XVII.

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Ares, o novo coach do Olimpo, lições de vida adquiridas
num pula-pula e a Princesa
dos Colchões

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Os dois perdedores continuavam a dormir como se estivessemos num hotel cinco estrelas, e não num esgoto estranho caçando monstros.

Fazia alguns bons minutos que minha única distração era balançar a fita rosa no ar, enquanto pensava na conversa estranha com o... "papai". Sentia como se estivesse deixando algo passar, ignorando alguma informação importante e, pela pouca experiência nesse mundo dos semideuses, eu sabia que esse detalhe nos causaria muitos, muitos, problemas.

Se ao menos o usuário de anabolizantes fosse direto ao ponto...

Mas não! Essas criaturas divinas - para não chama-las de outra coisa mais chula -, parecem ter um fetiche estranho por charadas e coisas ditas nas entrelinhas.

Aliás, que diabo foi aquilo de "não ignore aquilo dentro de você"? Pelo visto Ares resolveu abandonar o ramo da guerra e das pancadarias e investir numa carreira de coach motivacional. Talvez ele escreva um livro de auto-ajuda, aposto que faria um sucesso danado.

Dory estava de olho em mim desde o instante que acordei, ele ficou em dúvidas quando contei a visitinha do Deus de Guerra. O silêncio daqui me deixava completamente irritada, mas faltavam ideias de como puxar assunto.

- Você parece ser boa nessas coisas - ele coçou a parte de trás da nuca, apontando para a fita rosa. - Piper falou do que fez no galpão, obrigado.

- Tudo bem, Dory, aquilo foi o mínimo. - respondi em sussurros, dando de ombros.

- Leo contou da mulher na terra, disse que ela disse para vocês irem embora sem nós dois. - o Desmemoriado arrastou o corpo para perto de mim, provavelmente para não termos de falar tão alto.

Estremeci ao lembrar da Rainha da Sucata, dentro desse esgoto as lembranças dela pareciam ainda mais reais e aterrorizantes.

- Os argumentos dela eram fracos, nenhum de nós é imbecil ao ponto de pensar que ela não iria tentar nos matar depois - rebati. - Além disso, sempre gostei de salvar donzelas indefesas.

Aproximei meu corpo para apertar as bochechas dele, claramente provocando-o e torcendo pra ele não dar uma de Pikachu comigo. Ao contrário, Dory resolveu rir da brincaira.

- Deveria agradecer minha princesa encantada e grande salvadora? - balancei a cabeça, afirmando. Ele assumiu uma pose falsamente pomposa. - Obrigado, ó gentil senhora, serei seu fiel servo para o resto de minha bumilde vida.

Durante alguns minutos, o clima leve das brincadeira prevaleceu. Jason estava muito mais solto e despreocupado nesse momento, parecia mais com um adolescente normal e menos como um general adulto. Riamos, e então iamos checar se nossos companheiros de missão não haviam acordado com nosso barulho.

- Você se preocupa em excesso, Paquera de Amor Doce - o olhar dele mostrou confusão, fica a duvida se foi pelo apelido ou pela frase. - Seus ombros me deixam aflita.

- Meus ombros?

- É, eles estão sempre apertados e muito duros, em alerta eu diria - respondi. - Minha professora de teatro dizia que isso demonstra tensão e medo, quase como um mecanismo de desfesa.

Ploc. Ploc. Ploc.

A maldita goteira continuava a pingar, era incrível o quanto ela conseguia tirar minha paciência já pequena. Pingava e pingava, com o barulho infernal que parecia se infiltrar dentros dos meus ouvidos e ecoar dentro da cabeça. Contei oito pingos antes de ter uma resposta.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde histórias criam vida. Descubra agora