Aris Scorpin era um garoto que nunca gostou de falar em público, tímido e envergonhado, sentia que seu rosto ficava vermelho sempre que alguém o olhava por muito tempo, entretanto, não podia evitar os olhares depois que se tornou o soberano de Tier.
O ruivo acenava para seus súditos pacientemente, eles gritavam de volta, animados, porém, o rei de Tier estava indo para o porto dos navios, aquele dia era importante para ele.
— Vossa Majestade — Curvou-se o capitão do navio, Aris acenou brevemente com a cabeça. — Serei seu capitão, espero cumprir meu dever, é uma honra servi-lo.
— Obrigado, como eu já havia dito, ninguém pode saber do nosso real destino, por isso pedi para o senhor, sei da sua discrição. — Aris deu de ombros, adentrando o navio, o capitão seguiu o ruivo, calado.
Meia hora depois, o navio já estava longe costa de Tier, Aris encarou seu reino, podia ver as construções e a estátua de seu ancestral, Deus Caifaz, primeiro soberano de Tier, ele sorriu, lembrando do dia que descobriu suas raízes. As lembranças dos últimos anos passavam em sua mente como uma sequência melancólica. Sua amizade com a equipe, sua coroação, seu casamento com Ayla, o nascimento de sua primeira filha e outras grandes conquistas, Aris sorriu, desejando agradecer seja lá quem era o responsável por tantas benções na sua vida. Entretanto, o monarca segurava com todo cuidado uma caixa, nela, havia algo que rainha Kali pediu para que ele entregasse para o monarca anterior de Tier. Aris não fazia ideia do que tinha na caixa, mas aceitou levar de bom grado, usando como desculpa para visitar Zagan em seu exílio na ilha na qual a escuridão ficou presa por anos.
Pensou em contar o que aconteceu, mas talvez Zagan não quisesse ouvir suas histórias, queria conversar com ele, contar tudo o que estava acontecendo na sua vida, dizer como ele tem uma família, sua esposa e uma filha, e logo terá mais um filho, queria dizer que seus amigos continuam do lado dele e Sofia se tornou praticamente sua conselheira oficial, já que a mulher vive indo em Tier, ele se lembrou do dia que ela contou que estava grávida, os dois choraram, nenhum deles sabia o motivo, mas aconteceu a mesma coisa quando Aris contou que seria pai.
Aris riu com as boas recordações, relaxando o corpo. Observou a água do mar, estava em um azul profundo, suspirou.
Quando o navio atracou na ilha, o jovem rei desceu e encarou a prisão de pedra semelhante as muralhas de Vultor, ele mordeu o lábio, esperando encontrar Zagan.
— Espero que você esteja bem. — Murmurou para si, entrando na prisão. Aris caminhou ao lado de seus seguranças pessoais e de alta confiança, ninguém poderia saber que o jovem monarca estava quebrando a ordem de exílio do conselho das quatro nações. Ele encontrou a porta do quarto de Zagan e parou por alguns instantes.
— Fiquem na porta, vou entrar sozinho. — Ordenou, irritado. Seus homens obedeceram. Assim que a porta abriu, Aris se deparou com seu antigo rei encarando a vista da ilha, ele usava roupas pretas e parecia mais magro. O ruivo respirou fundo, tentando encontrar as palavras, porém, Zagan ajeitou a postura.
— Aris? — Perguntou, virando-se. O ruivo engoliu em seco, segurando-se para não abraçá-lo.
— Lorde Zagan — Ele sorriu, tirando um sorriso do velho lorde também. — Feliz aniversário.
Zagan riu, abaixando a cabeça, estava velho demais para chorar, porém, desde que perdeu seu melhor amigo, considerava Aris o filho que não teve.
— Você lembrou... — Zagan sorriu, Aris deu alguns passos na direção dele.
— Jamais esquecerei. — Afirmou o monarca. — Sua irmã lhe mandou esse presente, vim pessoalmente te entregar porque achei que pudesse ser algo frágil.
