69. Laura / Cris

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13 DIAS DEPOIS DOS CRIMES

06/03/17 – segunda-feira, 15h00

Já estava tudo certo para o interrogatório dos dois começar. Laura estava numa sala; Cris na outra. Olívia cuidaria de extrair as confissões dele e Francis conduziria o interrogatório dela. Depois, ambos os detetives confrontariam os relatos e, juntos, dariam seus pareceres. Será que ambos os investigados contariam a mesma história?

*****

O rosto expressivo de Laura quando chegou à delegacia já não sustentava mais aquela beleza alegre. Estava tentando conter seu nervosismo, porém, começou a falar sem que o detetive Francis precisasse espremê-la para confessar:

— Já ia dar nove horas da noite... Eu e o Cris estávamos na editora ainda, organizando alguns trabalhos, foi quando ele chegou, Norberto.

— Checamos os "pontos" de entrada e saída dos funcionários, mas... Bom, Ok. Continue: Alguém sabia que vocês dois estavam lá?

— Bom, Norberto pareceu não saber. Mas May sabia, pelo menos.

— May sabia que estavam lá?! — Francis encrespou os lábios e estreitou os olhos. Balançou a cabeça. — Desgraçada!

Laura arregalou os olhos. Não disse nada.

O detetive soltou o ar pela boca, e depois disse:

— Vamos lá, prossiga. Depois lidarei com ela.

Laura assoou o nariz num lenço de papel antes de continuar.

— Ele parecia meio perdido, procurando por ela, por May. Eu e Cris já sabíamos o que tinha acontecido entre eles, pois ela mesma tinha nos mandado uma foto do rosto dela e nos avisado que Norberto estava furioso. E estava mesmo. Descontrolado. Daí ele nos encarou e perguntou sobre onde estava ela...

*****

— ... como se a gente tivesse escondendo ela dele, ou coisa parecida. — Cris mordia seus lábios. Vez ou outra passava as mãos no rosto como se quisesse recobrar a lucidez depois de ter acordado de um sonho turbulento. — Mas não baixei a guarda. Ele mandou a gente dizer o que sabíamos. E Laura respondeu que sabíamos de tudo. Então ela pegou o celular e mostrou a ele a foto que May tinha enviado para a gente. Ele pareceu bastante confuso nessa hora, depois, tentou se controlar. — Ele limpou a garganta. — Norberto entrou na sala de May e começou a mexer nas coisas dela, procurando por alguma coisa. Mexeu nas gavetas e pareceu encontrar o que queria.

— E o que era? — perguntou Olívia, sentada com sua postura alinhada e captando tudo com seus olhos.

— Uma foto.

— Certo, continue.

— Ele começou a gritar com a gente enquanto balançava a foto na nossa frente. Nos acusou de termos alguma coisa a ver com aquilo. Nós dois nem sabíamos o que havia na foto para falar a verdade. Mas aquilo fez Norberto ficar ainda mais furioso. Foi Laura quem respondeu que não tinhamos relação alguma com o que quer que fosse aquilo, porque não tínhamos mesmo, estou dizendo. E então ela o chamou de covarde. Foi aí que ele meteu o louco e esmurrou o computador de May.

*****

— Depois que chamei ele de covarde ele destruiu o computador dela e partiu para cima da gente. Ele estava tão fora de si por causa da foto e porque eu enfrentei ele, que até revelou seu racismo, nos chamando de escravos. — Ela chorava agora; seus batimentos cardíacos estavam acelerados. — Começou a vir em nossa direção, parecia um touro. Cris me empurrou para o lado e tentou parar ele com uma cadeira de rodinhas. E eu, tola, arremessei um grampeador na direção dele, como se aquilo fosse o parar, mas eu estava tão... tão nervosa... enfim. Cris me puxou pelo braço e a nossa única saída seria entrar no almoxarifado para se proteger. Norberto parecia um psicopata, ria feito um. Eu e Cris ficamos com muito medo.

Como escrever, matar e publicar [Vencedor do Wattys2020]Onde histórias criam vida. Descubra agora