Eu não quero um coração partido

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Eu nunca me senti tão vulnerável assim, completamente insegura. Além do mais, eu nunca fui verdadeiramente notada. Não seria agora, mas eu não imaginava que fosse assim tão dolorosa uma decepção. Eu coloquei expectativas em lugares vazios, em uma pessoa vazia. Talvez tudo o que existe dentro do Jordan seja somente o seu ego, eu nunca completaria uma pessoa como essa. Eu quis acreditar, porque tudo o que ele fez foi me fazer sentir e eu senti até demais, eu senti amor, afeto, desejo e paixão, eu entrei nessa loucura sem realmente acreditar que eu conseguiria estar tão completamente apaixonada. E doí, como dói você saber que nada foi recíproco até agora. As suas palavras nunca foram de acordo com as suas atitudes, agora ele me deixou. Descartou. O que ele sempre quis fazer, desde o início.

- Bom dia. - Escutei a voz da minha Tia Melanie assim que a porta do meu quarto se abriu, eu escondi o meu rosto entre os travesseiros da minha cama e me encolhi ainda mais. - Eu trouxe sucrilhos com danone, essa é de longe uma das piores combinações, mas é a favorita da minha pirralha. - Ela se aproximou da minha cama e eu senti assim que ela se sentou, sua mão alcançou o meu ombro e eu me remexi, eu não queria nada. - Garota, eu reconheço um choro por macho de longe. Eu sei que as suas lágrimas nessa noite foram causadas por frustrações amorosas, eu sou formada em desilusões. Esqueceu?

- Tia Melanie, eu só preciso de um tempo. - Murmurei em resposta, quase entre dentes e escutei ela respirar fundo, abri meus olhos paraao menos virar a cabeça no travesseiro e olhei para a Melanie, a mesma me olhou com paciência e eu suspirei. - Não é isso que você está pensando.

- Ah, não? - Ela murmurou erguendo a sobrancelha, passando a mão pelos seus cachos  crespos e os jogando para trás, ela estava perfeitamente arrumada e inclusive maquiada, achei estranho. - O que me surpreende é que você esteja assim pelo Brandon, pirralha. Ele é um dos mais gatinhos, mas ainda não entendo. - Ela completou e eu balancei a cabeça negando ao franzir o cenho. - Quer dizer, sua mãe disse que tinha outro garoto na parada. Como é mesmo o nome dele? Acho que é...

- Michael. - Revirei os olhos e a mesma balançou a cabeça assentindo ao suspirar.

- Homens não merecem as nossas lágrimas, eles merecem o nosso ódio. - Melanie suspirou pesadamente ao me olhar e estendendo a vasilha transparente de sucrilhos com danone de morango para mim, eu respirei fundo ao me sentar na cama e passando as mãos pelo meu rosto, para limpar as minhas lágrimas antes de aceitar o sucrilhos.

- O que a Ashley disse para vocês quando saiu daqui ontem? - Perguntei baixinho ao mexer o sucrilhos com a colher e Melanie balançou a cabeça.

- Nada. Relaxa. - Ela respondeu, ao sorrir ao menos um pouco. - Eu só tive um final de semana maravilhoso com a minha prima mais velha, digno até de dormir na sala de estar com sorvete, como as irmãs aqui faziam antigamente. - Ela disse com ainda mais doçura ao me olhar e eu sorri fraco. - Aliás, o seu quarto era o meu quarto de hóspedes.

- Não vou dividir a cama com você. - Murmurei e Melanie riu baixinho ao balançar a cabeça assentindo.

- Daqui a pouco é a sessão de quimioterapia da sua mãe. - Ela comenta baixinho ao olhar para o relógio no seu pulso e eu arregalei os olhos, ela tocou na minha perna no mesmo segundo. - Não se preocupe, eu irei acompanhá-la hoje. E nas próximas, estarei aqui em todas. - Ela completou e eu olhei para a Melanie, só um pouco mais desconfiada. - Eu vim aqui para visitar e escolhi ficar, Normani. Eu sei que nos últimos anos eu fiquei mais ausente ao trabalhar por aí.

- Rodar o mundo caçando o que fazer não é bem um trabalho. - Resmunguei e a mesma ergueu a sobrancelha pelo me comentário.

- Eu sou uma jornalista, eu estava fazendo pesquisas. Você sabe o quanto eu odeio ficar presa. - Ela retrucou, eu suspirei. - Eu não sabia o que vocês estavam enfrentando, licença, mas com todo o respeito até eu entendo. A sua avó é insuportável. - Ela comentou baixinho e eu balancei a cabeça assentindo, só dessa vez. - Eu não culpo a força da Susan de encarar tudo sozinha, fomos criadas assim. - Ela desabafou e eu respirei fundo, ela tocou na minha perna com mais carinho e cuidado. - Eu estou aqui, eu não vou mais deixar ela sozinha. Nem você. Então, comece a aceitar pirralha.

Crazy In LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora