O céu não pode esperar por você

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A parte mais difícil de amanhecer o dia era ter que respirar fundo todas as vezes, com perseverança. Era só mais um dia. Me levantei e acabei me assustando ao checar as horas no meu celular, eu dormi demais. Já fazia dias que eu não dormia na minha própria cama, eu realmente capotei e me senti péssima por isso. Me levantei rapidamente, arrumando a minha camiseta larga ao ir no banheiro, lavei meu rosto e prendi o meu cabelo para escovar os dentes. Sai do meu quarto, com toda a pressa para ver se eu encontrava a Tia Melanie em casa ainda, não sabia se ela tinha ido para o escritório do jornal em que ela trabalha, ela conseguiu flexibilizar os seus horários por conta do quadro clínico da minha mãe.

A casa estava silenciosa, silenciosa até demais e eu já tinha certeza que Melanie não estava mais aqui. Ontem, depois dos lanches no fim da noite com a Ashley, a mesma teve que ir para casa quando a sua mãe ligou e ela também acabou levando com ela um pouquinho de toda a sua leveza que trouxe tanto para mim como para a Melanie. Entrei na cozinha, encontrando uma tigela com sucrilhos que estava na bancada ao lado de uma das garrafas de iogurte de morango. Ela quase conseguia me fazer se sentir como uma criança. Respirei fundo e me aproximei, encontrando em seguida um bilhete da Melanie, franzi o cenho ao pegar o papel rasgado.

"Sua avó me ligou, está tudo bem nessa manhã. Não quis te acordar, você estava dormindo feito um neném. Precisava descansar. Estou indo para o trabalho, estarei no Hospital no horário de almoço. Encontro você por lá. Coma tudinho!
Com amor, Titia Melanie."

Por mais que parecesse que eu deveria ficar em casa por algumas horas, não era isso que eu sentia que realmente devesse fazer. Virei todo o iogurte na tigela de sucrilhos, alcancei uma colher, me encostei na bancada e comi tudo com pressa. Eu só precisava tomar um banho rápido, vestir alguma roupa e organizar minha mochila novamente, eu voltaria para o Hospital e não soltaria mais a mão da minha mãe, os últimos dias tem sido difíceis demais para aguentar ficar tanto tempo longe. Deixei a tigela vazia na pia, corri para as escadas e voltei para o meu quarto, tirei minha camiseta velha e fui para o banheiro, tomei um banho gelado, me enrolei na toalha e segui para o quarto. Um jeans, uma blusa lisa, tênis e roupas novas além de limpas na mochila, soltei meu cabelo e corri escada abaixo com o meu celular em mãos, pronta para ligar para a minha avó e checar as coisas. Assim que abri a porta da minha casa ao pegar as minhas chaves no jarro de flores no hall de entrada, dei de cara com a Ariana prestes a bater na minha porta. Me assustei, ela também foi pegada de surpresa e engoliu em seco assim que me encontrou, eu franzi o cenho.

- Oi. - Ela disse baixo, completamente de um jeito envergonhado ao abaixar a sua mão. - Eu deveria ter avisado que eu estava vindo. Na verdade, eu nem sabia se eu conseguiria te encontrar em casa.

- Oi. - Respondi no mesmo tom, insegura. Eu não esperava a sua aproximação novamente. - Eu estava de saída. - Completei e a mesma balançou a cabeça assentindo ao notar. - Eu preciso ir para o Hospital.

- Eu mandei uma mensagem para a Ashley essa semana, ela disse que você estava como acompanhante da sua mãe. - Ela balançou a cabeça novamente e suspirou. - Eu sei que muitas coisas estão acontecendo e eu não tenho o direito de pedir para conversar com você, mas eu precisava te encontrar e te dar um abraço, dizer que eu me sensibilizo com a situação da sua mãe.

- Obrigada. - Murmurei e no mesmo segundo ela me abraçou, eu retribui o seu braço apertado e suspirei.

- Eu também sinto muito pelo o que aconteceu no Spitz. - Ela sussurrou ao me abraçar ainda mais e eu acabei suspirando pesadamente outra vez. - Eu não queria que você estivesse passando por tantas coisas assim.

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