Há muitos anos, os reinos mágicos foram divididos entre os quatro filhos do semi-deus Aron.
A escuridão despertou e corrompeu o penúltimo dos filhos, mortes e guerras foram travadas.
Entretanto, todos os oráculos previram o nascimento de uma criança...
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Sofia
Faz alguns dias que comecei o treinamento da honestidade com a mestre Clairo, uma mulher intimidadora com algumas cicatrizes e olhos cinzas, que me deixam levemente assustada. Tirando isso, é uma boa pessoa.
— Sofia, hoje não vamos treinar aqui, vamos para um santuário — Clairo falou, assim que eu cheguei em sua casa, ela estava com uma bolsa enorme nas costas, provavelmente seria eu que levaria.
— Santuário, mestre Clairo? Onde fica? — perguntei, a seguindo e peguei a bolsa, Clairo sorriu com meu gesto, porém continuou o que estava fazendo.
— Não muito longe, meia hora andando — Clairo passou por mim, fiz uma careta pensando que teria que andar longas distâncias, não é meu forte, mas concordei com a cabeça.
Começamos a deixar o centro de Urs em silêncio, não tenho tanto assunto com ela, diferente do mestre Naamah que eu não parava de falar, mas Clairo é diferente, seu jeito reservado me faz não perguntar tanto, pois não quero parecer evasiva. Contudo, gosto dela.
— Nunca mais vi seus amigos, como eles estão? — Clairo cortou o silêncio, pisquei algumas vezes para prestar atenção em suas palavras.
— Estão bem, cada um tem coisas pra fazer, mas sempre os encontro quando escurece. — respondi, rápido, mas deu pra entender.
— Urs é um lugar seguro, e você encontra uma função aqui, é bom para recomeços — Clairo me olhou e eu concordei.
— Precisou ter um recomeço aqui, mestre? — perguntei e ela voltou a olhar o caminho.
— Eu tive muitos recomeços, uns mais radicais que os outros, porém Urs me tornou alguém diferente, onde pude ter uma nova vida — Clairo seguiu, subindo uma escadaria de pedra, eu a segui.
— Gosto desse reino também, é tão diferente — olhei para trás, vendo as casas e pessoas ficarem mais distantes e pequenas porque estávamos subindo.
— Tem razão, Sofia. É um reino diferente e é isso que o torna especial. — seguimos pela escada até encontrar uma passagem, que era apenas mais um caminho a seguir, dessa vez por dentro da montanha.
Ao passar, notei símbolos, alguns eu já vi em Vultor, outros totalmente desconhecidos, permaneci em silêncio, observando tudo em volta enquanto vez ou outra, Clairo me explicava algo sobre o santuário.
— Daeva pediu em vida que um santuário fosse erguido caso sua morte ocorresse de forma prematura, assim que Kali anunciou sua morte, os súditos de Urs ergueram o santuário.
