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Emilly Narrando..


Leila: Acorda, está atrasada pra escola.- Falou dando um leve tapa na minha coxa me fazendo dar um pulo da cama, lembrando que hoje tinha prova de Gramatica.

Emilly: Droga, droga.- Sai recolhendo minhas roupas e toalha e voando pro chuveiro, e quando abri o mesmo voei pra fora em segundos dando um grito.

Leila: Esqueci de avisar, cortaram a luz e a agua quente foi junto.- Gritou do quarto, seguida ouvi ela gritando meu irmão mais novo tbm, mais nem dei atenção até a água cair sobre mim.

Emilly: Manheeee!!.- Gritei resmungando e voltando pra água sentindo meu corpo congelar.

Depois de fazer minhas higienes e me produzir todinha pra aula, botei a mochila nas costas peguei meu celular.

Leila: Nem vai tomar café ?.- Perguntou me aproximei beijando sua testa.

Emilly: Deixa pra próxima, dona Leila, te amo.- Falei.- Beijin Kaká.- Me aproximei beijando sua bochecha, e sai correndo de casa descendo o morro, implorando pra encontrar Eliza pelas escadarias, e com a fé no pai a encontrei parada com maior cara de bunda.

Eliza: Porra mandada, atrasada de novo.- Dei dedo.

Emilly: iii euein, vai a merda, Eliza.- Falei e voltamos a descer as escadarias.

Um pouco distante do morro mais alguns milésimos de pequenos quilômetros estava a minha escola, metade da rocinha estudava lá então geral era conhecido e tals, eu era mais na minha nem saia direito e a única doidona que eu confiava desde pequena era a Eliza.

A aula avia começado e eu nem estudado pra aquela maldita prova eu tinha, nem via a hora desse ultimo ano acabar logo, pra mim a escola não acrescentava em nada no currículo, por eu ser preta e morar na favela já seriam negadas muitas vagas de emprego, então sinto muito se vocês esperavam um exemplo na escola podem dar meia volta, odeio.

Enfim a escola tinha acabado, tirei um 4 na prova, e eu nem tchum.

Sai com a mochila nas costas ajeitando a blusinha e prendendo meu cabelo em um coque.

Eliza: Um bando de marmanjo velho procurando novinha na porta de escola, deus me free.- Resmunguei olhando para aquele bando de homens armados do outro lado da rua na frente de suas motos luxuosas, lembrando que meu pretin era pra estar ali, se não fosse preso.

Emilly: Eu que o diga, era pra Flavio estar ali.- Falei e ela me olhou.

Eliza: Já já a lili canta mana.- Suspirei.- Olha as mina do primeiro dando mole.- Me cutucou na hora, vendo as franga se querendo.

Emilly: E as palhaças ainda querem esses sem futuros, não que eu esteja julgando, porque se me quisessem eu sentava sem dó nem piedade, mais..- Falei fitando eles sabendo que eu nunca teria a coragem e Eliza começou a rir que nem um porco chamando a atenção de todos ali.- Oo palhaça, para cacete!.- Dei um tapa nela vendo um dos sem futuros me comer com os olhos e fechei o sorriso na hora mudando o olhar e puxando Eliza pelo braço.

Eliza: Ta maluca.- Falou ainda rindo.

Emilly: Tu ai, rindo igual um porco afogado.- Ela deu dedo rindo.

Essa era a minha vida, 17 anos beirando 18 e tinha acabado de ser mandada embora da quitanda que eu trabalhava, então uma desempregada morando com a mãe e com o irmão mais novo, e com o mais velho preso... Da escola pra casa, e da casa pra escola, passando pequenas necessidades em casa. Meu pai tem uma vida boa no leblon, com a rapariga que ele chama de mulher que só suga o dinheiro dele, os mil reais que ele deposita na minha conta todo mês da nem pro cheiro, vai tudo pras contas da casa e pra pagar a escola do Kayo de Futebol.

Eliza não parava de falar um segundo de um bofe que começou a seguir ela no twitter.

