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Thiago Narrando...

Me sentei em uma das cadeiras de plástico em cima da minha laje, bolei um finin e puxei acendendo o mesmo. Olhei pro céu vendo ele clarear, era umas cinco horas da manhã e eu não conseguia pregar os olhos.

Minha vida nunca foi fácil, a vida foi cruel, e criou o monstro que eu sou hoje. Ela me tirou quem eu mais amava, rancou de mim o amor a força, sem hesitar, o amor de mãe, o amor materno que ainda me mantinha vivo.

Meu pai foi criado no México até seus 11 anos, veio pra cá quando era um moleque ainda, mais tudo que ele teve o ensinamento lá do tráfico trouxe pra cá, a honra de homem dos Couto. Ele criou eu e meu irmão como homens, e ensinou que a lealdade é a base pra tudo. Os mexicanos tinham uma lei, e ele nos criou com isso, traição não tem perdão, tanto no amor quanto em qualquer outro lugar.

Se você se casa e ama a pessoa que está ao seu lado, olha pra quela pessoa jura amor eterno, jura lealdade, fidelidade, sabe que a pessoa te ama igual e tu pensa "eu amo essa mina, amo a mãe dos meu filhos" e quando ela não tá perto tem a deslealdade de trair, tu não é digno pra estar em uma facção. Se quem você mais ama, você consegue olhar nos olhos e depois trair. Se você é capaz de trair quem confia em fechar os olhos e dormir ao seu lado, você não é digno da confiança de ninguém. Você consegue trair qualquer um. Então você não é confiável, você é um rato, é desleal, não é digno de estar em uma facção, não é digno de nada!

Meu pai me ensinou isso, e isso eu levarei pro caixão!

Ele começou do zero aqui na rocinha, ganhou a confiança de geral, morador, traficante, e até os dono do comando. E pra quem tem o conhecimento do lado do comando sabe como o bagulho é difícil pra ganhar a consideração dos parente alta frente da facção, meu pai soou pra isso, pra ser reconhecido no meio de tanta gente os cara confiava nele, ele mostrou sua lealdade e deram o morro pra ele. Ele era bicho doido mesmo, geral tinha medo, se acham que eu sou um monstro sem coração hoje, é porque não conheceram ele.

Ele conheceu minha mãe e logo forçou ela se casar com ele, bicho doido ficou gamado, ao poucos ela criou um amor por ele e foi aí que eu vim, logo depois o Talez.. minha mãe era um anjo, o amor daquela mulher era transmitido pelo olhar. Ela era uma pessoa boa, de coração e alma, muitos corriam pra ela quando tinham dúvidas com meu pai. Algumas ela até conseguia resolver com ele pra deixar de lado, ela sempre ajudou os outros e nunca nos faltou amor.

Aos meus treze anos comecei a me envolver no tráfico, roubava pra caralho. O tanto que essa mulher surtou comigo e com meu pai tu nem imagina.. Talez, como era novo ficava com ela, até hoje vejo traços dela nele, eu já era a cópia cagada e cuspida do meu pai o mesmo gênio ruim. E quando eu tava quase pra completar meus quinze ela foi sequestrada, e no outro dia amanhecemos com o corpo dela na frente do morro toda arrebentada. Ali eu vi meu mundo cair, o único amor e humanidade que havia no meu coração morreu com ela.

Segurar ela gelada em meus braços e gritar por misericórdia doeu, cada lágrima doía. A vida me tirou a minha vida, o meu único amor... ali eu já tomei ódio de tudo, fiquei revoltado com tudo, quem perde uma mãe ainda mais jovem como eu era, sabe da dor que estou falando. Eu nunca conseguir lidar com isso, com a dor, com a falta dela, e o meu único jeito de lidar foi tomando ódio da vida, ódio de tudo! O ódio, a irá, a raiva, foram minhas companhias até aqui, foi o que me sustentou pra mim não desistir. Meu pai se afundou nas drogas, bebidas e prostitutas do morro. Chegava muito ruim e descontava em Talez, humilhava, batia e xingava, a última vez foi a gota d'água pra mim.

