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Sinais claros de
esquizofrenia
⊱⋅ ──────────── ⋅⊰Os minutos que todos passamos no elevador foram os mais alegres de toda a minha curta e agitada vida.
Obervei vovó com especial curiosidade, tinha esquecido da maneira como a postura dela estava sempre perfeita — a coluna da velha era melhor que a minha —, ou como as roupas gucci estavam especialmente arrumadas mesmo depois de um dia inteiro trabalhando. Ela lembrava aquela mulher dos filmes que tinha uma revista de moda.
Tem quem diga que só damos valor quando perdemos, bom, eu não perdi realmente nada, foi só uma semana — que mais pareceu um século, confesso — longe desse circo que eu chamo de família. Mas, no exato momento que vovó abriu a porta do apartamento, as peças finalmente se encaixaram.
Era como voltar no tempo. Vovó andou até a mesa de canto, resmungando algo sobre “preciso tomar vodca” antes de gritar:
— Espero que esteja deixando Donna preparar o jantar, seu estúpido, não precisamos fazer nossos convidados morrerem com intoxicação alimentar.
O dito "estúpido" a quem a velha se referia apareceu na sala, e devo dizer que a cena do homem com quase dois metros de altura, usando um avental particularmente ridículo rosa com mãos pequenas impressas na frente e letras que deveria dizer “melhor pai do mundo” brilhando como pisca-piscas — eu fiz ele na primeira série, quando era especialmente aficionada por glitter colorido, me dêem um desconto — e inteiramente coberto por farinha, não era a mais digna de representar o grande Senhor Beauregard.
— A única pessoa que deveria morrer era você, velha maldita.
— Eu ainda vou sapatear no seu caixão. — retrucou ela.
Acabei rindo da interação dos dois. Sempre foi assim, vovó provoca e papai rebate, mesmo que no fundo — bem, bem no fundo mesmo — eles gostem um do outro. Na maioria das vezes, mamãe e eu apostavamos quem ganharia mais uma das discussões sem sentido — spoiler: a velha nunca perdia.
Talvez tivesse sido minha risada, ou o simples fato de que uma criatura de cabelos ruivos não consegue passar discretamente em um cômodo, porém logo o homem notava a minha presença. Num movimento rápido que eu só associaria a um leopardo atacando uma presa — péssima comparação, Verônica, péssima — Bernard estalou cada mísero músculo no meu corpo com um abraço que quebraria ossos de qualquer pessoa.
— Também senti sua falta, pai, mas eu ainda preciso respirar. — com a risada alta de sempre, ele me apertou a última vez antes de abrir os braços e, consequentemente, parar de pressionar meus pobres pulmões.
Atraída pelo barulho, o terceiro par de saltos soou na casa anunciando a chegada da integrante que faltava nesse circo. Quase senti pena dos três idiotinhas — o bode estava do outro lado do cômodo segurando um copo de alguma bebida, enquanto conversava animadamente com vovó —, as reuniões de família são sempre agitadas demais para quem vem de fora. Judith ficou horrorizada na primeira vez que encontrou meus pais.
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𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZ
Fanfiction・.。.:*・Verônica adorava sua vida, aos quinze anos possuia tudo que uma garota da sua idade sonhava. Tinha pais carinhosos e amigos, uma cobertura enorme numa área rica da cidade e mais roupas do que poderia vestir. Porém, quando teve de correr de um...