Que tipo de homem você é? Se é que é mesmo um homem

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Ariana me ignorou a tarde inteira, com respostas curtas e objetivas, ela somente se comunicava quando era necessário para o atendimento no Spitz e eu engoli em seco diversas vezes, minha cabeça estava dividida em pensar que Ashley deve estar indo de hospital em hospital procurando o paradeiro do Brandon, indo nas delegacias e ao mesmo tentando estabilizar o emocional da Senhora Bell, nesse momento eu só queria largar as coisas do trabalho e correr para aquela boate. A hora era agora, finalmente meu turno acabou e eu retirei meu avental, peguei minha bolsa na sala dos fundos e quando passei novamente pelo balcão, Ariana terminava de atender um casal.

- Eu estou indo. - Murmurei assim que a mesma se afastou dos clientes e passou o pano úmido pela madeira ao recolher alguns copos, ela me ignorou. - Ariana, eu... Eu não tive intenção nenhuma! - Disse um pouco mais alto e ela direcionou o seu olhar para mim. - Eu amo o Brandon, como um irmão. - Sussurro e ela acabou bufando me fazendo recuar ao tocar o balcão, tentando impedir dela me ignorar. - Eu agi com impulso, eu respeito e valorizo os seus sentimentos, no fundo eu não queria ter feito aquilo.

- Eu não quero saber, Normani. - Ariana respondeu mais séria e mais baixa, seus olhos estavam completamente entristecidos. - Nem tudo é sobre você, sabia? - Ela sussurrou com um pouco mais de raiva e eu acabei suspirando ao não compreender, por essa eu não esperava. - A única coisa que eu te peço é um pouco de consideração e informação, se souber qualquer mínimo detalhe do Brandon... Me fale, porquê eu ainda me importo.

Balancei a cabeça assentindo, eu até pensei em responder, mas ela não me deu oportunidade e se virou rapidamente para ir limpar a adega, respirei fundo e caminhei para fora do Spitz assim que fiz um sinal para o Senhor Larson sinalizando que já tinha dado o meu horário. Arrumei a alça da minha bolsa no ombro ao pegar o meu celular, mas não tinha nenhuma ligação e mensagem, por costume e esperança disquei o número do Brandon, mas caiu diretamente na caixa postal. Respirei fundo ao olhar para baixo, olhando para cada passo meu, olhando para minhas botas e calculando a distância entre o Spitz com o centro da cidade, o caminho até a boate do Jordan.

O que estranhamente eu olhei para o meu jeans, meu cropped de manha longa escuro e toquei na gola alta, olhando o meu reflexo pelo carros estacionados ao lado das calçadas. Nem tudo é sobre você, sabia? A voz da Ariana soava na minha cabeça como se eu tentasse me enxergar, mas não era sobre a minha aparência. Não era tão literal assim. Talvez ela sempre tenha sido tão boa e ignorado todos os desfechos entre a minha amizade com o Brandon, com isso eu acho que não respeitei os seus sentimentos de verdade. Agora eles parecem ainda mais verdadeiros, afinal existe dor. Aonde tem dor, tem humanidade e não existe nada mais puro no coração do que ter esse sentimento. Eu não queria decepcionar o Brandon, eu queria o encontrar bem e se consequentemente brigarmos, podemos ficar afastados, mas eu queria saber que ele estava seguro e bem. Com isso, eu deveria dar espaço para a Ariana, do jeito que eu deveria ter dado há muito tempo.

25 minutos de caminhada com o meu coração quase nas mãos, nenhuma ligação atendida e nenhuma mensagem de atualização da Ashley. Avistei à boate do Jordan e olhei para o céu, faltava pouco para anoitecer. As ruas aqui, logo nesse bairro quase mais nobre da cidade, era bem mais movimentadas e isso não me fez relaxar, Jordan não parecia ser o cara que se importava com testemunhas. Na verdade eu não o conheço e não faço ideia do que ele pode fazer, eu não tenho ideia do seu poder e o qual lugar ele ocupa, mas a maneira como os seus olhos falam e a sua postura responde, como ele confrontou e examinou o Brandon como um animal, não trazia outras respostas.

Era óbvio que as portas estavam fechadas e eu me aproximei mesmo assim, aonde mais eu tentaria encontrar ele? Eu só conhecia essa boate. Além dos rachas, festas e outros movimentos nas ruas, foram raras vezes que eu o encontrei e antes de toda essa merda, ele era só mais um traficante desconhecido pra mim. Respirei fundo diversas vezes ao encarar as portas altas de vidro escuro, eu toquei em uma delas e não estava trancada, o vidro era escuro demais para tentar ver alguma movimentação por dentro e eu olhei para todas as vagas de estacionamento próximos, alguns carros estacionados e as pessoas que passavam pela mesma calçada só estavam me ignorando. Eu empurrei a porta e entrei assim que segurei a respiração.

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