Capítulo 10 - Decisão

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Lucas

Todos estávamos sentados no chão jogando cartas que eu trouxe na minha mochila. Com tanta coisa, não sei como sobrou espaço para elas, mas é claro que era algo primordial para nossa sobrevivência aqui.

- Uno! - gritou a Lis.

- fica quieta! Quer ser ouvida por alguém? - disse com raiva de ela estar prestes a ganhar outra partida. Sim, eu trouxe o uno. Nada melhor, não?

- que foi? Tá com raivinha é? Tá com medo de perder a quarta rodada de novo? - ela disse mostrando a língua pra mim.

- vá sonhando. Você não me vence dessa vez. - disse.

Ouvimos a porta fazer barulho, e nos assustamos mais uma vez. Levantei e fiz sinal para que as meninas me seguissem até atrás de uma prateleira cheia de produtos de limpeza e mais. Lá, ficamos em silêncio até a porta abrir e pra nossa alegria, era mais uma vez o Felipe.

- gente? Foi mal, a gente vai resolver o código agora, beleza? - disse o Felipe procurando a gente com os olhos.

- eu acho ótimo, é bem ruim viver com medo sabe? - disse a Annie saindo do esconderijo ruim.

- bom, sentem aqui, quero falar com vocês. - ele disse e lá fomos nós. - então, durante alguns dias as coisas vão permanecer iguais, até que eu finalmente consiga um quarto pra vocês. Então sejam pacientes, tudo bem? Eu sei que é desconfortável viver aqui, mas vai ser necessário durante um tempo. Aliás, eu só queria dizer também que, temos alguns robôs a bordo. Bem, na verdade são muitos.

- o quê? Tem robôs aqui? Eu... Não acredito... - disse a Annie olhando para os lados.

- mas fiquem calmos, a única coisa que vocês precisam fazer é não serem pegos por eles. Eles estão aqui para cuidar de tudo, servir as pessoas, e principalmente exterminar qualquer coisa que não esteja na programação deles. Por isso eles estão escaneando cada passageiro para saber quem é dessa nave e quem não é. Então vocês precisam se cuidar com eles.

- caraca, acho que vou ter pesadelos com robôs... - disse a Lis ficando arrepiada.

- bom, vocês sabem os horários que podem sair, então vão ficar seguros.

Coçei a cabeça pensando na loucura que estávamos vivendo. O que era tudo isso? Era um filme? Será que eu estou em coma e tudo isso é um sonho? Se for, eu sinceramente quero acordar agora. Tudo estava se tornando tão difícil, quando que eu imaginei que em um dia eu estaria estudando para entrar na faculdade que eu tanto sonhei, e no outro eu estou dentro de uma nave prestes a partir para o espaço para me salvar?

- sobre o código, vou bater o pé três vezes na porta, aí saberão que sou eu. Aliás, eu fiz uma cópia da chave, toma, tranquem, assim vocês terão tempo de se esconderem sem que sejam surpreendidos. Além disso, guardem suas coisas rapidamente quando souberem que não sou eu quem está atrás dessa porta. Ok?

Concordamos com a cabeça enquanto víamos ele levantar do chão.

- eu tenho que ir agora, mais tarde vocês sentirão um tremor e um alto barulho, isso significa que a nave está saindo da terra. Depois disso eu tratei mais comida pra vocês. Fiquem bem, ok? - ele disse olhando para cada um de nós, mas durante um tempo maior para a Annie. Claro.

Ele saiu e trancou a porta, nos deixando ali novamente. Não havia outra alternativa a não ser sentar e esperar, além disso não queria lembrar as meninas que eu estava perdendo no uno.

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Felipe

Depois que eu tranquei a porta, fui ver meu pai que estava acomodando as últimas pessoas.

- e falando nele, aqui está! Este é o meu filho! - ele me puxou para me apresentar a uma passageira e sua filha. - ele é um rapaz muito inteligente, gosta muito de livros.

- é mesmo? Quais os seus preferidos? - perguntou a garota.

Me senti um pouco desconfortável, parecia que meu pai estava querendo me jogar para cima dela.

- ahm, talvez... Heven? Ou... Se Eu Pudesse Voltar no Tempo. Mas por favor, podem me dar licença, preciso falar com o meu querido pai, fiquem a vontade. - disse sorrindo.

Levei meu pai até um canto da nave para falar com ele.

- o que foi? Não gostou dela? Ela é bonita!

- não estou interessado em ninguém agora, não faça mais isso por favor. Mas não é sobre isso que eu vim falar. Quero saber quando a nave vai partir.

- ah sobre isso, daqui uma hora, a nave está com todos os seus passageiros, e provavelmente a televisão deve estar passando em seus noticiários sobre nossa ida a Marte! - ele debochou rindo.

- e agora? Ficaremos no espaço até quando?

- bem... Durante um bom tempo. Temos que ver se o estrago do nosso planeta será tão grande como imaginamos. Mas... É possível que nossas vidas acabem aqui, e nossas gerações vivam nessa nave por anos e anos. Daqui faremos estudos para ver qual o melhor planeta para ser habitado. O principal é Marte mesmo, mas se encontrarmos algo melhor, iremos para lá.

- isso me preocupa...

- por que? Não deveria! Nossas vidas não passarão daqui! A menos que nossas sortes estejam do nosso lado para encontrarmos outro planeta em perfeitas condições para o ser humano.

- você não tem medo? De algo der errado, de as pessoas começarem a ficar incomodadas, de brigas, mortes, ou até mesmo esses robôs? - perguntei apontando para um deles.

- a CienceTeck afirmou que estamos seguros. E se qualquer coisa der errado com eles, temos todos os cientistas da CienceTeck conosco! Então de novo, não há o que se preocupar.

- vou confiar nisso então...

- mas me diga, voltando ao assunto do início, você não se interessou por aquela moça? Ela não para de olhar para você!

- pai, não acho que esse é o melhor momento para me envolver com esses assuntos.

- esse é o melhor momento! Vocês precisam garantir as próximas gerações! Mas é claro que não é isso. Seu coração ainda está apaixonado por aquela garotinha de quinta categoria.

- não fale assim da Annie! Ela é uma garota incrível!

- ela era. Dentro de algumas horas ela e todos dessa terra imunda serão mortos. Você finalmente estará livre! Pense nisso. - ele disse saindo antes que eu pudesse dizer algo.

Como era possível que meu pai fosse tão cruel? Isso realmente me deixava indignado. Mas pensando um pouco sobre nossa conversa, não posso deixar tão claro o quanto eu amo a Annie, ele certamente desconfiaria que eu a amando tanto, não a traria para cá. O que eu deveria fazer para que ele não desconfiasse? Nesse momento olhei para a garota que me olhava ainda.

1 - me aproximar da garota e fingir para o pai que não ligo mais para a Annie. (Sem acordo com a garota, portanto ela também seria enganada.)

2 - me aproximar da garota e perguntar se ela aceita fingir ser minha namorada de mentira.
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Eai? O que vocês escolhem? E por que? Até terça!

Um CaminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora