Crazy In Love

Tique, taque, espere só

Michael Bakari Jordan

Era perceptível o sol nascendo nessa manhã. Eu estava inquieto. Sempre estava. Eu odiava ter companhia na cama. No sentindo de dormir, é claro. Gostava de descansar sozinho. Por isso, sempre que alguma garota acabava dormindo comigo eu acordava ainda mais cedo e sempre indisposto. Samantha estava deitada ao meu lado, suas mãos estavam segurando os lençóis da cama e sua respiração era pesada, tivemos uma noite longa e nos cansamos muito nessa cama. Era difícil quando acontecia essas recaídas, não que seja uma recaída para mim. Recaída para ela. O meu negócio é somente o sexo. Não o compromisso. Tentei me envolver amorosamente com ela e não deu certo, sei que ela gosta de mim, me sinto culpado por alimentar pequenas esperanças que um dia eu goste dela além de somente curtir o seu corpo. Samantha White era bonita, charmosa, inteligente e levemente ambiciosa. Meu estilo de vida não combinava com um relacionamento, afinal se comprometer comigo era um alerta de perigo. Apesar da Samantha frequentar todos os meus estabelecimentos, ter o seu grupo de amigas e curtir algumas noites em bebedeira ou festas em comum, eu não a colocaria ao meu lado. É só sobre sexo.

Não era comum relacionamentos duradouros nas nossas vidas. Na minha vida agitada. Eu tinha negócios para comandar, um laboratório inteiro para a fabricação das minhas drogas, cartéis para administrar, uma rede de ponta a ponta da cidade de traficantes e o fornecimento para inúmeras cidades, eu levava e trazia droga para dentro e fora do país, as boates e os bordeis lavavam o meu dinheiro em quase todas as noites, o número era alto e arriscado, eu tinha negócios com governadores próximos e policiais locais, três das cinco delegacias trabalhavam para mim, eu tinha homens infiltrados em todos os lugares e seguia firme sendo um dos maiores líderes do tráfico. Eu não tinha tempo a perder. Eu fazia dinheiro. A cada segundo eu estava fazendo dinheiro. Mulher nenhuma entrar no meio de tantas prioridades, o meu lugar é a coisa mais importante da minha vida. A minha liderança é a minha luta diária. Eu sou jogador. Eu venço. Tudo era como um jogo de xadrez, o rei pouco se mexe, na perspectiva de alguns. Até o xeque-mate, pronto para derrubar qualquer um que pense que seja o líder. O tráfico não era mais tão complicado. Eu sempre estava no ringue, literalmente. Nunca permaneci no chão por muito tempo. Conseguia levar os poucos, as vezes, na brincadeira. Arma na mão ou um luva de boxe, meus punhos ou qualquer outro instrumento, o sangue derramado sempre era do adversário.

Me levantei da cama silenciosamente assim que o dia foi amanhecendo ainda mais, a luz do sol invadia meu quarto completamente através das paredes de vidro, a vista de Los Angeles toda para mim. A cidade aos pés. Amo respirar o meu lar. Estar em casa. No meu apartamento, na alta cobertura e ter a sensação de domínio. Tudo sendo tão claro e tudo sendo exatamente singular, quase todas as paredes são de vidro e espalhadas em lugares diferentes com esse diferencial, por toda a minha cobertura sempre ampliando para tudo aquilo que é meu. O controle. Eu tenho. Caminho até o meu banheiro, lavo o meu rosto e opto por um banho quente, precisava desligar meu corpo por alguns segundos. A sensação era sempre de alerta. Era perigoso. Sempre era. Levei mais tempo que o necessário, na verdade esperava encontrar a Samantha acordada. Enrolei uma das toalhas brancas na minha cintura e em seguida voltei para o quarto.

Samantha se remexeu não cama, estava despertando e suas mãos tocaram diretamente o meu travesseiro enquanto procuravam por mim, eu me aproximei da cama e a encontrei piscando os olhos várias vezes ao tentar despertar de fato, seus olhos claros assim que me encontraram pareciam estar entusiasmados ainda. Ela sorriu de forma preguiçosa e eu sorri fraco, por ser mais educado. Sua pele não era como a minha, a sua pele negra era mais clara e rapidamente o seu corpo se inclinou ao tentar se levantar, os lençóis ainda cobriam o seu corpo, suas mãos agora passaram pelos cachos escuros dos seus cabelos e eu respirei profundamente. Precisava dispensar ela.