XIX.

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Talvez Ares não seja
um boçal sem noção
100% do tempo...
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Dizer que o clima estava tenso naquele lugar era um puta eufemismo.

Piper e Medéia gritavam uma com a outra, enquanto isso, Debi e Loide — créditos à Judy pelo ótimo apelido — apontavam as armas um para o outro e também na minha direção. Agora diga, pessoa-com-quem-eu-converso-na-minha-imaginação, como enfrentar dois pokemons superpoderosos, sem nenhum tipo de poder? Hum?

Vou fazer o quê? Socar a cara do Pikachu e do Charmander?

— Sabe, vocês dois não precisam fazer isso… Vocês nem querem fazer isso. — obviamente minha tentativa não parecia dar certo. — Eu sou um bebêzinho fofo da qual vocês não querem machucar, né? Vamos lá! Somos todos amiguinhos de coração…

A verdade era que sozinha, eu nunca conseguiria tirar os dois boçais do transe. Nossa única chance seria que Mclean conseguisse vencer a Bruxa Má, e colocar mais charme na voz. Enquanto ela estivesse bem o suficiente para falar, nós ainda teriamos alguma esperança.

— Você arrastou meu pai a uma armadilha. Ajudou o gigante… — a cherokee dizia, estava com raiva de algo.

— Ah, minha querida, contenha-se. Sou uma grande vidente, já deixei claro. Prevejo o futuro tão bem quanto o seu oráculo. Anos atrás, ainda sofrendo nos Campos de Punição, tive uma visão dos Oito na sua Grande Profecia. Vi seu amigo Leo aqui, e notei que ele seria um inimigo importante. Adentrei a consciência de minha patrona, avisei-a, e ela conseguiu despertar por um tempo… o tempo suficiente para visitá-lo.

Pera, quê?

Seria engraçado se não fosse trágico o momento que Piper e eu viramos, numa sincronia absurda, na direção do Garoto em Chamas. Ele, porém, continuava com o olhar vidrado e segurando firme seu inseparável martelo.

—Ela trabalha com a Rainha da Sucata, criatura! — gritei, tentando faze-lo voltar ao estado normal.

— Leo, ouça Verônica! — disse a Bonitinha — Medeia ajudou a matar a sua mãe!

Contrariando as expectativas de que agora ele voltaria ao normal, o garoto apenas respondeu, dirigindo-se à Princesa dos Colchões:

— Então… Vou atacar Jason e Verônica, certo? — murmurou, a voz perdida e ainda hesitante.

Medeia confirmou, aproveitando o momento — nada bom — para incentivar Jason a nos atacar com todo a sua força. O sorriso maligno estampado no rosto dela lembrava muito o gato de Alice no País das Maravilhas, mas, se parar para pensar, ela era mais parecida com a Rainha Vermelha — a louca do “cortem-lhe as cabeças!”.

— Jason, Leo, escutem. — a garota estava excepcionalmente motivada, a voz dela nunca esteve tão forte e, ao mesmo tempo, atrativa. — Medeia  está usando o seu charme contra vocês. É parte de sua magia. Vocês são grandes amigos. Não lutem entre si. Lutem contra ela!

Sequer reparei nos garotos, mas no fim da frase eu mesma já sentia o impulso de me jogar no pescocinho fino daquela perua decadente e meter a porrada nela. Talvez seja culpa do charme da filha de Afrodite. Talvez seja culpa dos genes de Ares. Nunca vou descobrir.

Os patetas hesitaram, olhando um para o outro e depois para mim. Jason piscou, saindo do transe, enquanto Leo franzia a testa e deixava a boca aberta — uma cena divertida, eu diria. A Jumenta de Colchis vacilou, percebendo que a sua macumba já não estava fazendo tanto efeito.

— Eu estava a ponto de machucar vocês? — O loirinho murmurou, dirigindo-se a mim e ao latino. Acenei, concordando com ele.

— Algo sobre a minha mãe…? — Disse o outro, virando em direção à Medeia. — Você… trabalhando para a Mulher de Poeira. Você a enviou à loja. — a expressão dele endureceu, algo muito incomum se tratando de Valdez. — Senhora, eu tenho um martelo de dois quilos com o seu nome escrito.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde histórias criam vida. Descubra agora