LXIV.

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Deveria     ser    um
arrume-se  comigo,
mas virou um tente
não surtar comigo.
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── Argolas de prata ou as douradas? ── perguntei, levantando ambos os brincos na altura da orelha.

Isso poderia ser facilmente um get ready with me, mas não. É só mais um capítulo da fanfic de merda que é a minha vidinha.

Jason apertou os olhos um no outro, estudando cada uma das opções como se precisasse escolher a arma que usaria para destruir o mais terrível dos monstros. Eu gosto disso nele. A maneira como, não importa o que seja, Dory sempre se esforça para fazer o melhor possível.

Por outro lado, Percy parecia muito mais perdido do que qualquer outra coisa, sem saber como veio parar ali. E como foi, você, pessoa-imaginária-que-converso-na-minha-mente, me pergunta. Bom, ele passou pelo corredor na hora errada. Essa é a resposta. Geralmente a Miss Universo quem faz dupla com o Superman na árdua tarefa de me ajudar a escolher esses acessórios. Por um infortúnio, Piper precisou se ausentar hoje ── a pobre Hazel precisava de ajuda por causa do enjôo, provavelmente para manter seus lindos cachinhos dourados longe da latrina.

Nemo teria de servir.

── Mas tem diferença entre as duas? ── o pobrezinho questionou, e por um momento me perguntei se Annabeth estava com ele por causa de alguma divida de jogo.

A Bela Adormecida suspirou ao seu lado, talvez tão indignada quanto eu pela blasfêmia que o filho de Poseidon cometeu. Ou apenas temendo uma hora de palestra minha sobre coloração pessoal e o poder que os acessórios trazem na imagem de alguém.

── As douradas são lindas, mas sinto que ficam meio apagadas no meio do meu cabelo. Por outro lado, ela combinam mais com o meu tom de pele. ── resmunguei, ouvindo Jason explicar baixinho sobre a maneira que o dourado realçava melhor com peles quentes e o prata com as frias. ── As pratas não combinam tanto com a minha paleta, mas destacam melhor no meu cabelo. Além disso, ficam mais bonitas com o vestido verde água.

Encarei os dois. Nemo claramente preferia estar preso outra vez no aquário do que ficar ali. Por outro lado, ao menos ele gastava mais tempo pensando em formas de fugir dali do que se torturando pelo que viu em Atlanta. No fim eu estava ajudando ele mais do que ele a mim.

Já o adorável Dory, como a bela geladeira de duas portas e inox que libera água gelada, não se importava muito de estar ali. Ele entendia que, no momento em que o adotei como meu super-hiper-melhor-amigo-semideus, a sua vidinha tinha sido atrelada a conversas sobre moda e tendências de beleza. Em contrapartida, ele tinha a mim para ser sua parceira nos treinamentos.

(Que inferno de existência infeliz! B1 reclamava de fundo, sendo ignorado completamente.)

Morre que passa, papi. Respondi. Não em voz alta. Posso estar ouvindo vozes, mas não estou louca ao ponto de falar sozinha. Aproveita e me diz, prata ou dourado?

(Morte aos inimigos de Roma! Dizia o outro, tão fora de econtexto quanto a discussão por causa de brincos. Dourado, traidora imunda!)

Eu ri sozinha. Ao menos recebi minha resposta.

── Bom, vou ficar com a prata mesmo.

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── Desembucha logo, Desmemoriado. ── disse, no exato instante que Nemo passou correndo para fora do meu quarto. ── Nem adianta tentar negar. Eu sei bem que quando me olha com essa carinha de cachorro que caiu da mudança, ou semideus que caiu no acampamento errado, você quer os meus serviços de terapeuta duvidosa.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde histórias criam vida. Descubra agora