Emilly: iii euein tu fala muito mandada, vou ficando por aqui.- Ela me olhou sem entender.

Eliza: Vai perder o cabaço e nem me contou, piranha!.- Falou alto e algumas pessoas que passavam na rua me olharam, dei um tapão no braço dela que resmungou.

Emilly: Te liga palhaça, vou no meu tio pedir emprego.- Ela fez cara de pato e eu ri revirando os olhos e mandando beijos no ar.

Sol tava fervendo, cortei pelas vielas até sair na rua principal da favela que tinha as bocas de fumo e era movimentada pra um caralho. Geral já começou a me olhar e eu revirei os olhos subindo em direção ao bar do meu tio rodeado de caras bebendo.

Entrei sentindo olhos queimarem sobre meu corpo moreno e sexy, risos.

Caminhei até o balcão e quando ele me viu logo sorriu vindo até mim.

Edson: O que faz perdida aqui minha filha ?.- Me abraçou ainda sorrindo

Emilly: Vim lhe pedir um favor, mais antes como o senhor está, e a tia Beti ?.- Perguntei.

Edson: Estou bem, sua tia está quase estourando com aquela enorme barrigão, o bebe nasce ainda este mês.- Sorri.- E como estão as coisas em casa, e sua mãe, seus irmãos?.- Perguntou

Emilly: Minha mãe anda bem estressada, Kayo indo bem nas aulas de futebol, e Flavio.... tá seguindo bem.- Olhei pra ele suspirando.- E é sobre as coisas de casa que vim conversar com o senhor.- Ele me olhou estranho.- Estou precisando de um emprego temporário pra ajudar em casa, cortaram a luz hoje. Então como a tia Beti vai ganhar o bebe e não vai poder te ajudar por alguns meses, queria te pedir pra ajudar aqui..- Fiz cara de cachorrinho abandonado e ele pareceu pensar.

Edson: Vou precisar de alguém pra me ajudar mesmo, porém o salario não é lá grande coisa.- Falou.- E acho que aqui no meio desse bando de machos não seja o lugar adequado pra você.- Falou.

Emilly: Preciso muito, tio. A quitanda me mandou embora!.- Falei.- Daqui uma faço 18 anos e estou desempregada...- Falei quase implorando.

Edson: Tá, tá, 50 reais por dia, e as gorjetas que ganhar pode ficar com você.- Agradeci grandemente.

Emilly: Posso começar hoje se quiser..- Ele olhou para o movimento.

Edson: Pode ser, como é sexta e não vai ter baile isso aqui vai lotar!.- Passou a mão no rosto meio nervoso

Emilly: Eu venho, só vou em casa tomar um banho e me trocar.- Ele assentiu.

Edson: Pode vir arrumada se quiser, e trazer aquela sua amiga, Elizabeth.. quando não tiver atendimento vocês curtem um pouco.- Assenti agradecendo e saindo praticamente correndo dali ouvindo seu grito.

Edson: AS TRÊS EM, EMY !!.- Ouvi teu grito e dei um joia me afastando correndo.

Cortei pelas vielas quando meu corpo espontaneamente congelou por completo, ao ver um bando de homens armados apontado as armas pra um cara ajoelhado. Ao congelar meu tênis fez um barulho em algumas pedras pelo chão fazendo com que um dos homens me olhasse, o mesmo homem da porta da escola, e novamente ele me fitou por inteira e quando ele viria se aproximar eu saí correndo e cortando por outras vielas, ouvi o barulho de três tiros bem alto e me desesperei mais ainda.

Tinha a sensação de estar sendo perseguida, ao parar no portão de casa me encostei na parede colocando a mão no peito e puxando o ar, foi quando vi um cara de moto armado me encarar e escrever algo no celular, nesse momento eu me vi fodidamente fodida.

Entrei rápido e ele acelerou a moto, logo ouvi alguém esmurrando meu portão.

Arregalei os olhos e meu coração acelerou!

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Único amor de um TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora