Que jeito cruel de tratar a garota que te ama

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Virar as noites no Hospital eram completamente desconfortáveis, não só pela péssima e única poltrona no quarto que vira a minha cama, eu quase caí hoje de manhã, o que fez a minha mãe rir, eu não sei se me assustei mais pelo som da sua risada fraca que me fazia sorrir também, ou eu realmente reclamava de dor. Ela ainda está aqui comigo, mesmo fraca. Lutando a cada segundo, meu coração estava nas minhas mãos. Eu descartava a possibilidade de perdê-la, eu não poderia pensar nisso. Eu só precisava ser um pouco mais forte que ela, eu estaria pronta para caso o próximo castelo de areia desmoronasse. Eu me sinto assim. Melanie tem sido uma verdadeira base, Ashley me traz toda a recarga necessária para eu conseguir me manter. Hoje recebemos a minha avó, a velha Diana está aqui, minha mãe se sente mais desconfortável, mas ela está fraca demais e até mesmo a presença da minha avó, traz um pouco de forças para ela.

Eu estava na lanchonete pela milésima vez, eu já perdi as contas de quantos copos de café eu conseguia beber todos os dias. Assim que consegui outro, deve ser o terceiro da noite, dei um gole ao pegar o meu celular do bolso da minha jaqueta jeans e desbloqueando, as últimas mensagens eram da Ashley e a mesma me encontraria aqui no Hospital, ela iria me levar para casa e eu tiraria um curto tempo para tomar um banho de verdade, além de levar as minhas roupas sujas. Sai caminhando pelo corredor ao verificar as minhas outras mensagens, mas não tinha mais nada de novo. Zazie sumiu de vez. Nunca mais me respondeu. Eu já desisti de enviar qualquer coisa. Cada dia era estranho, ao perceber que o buraco dentro do meu peito era pela ausência. Doía.

- Você não deveria começar a evitar tanta cafeína assim, Normani? - Minha avó disse assim que eu entrei no quarto que a minha mãe  estava internada novamente e ela se aproximou de mim, minha avó tirou no mesmo segundo o copo de café da minha mão ao me encarar seriamente. - Tanto café assim só vai te fazer mal, olhe para você! - Ela apontou para mim. - Aposto que você passou uma semana comendo besteiras. - Ela balançou a cabeça com reprovação e eu respirei fundo, ela seguiu até a porta do quarto. - Vou descer e ir atrás de frutas. Você precisa ingerir alguma coisa que preste.

- Eu odeio ela. - Sussurrei olhando para a minha mãe assim que a minha avó deixou o quarto e bateu a porta. Minha mãe balançou a cabeça sorrindo fraco ao se ajeitar cuidadosamente na cama, ela ainda precisava de oxigênio e estava sendo nutrida através de soro, a sua garganta doía tanto que ela se recusava a comer, mas ela conseguia aos poucos ter resistência à base de remédios.

- Você não deveria faltar tantos dias assim no Spitz. - Minha mãe disse baixinho com um pouco de dor assim que eu me aproximei da cama e eu suspirei, de maneira muito mais desconfortável. De qualquer maneira não consegui contar sobre isso, quando ela não estava dormindo por conta dos remédios estava fraca demais, até mesmo para tentar se manter acordada.

- Eu não estou mais no Spitz. - Murmurei em resposta e minha mãe no mesmo segundo arregalou os olhos, eu segurei o seu pulso fino na tentativa de acalmar ela. - Não se preocupe. Eu tenho minhas economias e ainda tenho uma grande parte do dinheiro dos meus últimos trabalhos fora, aquele com a Zazie. - Completei rapidamente e a minha mãe respirou profundamente fundo. - Eu vou procurar algo melhor do que o Spitz, não se preocupe. As contas estão sendo pagas e inclusive, seu plano de saúde está certinho. Tô lidando com tudo.

- Ah, minha querida. Não deveríamos estar passando por isso. - Minha mãe sussurrou, quase com dor e eu engoli em seco.

- Vai ficar tudo bem. - Suspirei e a mesma balançou a cabeça negando devagar, de forma fraca e desajeitada.

- Quero aproveitar que a sua avó não está aqui, para conversar com você. - Minha mãe murmurou ao me encarar, seus olhos já estavam marejados, mas sempre estavam assim. - Quero que você me escute, minha pequena. - Ela completou e eu franzi o cenho, balancei a cabeça no mesmo segundo, tentando evitar qualquer tipo de conversa como essa e mesmo assim ela continuou. - Me prometa uma coisa, Normani.

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