Extra IV

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A origem da dupla
Cherno e Byl
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O ensino médio é, para a esmagadora maiorias das pessoas, a própria amostra grátis do inferno. Um lugar onde o capeta vai sentar numa poltrona confortável e assistir os adolescentes se ferrarem dia após dia, porque, bem, junte uma caralhada de hormônios, uma bela dose de drama sem sentido e adicione algumas pitadas de pressão social e... voi là! Desastre total.

A minha eu de onze anos não achava isso. Bem, eu era meio sem noção (ainda sou um pouquinho, confesso). Mas me dêem um desconto, eu estava louca para poder deixar de usar os uniformes e entrar oficialmente no clube de teatro da escola ── os papéis que as turmas do fundamental encenavam eram um completo desperdício para o meu talento. Além, claro, dos diversos campeonatos escolares de ginástica.

Enfim, seria o sonho de consumo de todas as pequenas pré-adolescentes como eu.

Confessava achar o grupinho de líderes de torcida a coisa mais incrível do mundo, com seus pom pons coloridos e os uniformes estilosos. Elas eram as abelhas rainhas e todos os outros alunos seus zangões.

Ninguém falava, é claro, sobre o quanto as pessoas do ensino médio tendem a serem irritantes para um caralho. Nem todos, obviamente, mas a maioria. Agora, somem
adolescentes irritantes com a constante necessidade de se sentirem superiores e você terá a receita perfeita para confusões generalizadas.

E foi numa dessas confusões que eu conheci Judy, a minha sátiro de estimação ── embora na época eu não fizesse a mínima idéia sobre esse pequeno problema peludo dela. ── e carregadora oficial de sacolas.

Na época, aquele típico grupinho clichê de garotas ricas que implicam com os fracos e oprimidos resolveram encher o saco de Judith. Não lembro bem se por ela ser bolsista, manca ou usar os moletons horrendos dela ── aquilo deveria ser um crime, poluição visual completa.

O caso é que gostei dela desde o primeiro momento que pus os olhos naquele serzinho brega. Provavelmente pela maneira como ela encarava a líder loira e alta do grupinho, as mãos agitando um das muletas em movimentos lentos. Existia uma ameaça implícita ali: tente encostar em mim, e eu vou quebrar esse seu nariz cirurgicamente modificado, sua cretininha de merda.

Como euzinha nunca fui alguém de brigas ── namastê, minha gente! ──, resolvi interferir naquela potencial discussão.

Bom, para ser sincera, só queria que fossem descer a pancadaria em outro canto, porque elas estavam encostadas no meu armário e eu precisava pegar os livros de matemática ── a única aula em que não era um completo desastre (obrigada por nada, dislexia).

No fim, a infelizes acabaram caindo no meu papinho de "Oh! Vocês encontraram minha amiga para mim, muito obriga. Agora nós vamos sair de fininho para não nos atrasarmos para as aulas". Muito mais por saberem de que eu era filha, no caso neta ── vovó tinha descido o leque no diretor e na grande maioria dos professores quando eles disseram que, talvez, fosse melhor eu ser transferida para alguma escola para crianças com problemas intelectuais. Então ninguém tinha coragem de mexer comigo ── do que por qualquer outra coisa.

Então sobramos nós duas no corredor, eu tirei a chave da mochila cor-de-rosa e abri o armário pegando a apostila com a fita verde ── papai colocava uma fita de cada cor para não confundir nenhuma das matérias, já que naquela época eu mal conseguia ler direito as letrinhas miúdas na capa. Sorri o sorriso mais aberto que poderia, ignorando o fato dela estar coçando o nariz e me observando de maneira estranha.

Na época me perguntei se por acaso ela seria alérgica ao meu perfume, mas hohe em dia sei que ela apenas detectou o cheirinho de confusão generalizada que todos os semideuses tem.

