se sentir deprimido.
As tetas siliconadas eram mais interessantes. Entretanto, enquanto encarava um par de seios voluptuosos, tomou um susto, pois, de repente, a imagem da loirona oxigenada se derretendo num orgasmo falso e exagerado foi substituída pela cara de Norberto, o galã empresário que poderia excitar muitas pessoas, mas não Rodrigo.
— Caralho! Mas que merda! — disse ele, afastando o aparelho da vista.
Sentindo seu pênis murchar. Respirou por alguns instantes e atendeu. Antes do "Alô", ouviu a voz carregada de urgência, dizendo:
— Preciso de você, AGORA!
— Eu...
— Não me peça para explicar agora. É impossível! Muito menos por telefone! — insistiu Norberto.
— Epa, calma aí. Não estou com o "HD" tão bom essa noite. Pode me dizer o que é que está acontecendo?
— Eu vou dizer, mas você tem que vir aqui.
— Aqui...? — quis saber ele.
— Em casa, caralho! — Norberto quase sussurrou.
— Lamento, chefe, mas hoje não estou a fim de fazer hora extra...
— Cala a boca, não seja idiota! Preciso de um... — Norberto pareceu pensar na palavra certa, e terminou dizendo: — Preciso de um favor seu.
— E ninguém pode ajudar você além de mim? É que...
Antes de arranjar qualquer desculpa, Norberto interrompeu:
— Tem que ser você! E tem que ser agora!
— Hum... Você não está deixando eu terminar uma frase sequer. Deve ser urgente mesmo.
— E é, porra! Eu... preciso... que faça uma coisa para mim. Pode apostar que eu jamais pediria algo a você se não fosse urgente. E você sabe muito bem disso!
Norberto nem disfarçou o desprezo que sentia por ele.
— Se tem algo grave que está perturbando a sua paz — ironizou Rodrigo —, então, diga logo para que eu possa tentar ajudar. — Revirou os olhos; a ocasião pediu.
— Então venha me encontrar. Estarei em casa esperando você.
— Cara...mba — proferiu Rodrigo, vacilando entre "caralho" e "caramba". — Vai me retirar do meu descanso mesmo? O que é que pode ser tão importante assim a ponto de não poder ser dito por telefone, homem?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como escrever, matar e publicar [Vencedor do Wattys2020]
Mystery / Thriller(LIVRO COMPLETO) | VENCEDOR DO PRÊMIO WATTYS2020 | Categoria: Mistério & Suspense Do que você seria capaz para publicar seu livro? O jovem escritor, Micael - consumido pela ambição de ter seu livro aceito pela editora-chefe da Hora de Ler -, aparece...