— Que gentil da sua parte. — Zagan pegou a caixa, já imaginando o que teria na caixa. — Obrigado, estou feliz em te ver.
— Estou feliz em te ver também. — Aris sorriu, tímido. — Você está bem aqui? Está precisando de alguma coisa? Posso mandar mais empregados e mais recursos, não precisa se preocupar.
— Estou bem, obrigado. — Ele riu, deixando a caixa em cima da mesa. — Me diz sobre você, quero ouvir sobre você.
— Estou bem, acredito que estou sendo um bom rei — Aris deu de ombros. — Me casei há alguns anos, o nome dela é Ayla, sou o homem mais feliz que existe. — Contou ele, Zagan manteve sorriso.
— Vocês tem filhos? — Perguntou o velho rei, Aris assentiu.
— Temos uma filha, o nome dela é Atina — Continuou ele, lembrando da sua ruivinha. — E vamos ter mais um filho, mas eu já sei que é outra menina.
— Aris, isso é ótimo, parabéns, ouça, nada é mais importante que a sua família, cuide delas com a sua vida, entendeu? — Aconselhou Zagan, o ruivo assentiu.
— Elas são tudo pra mim.
— Estou orgulhoso de você. — Pronunciou ele, encarando o chão. — Do homem que se tornou.
— Foi por sua causa, você que me criou praticamente, passei mais anos com você do que com o meu pai, obrigado por tudo. — Agradeceu Aris, estendendo a mão para ele, Zagan a apertou firmemente.
— Não tem que me agradecer. Eu sinto que seu pai está orgulhoso de você, ele queria que fosse alguém bom, que formasse sua família, que fosse feliz, era isso que importava, prometi para ele que cuidaria de você. — Zagan falou, segurando nos ombros do garoto. Aris sorriu, e abraçou seu pai de criação, agradecido pelos anos de companhia e todos os ensinamentos que recebeu dele.
Á noite, quando Aris finalmente voltou para o Castelo, o monarca encontrou sua esposa tentando fazer o laço do cabelo de Atina ficar no lugar, mas a garotinha não parava quieta, balançava as pernas e tentava descer do colo da mãe o tempo inteiro. Aris sorriu, as horas que ficou longe delas foi agoniante, por isso não gostava de sair do reino, queria elas por perto.
— Papai! — Atina gritou, assustando Ayla. A princesa pulou do colo da mãe, correndo na direção de Aris, ele se abaixou, abrindo os braços para ela. — Onde esteve? — Perguntou a menina, grudada no pescoço dele.
— Fui visitar um amigo, mas já estou de volta. — Contou, caminhando para Ayla, ela desistiu do laço, o jogando na cama, Atina conseguia tirar qualquer um do sério com sua teimosia. — Querida, está tudo bem? Sentiu algo estranho?
— Não, Aris — Ela riu, beijando a bochecha dele. Atina fez uma careta. — Estou bem, Atina que ficou o dia inteiro inquieta, vou mandar ela estudar em Urs por um tempo, está muito agitada.
— Não, mamãe! — Atina choramingou. — Papai não vai deixar.
— Se desobedecer sua mãe, vamos ter que fazer isso. — Aris a repreendeu, Atina chorou, não podia ouvir um não do pai que chorava.
— Não vou mais desobedecer a mamãe. — Atina ergueu os braços na direção de Ayla, fazendo sua mãe sorrir e a segurar no colo.
— Daqui a pouco você vai ser irmã mais velha, tem que dar exemplo para seu irmão. — Ayla falou, Atina negou com a cabeça.
— É irmã, e eu que vou escolher o nome dela!
Aris observou as duas por alguns instantes antes de puxá-las para um abraço, ele quis chorar, mas não conseguiu, apenas fechou os olhos, agradecendo pela vida que tem e pela família que construiu.
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A Magia Dos Reinos | Completa
FantasyHá muitos anos, os reinos mágicos foram divididos entre os quatro filhos do semi-deus Aron. A escuridão despertou e corrompeu o penúltimo dos filhos, mortes e guerras foram travadas. Entretanto, todos os oráculos previram o nascimento de uma criança...