── Oi, eu me chamo Verônica e você é uma aluna nova, então acho que podemos ser amigas. ── minha eu de onze anos disse, tão rápido que quase parecia estar cantando alguma música do Eminem. ── O quê aconteceu com as suas pernas?

Obviamente tato não era uma das minhas infinitas qualidades.

── Já falaram que você é meio cretina? ── a pergunta foi retórica, mas eu também não entendia muito esse conceito.

── Bastante vezes, na verdade. Mais do que você pode imaginar.

Ela acenou, na época o cabelo cacheado dela ainda não tinha as mexas pintadas de rosa, nem os escondido sob os bonés e toucas estranhas ── os chifrinhos dela ainda demorariam um tiquinho para crescer. ──. Quis mexer neles, mas achei que seria indiscrição até para os meus padrões.

── Certo, vamos lá, Cretina. ── ela resmungou, ajeitando a mochila nas costas. ── temos a primeira aula juntas.

Ignorei o fato dela me chamar de cretina, seguindo saltitando a garota manca ── que andava estupidamente rápido ── pelos corredores nem tão lotados agora


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Quando eu tinha doze anos, não havia mais Ronie sem Judy. Fosse em passeios da escola, trabalhos em dupla ── geralmente ela fazia boa parte e só colocava meu nome, com exceção dos de matemática (eu sempre fui boa com números e porcentagens) ── ou em qualquer canto que fosse. Inclusive nas idas semanais ao shopping.

Judy odiava a parte de carregar as sacolas, claro, mas nunca reclamou dos lanches. O que, convenhamos, é bem a cara dela. Na verdade, acho que no fundo, no fundo ela até gostava de ser arrastada de uma loja a outra, porque, bem, isso dava a ela motivos para fazer a coisa que mais gostava: reclamar.

Nunca admiti isso em voz alta, mas ser amiga de Judy me fez ser parte do que eu sou hoje em dia.

Aquela cabra maldita esteve comigo em todos os momentos da minha vida desde que tinhamos onze anos. Bem, eu tinha onze anos. Os sátiros envelhecem de maneira diferente e, na verdade, Judith tem uns trinta e poucos anos ── que equivalem a uns dezessete anos humanos.

Tá vendo? Essa safada tem trinta e quatro anos! Mas ela é conservada, porquê usa produtos Ivone.

Ela sempre ficava me ouvindo falar sobre os meus inúmeros crushs e, depois, me vendo reclamar e chorar quando terminavamos. E, bem, nem meus pais conseguiam aguentar meus dramas pós-termino, então Judy provavelmente tem um espacinho no céu ── ou nos Elisios ── por isso.

Enfim, mesmo quando me obrigava a ver filmes cheios de assustadoras galinhas fugitivas e colocava nos alto-falantes da escola sons de grasnados horripilantes, acho que posso dizer que ainda amo essa imbecil sem senso de moda.

Ps1: esse amor tem limites, Judith, então faça o favor de jogar aquele moletom, o com estampa do mercadinho qualquer que você ganhou em uma promoção meia boca, fora.

Ps2: é, nós duas sabemos que eu não iria deixar de gostar de você, nem se usasse crocs com meia ou combinasse estampa de onça com listras. Ou quem sabe fizesse tudo isso de uma só vez.

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Eai, meus lindinhos?
Como vão vocês?

Capítulo extra e bem pequeno em relação aos outros, mas eu já tinha
ele pronto num rascunho, então resolvi postar pra não ficar tanto tempo sem atualizar.

Além de que eu adoro as duas e eu realmente amo a amizade delas, embora não tenha conseguido escrever ainda todos os momentos entre elas duas que eu planejei.

E falando em planejar, eu tava pensando em fazer uma short
fic da Judy e queria saber se
alguém aqui leria.

Enfim, era só isso por hoje
mesmo, juro que vou tentar
atualizar logo.

Então até o próximo capítulo e
não se esqueçam de votar!

Bjos, _Pttwr_

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde histórias criam vida. Descubra agora