Capítulo 19 - Dutos de ventilação

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Felipe

- o que foi Felipe? Porque você está com essa cara? Tá me assustando! - disse a Lis ficando nervosa com o meu silêncio.

Eu não queria que fizesse sentido, mas de acordo com o que ela viu, só poderia ser isso. Porém, com todo o medo que a Lis estava sentindo, ela poderia ter confundido ter visto a luz piscar na Annie... Era o que eu mais torcia, se não, as coisas estariam bem piores do que imaginávamos.
Quando ia abrir a boca para explicar minha teoria, ouvimos um barulho no lado de fora, como se alguém se aproximasse.

Em pânico, seguindo meu instinto, os puxei para um canto da sala atrás de algumas das várias prateleiras que tinham na sala. Era difícil de alguém nos ver ali, mas também não era impossível, e isso me deixava nervoso...
Olhei para a Lis que certamente estava vivendo seus piores dias, logo depois para o Lucas, movendo apenas o olho com medo de sermos vistos.

Tentei espiar por uma fresta quem tinha entrado e, percebi então que era um deles. Um robô.

Prendi minha respiração e mantive meus olhos atentos nos movimentos do robô que continha aquela luz vermelha em seu pulso. O que era isso? Um mal funcionamento? Ou eles foram programados para atacar? Ou ainda, eles tinham consciência? Sentimentos? Desejos? Não... Isso não podia ser possível...

Observando seus passos pela sala, vendo os pertences dos meus amigos no chão, sinto meu corpo querer enfraquecer e cair alí mesmo, mas me mantive forte não por mim, mas por meus amigos.
Olhei para cima, sentindo até minha alma aliviar ao ver um tubo de ventilação. Eram tão grandes que poderiam facilmente caber pessoas no local. Parece que a sorte estava do nosso lado.

Pensando em como fazer para despistar aquele robô, olhei em volta de nós enxergando uma lata amassada. Talvez eu tivera uma ideia.
Com cuidado, quando percebi que o robô olhava para outro canto da sala, joguei a lata para fora da sala ouvindo ela fazer barulho. Com isso, o robô pensaria que algo se moveu lá fora, saindo da sala, e esse era o momento de sairmos pelo duto.

Assim que vimos o robô sair como planejado, nos dirigimos até o duto adentrando cuidadosamente nele sem fazer qualquer ruído. Nossos corações estavam prestes a explodir em nossos peitos e, o suor escorria pelos nossos rostos pálidos enquanto estávamos tremendo de medo. Nesse momento eu me perguntava o que estaríamos fazendo se estivéssemos na terra. Isso se tivéssemos sobrevivido... Será que... Não... Não posso pensar nisso ainda, a Annie que temos pode ser a que está aqui...

Lis estava na frente, seguida por Lucas e eu, engatinhando silenciosamente por aquele lugar. Era mais assustador do que imaginávamos.

- conseguimos ver por onde estamos passando por essa grades aqui, olha, estamos passando pelo quarto do meu pai. - disse mostrando a eles. - se continuarmos reto, sairemos no meu quarto.

- acha que é seguro? - Lucas perguntou.

- bem... Nenhum lugar mais é seguro... Teremos que nos virar a partir de agora.

- acho que estamos acostumados. - Lis disse sem me olhar. Acho que entendi.

- quando chegarmos lá, irei chamar a Reiven e conversarei com ela sobre tudo. Mas acho melhor vocês esperarem aqui porque eu não sei se ela ficará maluca e chamará meu pai ou sei lá quem. Quero ter certeza de que ela não fará nada. Mas eu prometo que acertaremos tudo hoje mesmo.

Elisa concordou com a cabeça, olhando para nós dois logo em seguida. Não era assim que eu tinha planejado as coisas. Não queria estar com os dois fugindo de robôs assassinos, nem estar em dúvida se a Annie que está na nave é... Bem...

Quando finalmente chegamos no meu quarto, desci e pedi para eles ficarem, enquanto eu ia procurar a Reiven. Era um tanto atordoante por não saber se ela estava bem e, conversar com ela sobre isso nesse momento parecia talvez um pouco de egoísmo, mas precisávamos mesmo resolver tudo...

