Um Caminho

Capítulo 50 - Sou eu

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Felipe

"Alô? Alguém me ouve? É a Nave NC2067? Por favor alguém me responda! Sou eu... A Annie..."

O quê...

Levantei meu rosto olhando para a mesa de onde vinha aquele barulho, ouvindo a voz do comandante Frederic logo em seguida.

— É... Alguém tentando se comunicar da terra! — Parecia estar ofegante.

— O senhor conseguiu? — Perguntei desacreditado e surpreso ao mesmo tempo, o ajudando a levantar.

"Alguém? Por favor ainda tem sobreviventes aqui! Nos ajudem!"

Ouvimos novamente.

Fui até aquele painel, desesperado querendo a responder, sem saber como fazer, até ver o comandante apertar um dos botões, fazendo sinal para que eu falasse.

— Annie! Annie você está me escutando? Sou eu! O Felipe!

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Lucas

Sem saber o que fazer, vi dois robôs se aproximarem de mim, me segurando pelo braço. Eles iriam me matar? O que fariam comigo?

— O levem daqui. E terminem o serviço. — A robô B207 disse arrastando a Elisa com ela, dizendo mais logo em seguida. — E você, Henry, você vem comigo.

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Henry

Ao ouvir aquilo, sabia que ela queria fazer com que eu consertasse os danos que não envolviam a manipulação dos outros robôs. Ela faria isso usando de ameaça a Elisa, caso eu tentasse fazer outra coisa.

Mas eu precisava correr esse risco...

Eu não podia falhar com minha própria criação.

A segui para onde as duas iam, se afastando na direção de um lugar com pouca luz.
Ouvi o Lucas gritar para que eu fizesse algo, e eu apenas segui meu caminho. Não poderia falar ou fazer algo para que ele entendesse que eu não deixaria a B207 fazer mal a Elisa, os outros robôs poderiam entender.

Agora estava comigo, e eu precisava ser astuto para que tudo desse certo.

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Felipe

Esperava a Annie me responder, o que pareciam horas, mas logo senti meu coração acelerar ao ouvir sua voz novamente.

"Felipe? Felipe é você? Por favor, nos ajude! Vocês precisam voltar pra terra! Eu estou aqui!"

— Não se preocupe meu amor, nós vamos buscar vocês. Eu preciso que você nos fale onde vocês estão. — Disse olhando para o comandante, que se preparava para fazer nosso caminho de volta para nossa antiga casa.

"... Aquele robô que você me mostrou... Ele me trancou no banheiro... Não pude ir com vocês, quando consegui sair e procurar por vocês... Já não estavam aqui..."

— Não... Não, não sabíamos que você tinha ficado! A robô que te trancou se passou por você durante um tempo. Você não imagina o que aconteceu depois. Mas não se preocupe, em breve estaremos aí! Como está a situação?

"Péssima! Além do meteóro ter destruído muitas coisas por aqui, veio um tsunami e a poeira cobriu o céu, deixando tudo escuro. As plantas começaram a morrer, e por consequência as comidas, e os animais que sobraram começaram a morrer. Com a falta de comida, e tudo destruído, as pessoas começaram a procurar onde se alimentar, roubando suprimentos dos mercados o quanto pudesse. Com a briga que isso gerou, ficou claro que o mundo estava dividido, agora era cada um por si."

— Meu Deus... Não consigo decidir qual lado é pior... — Falei para mim mesmo.

"Eu me juntei a um grupo de sobreviventes, e depois de ver as outras pessoas começarem a se matar por comida, nos escondemos em uma caverna. Já não sei quem ainda está vivo além de nós, mas não vamos aguentar muito tempo... Conseguimos sair da caverna e eu ouvi o comunicado."

— Tudo bem, entendi. Fique onde está, e se proteja, nós iremos te buscar... Eu prometo. Obrigada por estar viva... Não suportaria perder você também... Eu te amo, muito, Annie... Espere por mim. — Disse sentindo as lágrimas correrem pelo rosto.

Notei sua pequena demora para me responder. Talvez tenha ficado surpresa com minhas palavras, mas no havia nada mais verdadeiro do que todos os sentimentos que eu tinha naquele momento.

"Esperarei por você, Felipe... E quando estiver aqui, saberá o quanto eu o amo também."

Meu coração aqueceu ao ouvir aquilo, pelo menos uma notícia boa em meio a esse turbilhão de desespero em que vivíamos. E não era só aqui na nave, na terra as coisas também estavam extremamente complicadas.

Porém eu sentia orgulho ao saber que minha doce Annie estava sendo tão valente, conseguindo sobreviver a isso, assim como eu e nossos amigos.

Parece que, não importando onde estivéssemos, era para permanecermos vivos.
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