XLIV.

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As três espiãs
demais
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O idiota que disse que nós, humanos, podemos nos adaptar a qualquer situação se tiver tempo necessário, definitivamente nunca lutou contra Clarisse. Sério. Eu precisaria de ou seis anos para deixar de ficar impressionada quando a Poderosa Chefona pegava a maldita lança e descia a porrada em qualquer um idiota o suficiente para cruzar o seu caminho. Na maioria das vezes ela usava a lança contra mim.

Treinava contra ela há cinco meses completos, uma hora e meia durante os dias de semana, duas e meia nos sábados e domingos. Posso dizer que sou um tipo de sobrevivente apenas por esse feito. Além disso, não podia deixar de dar à ela os creditos por ter me feito passar de uma ameba no quesito lutas para alguém realmente boa.

Tipo, eu já podia passar horas e horas treinando sem sentir que estava prestes a morrer pelo cansaço, derrubava com certa facilidade muitos dos meus irmãos ── chupa Alexander!  ── e até conseguia manter uma luta justa contra Clarisse por bons minutos  ── o placar dessa semana estava 11×8 para a Chefona, um motivo de orgulho para mim.

Jason também começava a não pegar mais leve comigo e, sinceramente? Comecei a entender o motivo dele ter virado pretor, convenhamos, o loirinho consegue ser muito bom em lutas. Quando não está desmaiado, claro, mas isso é apenas um mínimo detalhe.

Posso dizer que aprendi o suficiente com os dois para perceber que, mesmo sem querer, começava a misturar os dois estilos de luta em um só.

Até mesmo Annabeth ── a fucking Annabeth ── veio falar comigo sobre isso num outro dia. Aliás, posso dizer com clareza uma única coisa: se essa loira pisca pra mim, tanto Leo quanto o dito Nemo ficam solteiros na hora. Tudo bem, nós temos toda a parada de eu-sou-sua-tia-avó-por-parte-de-mãe, mas quem liga? Zeus traçou duas das irmãs e ninguém julga. Bom, julgam sim, porém esse não é o caso.

Nos viamos praticamente todos os dias nas reuniões na casa grande, quando discutíamos com os chefes de chalés sobre o andamento da construção do Argos ── a parte externa estava praticamente pronta e restava apenas terminar a parte do motor ( o Garoto em Chamas me explicou, embora suponho não ter entendido nem metade das coisas) ──. Ela era legal, potencialmente mortal, mas legal.

Geralmente a Bonitinha aparecia e então ficávamos as três conversando sobre coisas de garotas ── a melhor maneira de empunhar uma adaga, a última moda do verão e histórias estranhas e constrangedoras da infância ──. O Ladrãozinhi de Merda nos apelidou como as três espiãs demais, confesso ter ficado enciumada por não pensar nesse apelido antes.

Oras! Sou eu a apelidadora oficial dessa fanfic de merda!

── Acho que colocar no fogo seria uma boa idéia. Sem corpo, sem rastros. ── disse a Miss Universo. ── Sem rastros, sem crimes.

Essa era mais uma das nossas conversas aleatórias à beira mar, no momentos que conseguíamos um pouquinho de paz e tranquilidade, longe dos treinos e monstros. Um papo agradável.

── Porcos. ── respondeu Annabeth, enfiando uma mexa dos cabelos loiros cacheados atrás da orelha. ── Quando ficam muito tempo sem serem alimentados, podem comer um corpo humano inteiro.

Assobiei. Acho que acabo de anotar "porcos" na enorme lista de animais a quais me cago de medo. Talvez o coloque logo abaixo das galinhas, gansos, marrecos, avestruzes e todos os malditos pássaros que não voam. Menos pinguins, pinguins são adoráveis e seria estranho me sentir assustada por eles. Na verdade, eu gosto de pinguins, principalmente os de Madagascar.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde histórias criam vida. Descubra agora