Foi quando ele apontou a arma pra Talez dizendo que ele "odiava ele por parecer tanto com ela" eu sabia que tinha que ter a responsabilidade de homem e tirar ele de dentro da casa do meu pai, se não ele iria acabar matando a única parte dela que ficou comigo. Não podia perder mais ninguém, então fiz jus ao meu nome, peguei Talez e nossas coisas e fui pra um barraco no começo do morro, cuidei dele. Ele virou uma pessoa muito carente e sensível, igualzinho a ela, carente de amor, e eu não tinha essas paradas não, não sabia demostrar sentimento nenhum. Ele sabe que tudo que eu fiz foi de coração, que eu amo pra caralho, ele é meu sangue, tlgd.

Aos poucos meu pai se acabou nas drogas e em uma invasão ele tava tão bebado que a polícia matou ele. Eu já ia completar os 17 anos, então já assumi o morro no peito, aquele lá de cima permitiu, o olhar de inveja de muitos não era nem disfarçado.

Meu pai me ensinou a não ter piedade, eu matava sem dó no olhar, sem ao menos piscar. Aqueles que mais implorava pela vida era a minha maior diversão, ver a pessoa ajoelhada jurando aos quatro cantos que faria de tudo pela vida. Foram muitos dos amigos meus pro microondas por traição, amigos que cresceram com comigo.

Traição não tem perdão, cresci e essa sempre foi minha lei. Quem cola comigo eu confio de olhos fechados, nada passa batido. Mulher eu nem curto mais ter, depois da cachorrada que a última fez comigo. Jurei lealdade eterna a quela vaca, que sem pensar duas vezes me traiu com um azul, matei sem dó, cortei cada pedaço do seu corpo com maior prazer e mandei pra família e pro filho da puta.

Não tem traição comigo, se eu for ficar na diversão de mulheres eu nem torno a mina minha fiel, é só amante. Mais a partir do momento que tu bota a mina como mulher, como fiel, aí o bagulho fica sério, se for pra trair nem começa, termina o bagulho é isso, deslealdade não.

As mina nem gosta de ficar comigo, sou muito agressivo quando o bagulho é sexo, gosto de bagulho cabuloso mermo, pego pra machucar violentão, quem gosta gosta, quem não gosta nem se envolve.

Mais também, nunca nem amei aquela vaca! Eu sempre tive uma paixãozinha desde moleque, é irmã de parceiro meu das antigas, irmã do Fiel.

Desde novo sempre fui gamado nela, mais tá ligado quando tu é moleque e gosta de uma mina tu nem elogia não, já logo fica gastando ela de feia pra ela render assunto pra tu ver ela braba. Fazia isso pra carai tirava ela do sério legal, chamando ela de "neguinha do cabelo duro" bichona ficava como, braba e corria atrás de mim pra me bater... mais sem caô era a mina mais linda que eu já havia visto em toda minha vida, ainda é, sempre teve a diferença grande de idade, e como eu tive responsabilidade cedo demais acabei deixando namorinho pra outro momento.

Mais nunca perdia ela de vista, sempre descolei onde ela tava, com quem tava. Vi a mina crescer, ficar mais bonita, criar corpo, e os malandro babando, eu não podia dizer nada só passava a visão pro Fiel e ele dava um corte nos mano.

Quando ela tinha uns quatorze pra quinze anos, ela ficou tão linda, não tava conseguindo ficar longe dela, com o desejo que eu tava da mina. Mais ela era uma criança ainda, eu já tava com 19 anos... Fiel, nunca ia admitir essa parada, foi aí que eu conheci a Piranha da minha ex. Ela era igualzinha a Emilly, o cabelo cacheado, da cor do pecado, era linda, não tão linda quanto a Emilly... mais ela tinha tudo, mais infelizmente não era a Emilly, não era quem eu amava.

Estando com ela eu senti um certo apego, fiz dela a minha Emilly, eu fazia ela usar as mesmas roupas que a Emilly usava, o mesmo jeito do cabelo com luzes, falar e agir da mesma forma que Emilly, até no sexo eu imaginava a Emilly... só vivi sete anos ao lado dela, porque não podia ter a Emilly ainda. E quando eu matei, o monstro que eu tinha criado, senti uma forte dor no peito, porque ali parecia que eu tinha matado o meu grande amor, parecia a mulher da minha vida ali, mais não era, era a fantasia que eu havia criado, era a cópia da mulher da minha vida, ali era uma safada!

E depois de tudo isso, a bandida que roubou meu coração, cresceu. E eu juro, ela vai ser minha, vai ser minha mulher, vai ser a mãe dos meus filhos. Porque depois da minha Coroa, ela é a mulher que eu amo, meu único amor!!

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Único amor de um TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora