Capítulo 46 - Vozes

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Felipe

- Vocês estão vivos! Estão vivos! Estão sozinhos? - Ouvimos o velho homem dizer.

- Sim Frederic, estamos. Precisamos que você abra a porta, precisamos de sua ajuda.

- Vocês... Não são robôs... São?

- Temos um radar de movimento, ele nos mostra se tem alguém perto de nós, incluindo robôs, e agora somos só nós três. Não somos robôs, por favor confie na gente.

Aqueles míseros segundos em que o comandante ficou em silêncio, provavelmente pensando, pareciam longas horas pra mim...
Meus olhos percorriam cada metro em que eu pudia alcançar, segurando firme minha arma caso algo apareça. Não estávamos seguros. Estando dentro dessa nave, nenhum lugar era.

Ouvimos a porta ser liberada e logo foi aberta automaticamente para o lado. O comandante, que eu mal conhecia, aparentando ter envelhecido muito mais durante esses dias do que sua vida inteira, estava afastado da porta segurando uma arma. Ele não parecia muito confiante sobre nós, mas eu sabia que logo ele veria que estava tudo bem com a gente.

- Não se preocupe, não somos robôs, estamos aqui porque somos alguns dos sobreviventes e, queremos parar com esse... Terror...

- Estamos juntos com Henry, da CienceTeck. Foi ele que fabricou esse radar. Nós sabemos porque os robôs começaram a atacar, foi uma falha no sistema deles e junto com a danificação de um deles, esse bug ficou maior. Henry e meu amigo Lucas estão indo nesse momento encontrar essa robô para ajeitar isso.

- Então... Porque estão aqui?

- Bem... Precisamos fazer contato com... Uma pessoa na terra.

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Lucas

- Elisa...

Quando disse seu nome, como um sussurro, a vi virar o rosto para mim, me vendo imediatamente. Seu sorriso se abriu e ao mesmo tempo a vi pronunciar meu nome em um sussurro inaudível.

Corremos até ela esquecendo de nos preocupar em fazer barulho, chegando até ela que permaneceu no lugar.

Toquei em seu rosto, beijei sua testa e a abracei deixando minhas lágrimas caírem. Ela me abraçava de volta fazendo carinho em minhas costas, me olhando logo em seguida firme nos olhos.

- Finalmente achei vocês... Eu estava com tanto medo... - Ela disse me tocando nos braços, peito, rosto, parecia que ela estava querendo ter certeza de que era eu e não uma alucinação.

- Está tudo bem agora, vamos permanecer juntos, não vamos mais nos afastar...

- Henry... Que bom ver você... - Ela disse desviando seus olhos para ele.

- Você o conhece? - Perguntei surpreso.

- Eu... Pesquisei sobre ele enquanto estive distante de vocês.

- Como você está? Onde ficou? Viu a B207 por aqui? - Henry perguntou olhando para os lados como se procurasse alguém.

- Só estou um pouco machucada... E... sim... Eu a vi. Ela queria me escanear.

- O quê? Não... - Disse.

Isso era ruim... Muito ruim, aquela robô poderia estar em qualquer lugar, e se ela fosse até o Felipe? Ele seria enganado novamente...

- Tentei não deixar isso acontecer mas, ela conseguiu... E... Ela está com meu rosto por aí... Consegui correr mas... Eu não sei...

- Ah... Que droga... Tudo bem, nós vamos encontrá-la. - Disse a olhando nos olhos.

- Mas... Antes... Eu preciso que vocês me ajudem... Ela me machucou e... Eu pensei que um de vocês poderia encontrar a ala médica e pegar alguns suprimentos para mim. Henry poderia ficar comigo... Não é?

Olhei para Henry que, por sua vez, me encarou de volta. Sua testa enrugada dava a entender que ele estava estranho sobre isso. O que tinha de errado?

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Felipe

- Como assim? - O comandante perguntou sobre o contato com a terra.

- Sabemos que o senhor deve ter informações sobre nossa antiga casa. Nos diga por favor, o nosso planeta... Tem chances de ter alguém vivo lá? - Meu pai perguntou.

O vi soltar um ar carregado, dando alguns passos para o lado enquanto passava sua mão direita sobre o rosto. Sua mente devia estar trabalhando em como nos responder, ou no quê.

- Tudo bem, não vou mentir... Não há porquê. Nosso planeta foi duramente atingido pelo meteóro, e o que não foi morto por ele será morto pelo que virá depois dele. Há muitas chances de vários caminhos para a morte de todos, mas realmente, ainda podemos salvar aqueles que por algum milagre ainda estão lutando pela vida.

Meu coração quase saltou para fora de mim ao ouvir aquelas palavras. Havia uma possibilidade. Havia uma chance. Eu deveria me agarrar completamente nisso e ir até o fim para conseguir salvar minha Annie. Era tudo o que eu precisava ouvir, e agora eu só precisava colocar em prática essa ação.

- Então não há o que esperar. Por favor nos ajude a salvar essas pessoas, há condições para um possível pouso rápido?

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Lucas

- ELISA! QUE BOM QUE TE ACHAMOS! - Gritou o Henry, depois que ouvimos o pedido dela.

Por que ele gritou? Por que ele falou aquilo especificamente? O que ele tinha em mente?

- O que foi isso?

- Só estou feliz em ver sua amiga... Lucas. - Ele disse estranhamente, apontando para ela.

Quando meus olhos olharam novamente para a Lis, algo dentro da minha cabeça começou a querer ver as coisas por outro ângulo. E se... Henry gritou o nome da Lis para chamar sua atenção? E se... E se essa que está na nossa frente não for ela?

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Elisa

Naquele cantinho, escondida atrás de alguns bancos cinza que ficavam praticamente colados na parede, se não fosse o espaço atrás deles, eu tentava não soluçar. Fugir daquela coisa mesmo sabendo que ela não estava atrás de mim era aterrorizante... Eu não sabia como lidar com isso.

Ali eu esperava que alguém dos meus amigos me encontrasse e me desse colo, porque eu não estou aguentando mais...

Enquanto pensava nisso, até pensei ter escutado meu nome... Já não bastasse esse terror todo, estava começando a ouvir vozes desconhecidas? Se fosse ao menos do Lucas eu estaria melhor... Como sinto sua falta... Do seu sorriso, suas brincadeiras bobas, até de quando ele procurava a mim para falar sobre seus medos. Até parece que invertemos os papéis!

Talvez isso tudo tenha mostrado que eu nem sempre vou estar forte e que ele, ele sempre foi o valente...

Lucas me protegeu de tantas formas... O que seria de mim sem ele aqui? Ou... Em qualquer outro lugar? Como queria escutá-lo chamar pelo meu nome...

- ELISA! - Ouvi novamente...

Não... Eu não estava ficando louca...

Meus braços se arrepiaram, tinha sim alguém me chamando... E era ele... Sim era ele...

Me levantei rapidamente, já me sentindo ofegante, tentando lembrar qual lado aquele grito veio... Ele estava me chamando, eu precisava correr até ele...
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Como não consegui postar sexta, hoje sai dois capítulos, daqui a pouquinho sai o próximo!

Obrigada por ler!

Um CaminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora