Relógio de tiro

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Mais um dia quase atrasada para o trabalho, porém descansada. Tive um bom final de semana. Ariana estava me esperando com um sorriso no rosto, como em todas as manhãs de uma segunda-feira, somente ela conseguia trazer um pouco mais de disposição para esses dias infernais de trabalho e para a minha sorte, eu não estava escalada para os turnos da noite e assim eu poderia deixar a rotina mais flexível ao invés de se matar de tanto trabalhar. Poderia respirar fundo e agradecer pelo pouco de descanso, mesmo sabendo e esperando que na próxima semana já volte tudo ao mesmo inferno. Por isso nessa tarde eu estava mais tranquila e desejando não ser precipitada, estava atendendo cada cliente da melhor forma e estando mais disposta, anotando os pedidos de cada mesa atenciosamente e trocando de lugar com a Ariana quando a mesma estava cansada de atender no bar. A única hora do nosso almoço passou tão depressa que eu nem consegui respirar direito, quando dei conta já estava atendendo novamente e ignorando as besteiras dos jovens que entravam, era difícil trabalhar com o público.

- Seu amigo! - Ariana diz assim que eu coloco a bandeja vazia no balcão e a mesma a pega ao apontar discretamente para algo atrás de mim, franzi o cenho e me viro encontrando o Brandon entrando no Spitz. - Irei atender nas mesas, pode ficar aqui no bar.

Balancei a cabeça assentindo assim que ela se virou e eu contornei a bancada ao me posicionar atrás do balcão, Brandon sorriu assim que seus olhos me encontraram e eu ergui a mão acenando apesar de ainda achar estranho ele aparecer esse horário em uma segunda-feira. Disfarcei assim que o Senhor Larson, meu chefe, passou para observar a movimentação e Brandon também disfarçou ao se aproximar das banquetas, se sentou na minha frente e ergui a sobrancelha ao limpar o balcão.

- Oi? - Acabei soando mais como uma pergunta, ele sorriu olhando para as bebidas atrás de mim.

- Oi, minha gata! - Ele piscou de uma forma bem desanimada. - Trabalhando muito? - Brandon pergunta ao colocar as mãos no balcão e eu balanço a cabeça assentindo devagar assim que ele me encara novamente. - Uma dose de vodka, pura.

- Tudo bem com você?! - Pergunto assim que puxo um dos copos de vidro e em seguida pego a garrafa de vodka ao me virar para ele. Brandon aparentemente estava tenso, o sorriso era só uma tentativa de disfarçar o seu humor.

- Marque foi encontrado morto à poucos quilômetros da fronteira. - Brandon diz mais baixo assim que eu empurro a sua dose no balcão e sua mão segura firmemente o copo de vidro. Eu abro a minha boca chocada, Marque era um dos melhores amigos do Brandon e principalmente um dos traficantes locais. - Depois de todos esses dias... O seu corpo foi encontrado jogado em uma saída de uma velha estrada.

- Brandon... - Tento dizer alguma coisa, mas eu não sei ao certo como compreender a situação. - Eu sinto muito. - Consigo ser pelo menos sincera. - Ele era um dos caras que estavam desaparecidos? - Questiono baixinho e Brandon balança a cabeça assentindo devagar ao dar um gole na sua bebida. - O que aconteceu?!

- Eu não sei, Normani. - Brandon suspira pesadamente ao colocar o copo no balcão novamente. - Brigas de gangues, traficantes ou negócios... Tanto faz. Não sei ao certo. Soube que ele estava tentando colocar uma quantidade de droga pesada dentro da cidade e não deixaram passar.

- Quem? - Pergunto ao franzir o cenho, mesmo toda a situação ser desconhecida para mim. - Só matariam ele por isso?!

- Não sei. - Brandon responde e respira fundo. - Matam por dinheiro, Normani. Eu não só perdi um contato. Eu perdi um amigo.

- Eu sinto muito. - Reforço isso para ele e Brandon me olha com mais sensibilidade, o que me faz suspirar. - Mas antes que eu acabe me assustando com isso. Talvez você poderia começar a repensar no seu consumo com tudo isso... - Murmuro e Brandon acaba bufando. - Estou falando sério, Brandon. Não quero que as coisas fiquem perigosas desse modo.

Crazy In LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora