Me colocaria em primeiro lugar

1.3K 86 7
                                    

Eu acordei com uma terrível dor de cabeça. Eu nem sei e nem me lembro como eu cheguei em casa. Certamente houve um corte de lembranças na minha última bebida e toda a minha memória que restava foi apagada. Efeitos da vodka. Pisquei algumas vezes ao tentar me acostumar com a luz do dia invadindo o meu quarto através das minhas janelas e me xingo mentalmente por sempre esquecer de fechar as cortinas, respiro fundo e me ergo lentamente checando se estava tudo bem, meu corpo parecia estar no lugar e somente a minha cabeça doía, eu praticamente me arrastei para fora da cama e sai cambaleando em direção ao meu banheiro, me assustei ao ver o meu estado no espelho e sei que a noite terminou em loucura.

Passo as mãos pelos meus cabelos o prendendo e o arrumando novamente, me abaixo para lavar o meu rosto e escovar os meus dentes, após toda a minha higiene matinal eu tinha a sorte de já deixar as minhas gavetas com alguns comprimidos para as minhas futuras ressacas sempre abastecidas, assim eu acabei tomando alguma coisa para essa dor de cabeça insuportável e acabei me rendendo a um banho gelado, mesmo causando desconforto eu pude tentar recuperar a autonomia do meu corpo. Me enrolei na minha toalha, caminho novamente pelo meu quarto e vou em direção ao meu guarda-roupa, visto uma lingerie, um short jeans curto e uma camiseta mais largada, respiro fundo ao jogar a minha toalha na cama e encontro a minha carteira no chão ao lado do meu celular, eu o pego e vejo que o dia estava quase terminando, a minha mãe vai me matar ou apenas aceitar o fato que eu só passei dos limites e tudo bem, se ela deixar de colocar eles eu irei parar de quebrá-los.

Desço as escadas rapidamente, assim que entro na sala de estar encontro a Ashley jogada no sofá, eu nem me lembro que ela terminou dormindo por aqui. Respiro fundo e me viro para ir direção à cozinha, a casa estava silenciosa, mas assim que entro na cozinha eu encontro a minha mãe sentada na mesa com a sua xícara quente de chá nas mãos e com o notebook à sua frente, assim que ela me olha eu coloco um sorriso despreocupado no rosto e ela me encara seriamente ao erguer a sobrancelha.

- Bom dia? - Pergunto ao me virar para o fogão e verificar as sobras do almoço, uma bela macarronada me esperava.

- Boa tarde! - Minha mãe responde ainda mais séria. - Tem um corpo morto no meu sofá e você praticamente acordou quase no horário do jantar. Limites, para quem?

- Ontem foi divertido. - Respondi baixinho ao começar a me servir com um dos pratos que estavam na bancada de madeira e em seguida esquentando o mesmo no microondas. - E bom, depois de tantos turnos extras eu me diverti. Então, limites pra que?

- Garota! O que eu faço com você? - Minha mãe questionou ao se levantar e deixou a xícara na mesa ao lado do seu notebook, se aproximou e depositou um beijo no meu rosto enquanto eu sorria mais tranquila.

- Deveria tirar um tempinho para você, mãe. Sabe, você não é tão velha assim! - Disse baixo e a mesma me deu uma cotovelada. - Com 38 anos eu espero ainda estar fazendo coisas legais. Você deveria chamar as suas amigas na sua próxima folga, tomar um porre e me deixar cuidando da casa. Eu dou esse passe livre para você. Sei lá, conheça algum carinha e transe.

- Normani! - Ela diz mais alto ao me repreender e eu acabei rindo assim que o microondas apitou, pego o meu prato já esquentado e corro em direção a mesa. - Eu só queria ter uma folga apenas para descansar, acredite. Quase 10 horas de trabalho, em todos os dias, não é para qualquer um. Eu não preciso transar, eu preciso colocar comida na mesa e pagar as contas.

- Oi?! Eu também trabalho e dobro o seu turno em diversas noites. - Resmungo ao pegar o garfo e a mesma acaba respirando fundo. - Eu só sugeri uma saída legal, assim você pegaria bem menos no meu pé ou passaria os próximos dias só reclamando. - Ela revirou os olhos enquanto balançava a cabeça negando.

- Fala sério, vocês falam alto! - Ashley entrou na cozinha no mesmo segundo com a cara carregada de sono enquanto reclamava, juntou as suas tranças ao fazer um coque alto e olhou para nós duas ao se encostar no balcão. - Não julguem o meu estado. Tia Susan, alguém me procurou? - Ashley olhou diretamente para a minha mãe.

Crazy In LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora