𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZ

XVIII.

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Eu só queria renovar o guarda-roupas, poxa!

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Se me perguntarem o que estava fazendo eu não saberia dizer, uma única coisa passava pela minha cabecinha ruiva: compras. Aquela loja era o auge da bizarrice, sabia que algo estava errado nela. De alguma forma, minha mente parecia ignorar os avisos constantes de perigo. Estava ciente da conversa dos outros com a tal Alteza, mas a prateleira repleta dos sapatos mais incríveis que já vi tiravam completamente minha atenção daquilo.

As diversas coisas eram o verdadeiro paraíso para qualquer consumista — como eu —, e não seria inteligente desperdiçar a oportunidade única de renovar o guarda-roupas, certo?

“Certo!” gritava minha mente.

“Errado!” rebatia a parte mais sã de mim.

— Verônica, temos que sair daqui — Piper parecia aflita, mas por quê? — essa mulher… se ela for quem eu penso… ela é do mal, Ronie, acredite em mim! Os outros dois estão feito idiotas, talvez você consiga resistir ao charme e…

Parei para pensar alguns instantes, a Bonitinha não tinha motivos para mentir, e eu mal conheço a Sua Alteza. Por que estou acreditando na mulher mesmo? Como quem lê meus pensamentos, a vendedora disse:

— Olhe, querida, temos casacos novos nessa arara — a voz doce me atraia. — ficariam lindos em você.

No fim da frase, nem lembrava mais sobre qual assunto a filha de Afrodite — eu sequer era amiga dessa garota? — veio falar comigo. Provavelmente besteiras sem sentido.

Todo o clima nessa loja me lembrava de alguma coisa, talvez a última vez que estive no shopping com Judy. O que aconteceu mesmo naquele dia? Ri ao perceber que não sabia. A falta de memória de Jason parece me atingir, será que a culpa é dele? Deveria ir tirar satisfação…

— Escute, por favor, ela está controlando a mente de vocês — nunca reparei o quão irritante a voz de Piper era. — preciso da sua ajuda.

Segui o caminho, tirando roupas das prateleiras e resmungava algo como “segure” antes de joga-las nos braços da morena. Ela continuava atrás de mim, vez ou outra procurando pelos outros dois, completamente perdida. Como cego no tiroteio.

Num impulso fora do comum, ela largou as roupas no chão — minha roupinhas novas! — e, acreditem se quiserem, estalou um tapa bem dado nas minhas fuças. Tudo bem que não foi tão forte, mas… Fique anotando que quando disse coisas do tipo “se uma mulher dessas me desse um tapa, eu agradeceria”, estava apenas brincando.

— Amada? — o tom da minha pergunta saiu uns oitavos mais alto do que o comum.

Nesse momento eu já posso chamar a polícia?

— Ela está tentando nos separar. Olhe ao redor — segurou as mãos no meu ombro, chacoalhando levemente. Acabei realizando o pedido dela. — Ela prendeu o treinador numa gaiola, ela nem deveria estar viva! Bóreas não nos disse sobre almas não estarem mais no Hades? A Sua Alteza deve ter morrido mais de três mil anos, ela foi casada com o Jason original… o Jasão. Ela saiu do Mundo Inferior, como os monstros fazem de tempos em tempos.

Pensei nas suas palavras, faz sentido. E agora, longe da modelo aposentada, os argumentos da Rainha da Beleza faziam bastante sentido. Pensando bem, desde que entrei aqui o meu radar de perigo não parou de disparar.