As coisas no lado de fora estavam tensas. As pessoas estavam escondidas e se ouvia um anúncio falando que eram pra ficarem calmas pois a CienceTeck iria resolver. Suspirei, não sei se estou muito seguro disso.
Uma coisa me intrigava muito, vendo todas aquelas pessoas que foram pegas mortas no chão, e sabendo que haviam outras se escondendo, enquanto eu estava ali andando por meio delas sem ser um alvo dos robôs, me fazia perguntar o porquê. O que eu tinha de especial?
Está certo que sou um tripulante oficial da nave, mas se fosse por isso eu não veria tanta gente morta, pois todos aqui, exceto meus amigos, são tripulantes oficiais. O que estava acontecendo?

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Elisa

Estava começando a ficar impaciente ao ouvir aquele alerta... Lucas também parecia estar, mas tenho quase certeza de que ele vai querer continuar aqui até o Felipe dizer que podemos sair.
Era agoniante, esperávamos que vir para dentro dessa nave nos faria ficar seguros, e o pior do que podia acontecer era ficarmos presos naquela sala por muito tempo. Agora estamos todos sendo perseguidos por robôs que enlouqueceram do nada! E se um deles aparecer nesse duto? Como o Felipe disse, nenhum lugar é seguro, e isso estava me matando por dentro.

- Lucas... - sussurrei. - o que vamos fazer?

- esperar. - ele disse sério.

- e se um robô entrar aqui? Estou com medo... - disse sentindo minha garganta doer devido ao choro que queria vir.

- calma, Lis... Ele já vai voltar. Aí saberemos onde ficaremos até essa loucura passar. Vem. - ele disse me aconchegando em seus braços.

Naquele momento, senti meu coração se acalmar por alguns minutos. Lucas estava me passando uma segurança inexplicável nesses últimos tempos, e estar com ele aliviava qualquer coisa extrema que eu sentia. Ao pensar nisso, me lembrei de as vezes em que ele esteve lá para me salvar, seja me puxando para ele para não ser vista, me acalmar me fazendo carinho ou até mesmo não dizendo nada, apenas segurando minha mão... Eu deveria agradecê-lo mais vezes... Ele precisa saber o quanto tem se tornado tão especial para mim.
Levantando meu rosto até encará-lo, consegui talvez pela primeira vez observar cada detalhe em seu rosto. Sua expressão séria olhando atento para os cantos me fazia ver nele um homem protetor, como ele era. Seus olhos castanhos tão simples, mas eram tão bonitos nele que me fazia querer ficar admirando sem nenhuma vergonha ou timidez... Seus cabelos sedosos castanhos eram seu charme também... Sua barba estava começando a crescer novamente aos poucos depois de tanto tempo sem se barbear e... Confesso gostar de vê-lo assim pois de qualquer modo era interessante ver como estava tão alinhado mesmo assim.
De algum modo, parecia que ele estava me chamando, com meus olhos presos a ele, percebendo que ele mesmo sentiu isso pois seu rosto virou para encarar o meu. Aquilo era novo. Nunca estivemos tão perto, mas parecia que deveríamos estar assim e que perdemos muito tempo não o fazendo. Nossos rostos se aproximavam como se fosse um ímã, e eu sentia meu corpo querer isso mais do que o medo uma vez estava me consumindo... 
Prestes a finalmente sentir sua boca na minha, ouço um barulho forte no duto me fazendo arregalar os olhos. O que foi aquilo?

Olhei assustada para ele, que pedia para eu fazer silêncio, tentando escutar se o barulho voltava. Nossos corpos entraram em choque quando ouvimos de novo. Nem ali não era mais seguro... O que devíamos fazer? Onde ir? Permanecer ou ficar? Senti minhas mãos suarem com todo aquele nervosismo, olhando para Lucas que parecia estar tão assustado quanto eu. E agora?

1 - permanecer nos dutos e ver o que estava se aproximando deles.

2 - sair de lá e ficar no quarto do Felipe.
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Essas escolhas tem consequências! Quando não tem né? Kkkkk

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Inclusive alguns acertaram sobre a Annie! Quem se arrisca a dizer? Kkkkk

Amo vocês!!!

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