LII.

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Só resolve na conversa
quem não se garante na
porrada
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Tinhamos nos reunido no refeitório ── ao menos os que não estavam apagados no quarto ──, infelizmente não para bater um rango legal, mas para decidir como iríamos continuar a nossa missão. E, convenhamos, nosso começo está longe de ser um dos melhores.

Algumas horas a bordo de Argos e já começamos uma nova guerra entre semideuses, se existisse alguma premiação para os piores diplomatas do mundo, sem dúvidas ganharíamos. Além, claro, do suposto conflitos entre as personalidades grego-romanas dos Infelizes Devedores de Pensão.

Bom, a parte boa de estarmos no refeitório era de que, embora o momento não fosse lá o mais propício para isso, ainda posso ouvir a reunião enquanto como um belo prato de batatas fritas. Ponto para Leo e seus irmãos que resolveram fazer da sala de jantar um ótimo ligar para reuniões.

Aliás, falando em Leo...

O Garoto em Chamas continuava falando com Drogon naquela língua de grunhidos e cliques mesmo a distância, os alto-falantes do cômodo tocando alto os chiadinhos da cabeça de proa. Para qualquer pessoa minimamente sã seriam apenas sons de interferência, mas meu namorado ── e mesmo eu em menores quantidades ── conseguia entender perfeitamente as palavras ── poderiam ser chamadas assim? ── do fiel dragão sem-corpo.

Bronze celestial, precisamos pousar, remos comprometidos, velocidade reduzida. Esses eram os fragmentos da conversa que distingui, sendo suficiente para entender um tiquinho da situação ── precária, só pra variar ──.

O clima entre nós poderia ser descrito como, no mínimo, estranho. Nos momentos que o Latino Detonador de Cidades não falava com Festus, nós nos olhavamos sem saber realmente o que fazer. Como iniciar conversas civilizadas com semideuses desconhecidos, eis a questão.

"Mate eles."

Não, versão romana do meu papai nada querido que insiste em berrar frases agressivas na minha cabeça, matar eles não é bem uma opção civilizada. Eu diria ser exatamente o contrário. Talvez explodar gostos em comum na tentativa de começar um diálogo agradável fosse o mais fácil nessa situação.

"Só resolve na conversa quem não se garante na porrada, garota."

Uh. Vejamos bem, esse foi um conselho de Ares, mas tenho a impressão de conseguir ver o rosto solene de vovó acenando com a cabeça em concordância. Embora ela nunca vá admitir concordar com ele, convenhamos, encontre alguém que odeie mais Ares do que a velha Eisen e falhe miseravelmente.

- Annabeth disse que foi você quem disparou a balista? ─ esse era o Salva-vidas de Aquário, sendo tão suave quanto um coice de jumento.

E se as coisas estavam tensas antes, adivinhe! Piorou. Já dizia o poeta: pior do que tá, sempre fica ── a frase original é meio diferente, mas quem se importa? Essa fanfic é minha mesmo, eu faço as regras, eu sou a lei, essa é uma monarquia onde Verônica Beauregard é a rainha suprema e absoluta ──.

Meninos, tão sutis quanto elefantes vestindo tutus ou o infame taco de beisebol rosa gritante que o Ladraozinho de Merda tem.

── E-eu não queria realmente explodir uma cidade. Sério. ── ele começou a explicar, se embolando nas palavras enquanto batucava os dedos da mão sobre a coxa. ── Na verdade eu queria na hora, m-mas ao mesmo tempo não queria, entendeu? Ah, cara, eu sinto muito.

E o prêmio de melhor explicação vai para... ── rufem os tambores ── o Bob Construtor Fajuto!

── Sente muito? ── rebateu.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde histórias criam vida. Descubra agora