XXI.

4.3K 569 954
                                    

⊱⋅ ──────────── ⋅⊰
"Um juramento a manter
como alento final"
⊱⋅ ──────────── ⋅⊰

Sabe aquela sensação de estar dormindo, sonhar que está caindo e então acordar sobressaltado e ofegante?

Bom, eu já tive muitos e muitos sonhos assim. Porém, acho que sou uma das poucas pessoas a realizar esse sonho não uma, mas duas vezes — tudo isso em uma única semana, acredite se quiser! —. Leo ainda estava apoiado em mim, usando meu corpo como encosto — no sentido mais casto da palavra, juro juradinho. —, quando tudo isso começou.

Drogon, meu doce e amado Drogon, resolveu dar defeitos outra vez.

Assim, como num dejavú de mal gosto, estavamos despencando rápido demais em direção ao chão duro outra vez. O dragãozinho não batia mais as asas enormes, os olhos feitos com rubi estavam opacos e sem brilho algum. Será que acabou a pilha? Talvez ele seja como um brinquedo gigante necessitando de baterias novas.

Esse é um bom ponto a ser pensado. Festus tem de carregar na tomada como celulares e carros elétricos ou tem algum tanque de combustível escondido dentro da barriga dele? Vai ver ele garde uma centena de pilhas dentro de si...

Certo, agora, definitivamente, não é o momento mais adequado para pensar em como o bichinho recarrega as energias. Não quando estamos prestes a virar panquecas no asfalto.

Minha barriga revirou só em imaginar panquecas. Caso continuemos vivos, posso checar com o Garoto em Chamas se ele possuí algo asdim no cinto mágico dele…

— Jason! — falando no estrupicio… — Agarre as duas e saia logo daqui!

Agarrar as duas? Mas sem pagar um jantar antes?

— E você vai sair daqui como? — gritei para ele, tentado ser ouvida sobre o rugido do vento ao nosso redor. — Filho de corno tem chifres, não asas!

Ele ignorou meu último comentário deliberadamente, olhando cada um de nós com o que percebi ser um lampejo de medo, logo substituído pela convencional feição de elfo risonho.

— Eu vou ficar bem, pode apostar. — a voz dele passava tudo, menos certeza naquela frase. — Festus está sobrecarregado, se diminuir o peso, talvez possa fazê-lo voltar a funcionar!

Sem pensar muito, o Paquera de Amor Doce enlaçou a cintura da Bonitinha com um dos braços — e que braços, 'benzadeus! —, me segurando com o outro. Assim, deixando o Elfo Latino se virando na fera metálica, disparamos no ar, vendo as duas criaturas aproximando-se da terra cada vez mais rápido.

Maldita seja a gravidade.

— Ele vai conseguir sair dessa, não vai? — resmunguei, sem saber exatamente a quem direcionei a pergunta.

Não admitiria nem sob tortura — tá, admitiria sim, foi exagero —, mas ver o filhote de ferreiro sumindo conforme nos distanciavamos causava em mim um sentimento muito, muito estranho. Quase como o de levar uma roupa favorita na lavandeiria e, quando pegar outra vez, perceber que ela manchou. Ou quebrar o salto de um sapato bonito (chorei na última vez que isso aconteceu, mas são só detalhes).

Espero que esse aperto no peito seja infarto, porque me apaixonar está longe de entrar no meu planejamento de vida atual. Para falar a verdade, meu único plano atual é sobreviver, o resto eu decido depois ou faço na base do improviso.

E obviamente esse é a pior hora para ter uma crise sentimental.

Por que eu só reflito sobre os rumos da minha vida e sobre sentimentos enquanto caio de um dragão ou estou prestes a morrer?

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde histórias criam vida. Descubra agora