LVII.

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Meu pai divino é
o pior coach
emocional do mundo

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#Movimentosátiros
queremdesalário
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Preciso dizer que a cena de uma garota ruiva rindo horrores, agarrada numa placa de bronze celestial como se a vida dependesse disso, montada no cavalo mais veloz do mundo e acompanhada por outros dois semideuses apavorados e cansados deveria ser, no mínimo, muitíssimo estranha. Mas, em minha defesa, preciso argumentar de que nunca bati muito bem das idéias mesmo.

Ares e Marte estavam agitados, divididos entre gritar como dois caubóis dos filmes de faroeste ou reclamar por terem sido tirados da briga. Eu apenas continuei rindo, porque era idiota demais e porque estava feliz o suficiente pelo simples fato de continuar viva.

Ao menos por enquanto, dizia a minha parte pessimista.

Vá se foder, caralho. Rebatia a voz otimista, B1 e B2 fazendo sons de concordância ── que pareciam muito os alunos da quinta série incitando uma briga ──.

── Conseguiram a droga do bronze? ── perguntou Judith no exato instante que pisamos no convés, então a cabra desasada me olhou e soltou um suspiro muito alto. ── Claro que encontraram. Pela cara da cretina sorridente ali, deve ter sido divertido.

A Cachinhos Dourados abriu a boca para responder, provavelmente negando a parte do divertido, mas o Cavalinho Pocotó ao seu lado soltou um guinchado ── grunhido, grasnado, latido? Sei lá como se chama o som que os cavalos fazem ── impaciente, antes de dar no pé em uma nuvem de poeira muito chamativa. Ele gostavade entradas dramáticas, isso era um fato.

── Foi tudo incrível, Bodinho. ── Valdez disse, dando um passo para trás ao ver o olhar assassino da garota-cabra.

Continua dando apelidos para ela, continua. Depois, quando acordar com a boca cheia de formigas e abaixo de sete palmos de terra, diz que semideus não tem sorte.

── Tem areia e óleo de motor no seu cabelo no seu cabelo, cretino. ── disse ela, apontando os cachinhos dele. ── Não vou nem perguntar em que tipo de confusão vocês se meteram e o motivo da Verônica estar com um maldito coração escrito "time Leo" na bochecha, essa merda já é demais pra minha cabeça. Não sou paga o suficiente para isso.

Franzi o senho, enquanto passava as mãos na bochecha para tentar tirar o batom. Pensei em algo por alguns segundos e, quando Judy se virava para ir avisar o casalzinho Relâmpago Mcqueen sobre nossa chegada, resolvi perguntar a coisa que com certeza me deixaria curiosa pelo resto da vida caso não perguntasse agora.

── Sátiros ganham dinheiro?

A Underwood suspirou alto, revirando tanto os olhinhos castanhos que fiquei pensando se eles não ficariam eternamente virados para dentro.

── Não, Verônica. O único salário que eu ganho são úlceras de raiva. ── ela apontou um dos dedos na minha direção. ── Culpa sua. Tudo culpa sua.

Depois disso ela saiu batendo os pés ── cascos, na verdade ── apressadamente, na tão comum pilha de nervos que ela ficava todas as vezes que algo saia minimamente fora do seu controle. Não a julgo por isso, esse negócio de entrar como nossa acompanhante na missão deve ter sido a maior furada que a pobre sátiro já se meteu. Quando estava prestes a descer as escadinhas que levavam ao corredor dos quartos, ela virou para trás, agitando os braços num sinal impaciente de que fossemos atrás dela.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde histórias criam vida. Descubra agora