VIII.

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𝐨  𝐪 𝐮 𝐞  𝐭 𝐞 𝐦 𝐨 𝐬  𝐩 𝐚 𝐫 𝐚  𝐡 𝐨 𝐣 𝐞 ?
𝐦 𝐨 𝐫 𝐭 𝐞 𝐬,   𝐬 𝐚 𝐧 𝐠 𝐮 𝐞    𝐞   𝐝 𝐨 𝐫 ?
𝐦 𝐚 𝐫 𝐚 𝐯 𝐢 𝐥 𝐡 𝐚 !

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O lugar onde estava era desconhecido por mim, mesmo assim, sabia que estava em perigo e algo de ruim logo, logo, iria acontecer. A casa grande estava num completo breu, o vento gelado fazia meus cabelos balançarem como um chicote.

Lembro de ter chamado por Judy, talvez na esperança dela tocar sua flauta deixando tudo colorido e leve outra vez. Obviamente isso não aconteceu, oras, nem sei porque ainda espero que algo dê certo na minha vida. Segui o caminho à frente, ouvindo apenas o barulho dos sapatos de salto baterem no chão pedregoso.

O frio crescia cada vez mais, e o silêncio sepulcral passou a ser preenchido por rosnados assustadores. Duas torres, de diferentes tamanhos se erguiam na escuridão. Uma delas era maior e mais densa, feita de massa escura e sólida. Jamais conseguirei entender se o arrepio que senti foi causado pelo clima ou era simplesmente medo.

As construções estavam em movimento, aquela mais pesada parecia crescer alguns poucos centímetros a cada segundo, enquanto a outra parecia… enfraquecer. Lembro de correr para perto da energia, atraída como mariposa perto do fogo.

Aquele parecia o tipo irritante de sonho em que você corria, corria e continuava no mesmo maldito lugar. Retumbou entre os outros sons a voz já conhecida por mim, a mesma que sussurrou em meu ouvido para aproximar-me de Jason.

"Venha até mim, pequena vitoriosa, liberte-me da minha prisão. Não fuja do seu destino"

Levantei num sobressalto com o solo de guitarra vindo da bendita caixa de som, os filhotes de Rocky Balboa constumavam ligar as mais variadas músicas de rock num volume ensurdecedor.

Paciência Verônica, paciência.

Resolvi ignorar o sonho estranho, e prestar mais atenção no mostro que habitava o meu estômago e gritava por comida, a hora do jantar finalmente havia chegado. Levantei da cama, sem lembrar de qual momento adormeci ou mesmo me deitei.

Pronto, agora além de ouvir vozes e ter sonhos estranhos vou ficar com amnésia? Só o que faltava para completar a desgraça.

Ajeitei os cabelos numa trança, retoquei a maquiagem feita mais cedo, calcei os saltos e sentei no lado de fora do chalé, esperando os trogloditas terminarem de se aporntar.

— Como foi com o campista novo, Cretina? — Judy passou os braços sobre meus ombros, enquanto usava a outra mão para levar um pedaço de plástico à boca.

— Seus modos alimentares já foram melhores. - resmunguei enjoada.

Sis midis ilimintiris ji firim milhiris. — falou afinando a voz e revirando os olhos em deboche. — Não respondeu minha pergunta.

Passei alguns segundo decidindo se a responderia ou iria fingir que essa criatura não existia. Pelo tempo da nossa amizade, e somente por isso, resolvi manter a conversa.

— Ele não lembra de nada, absolutamente nada. Parecia que a Dory estava com medo da casa grande, do Quíron, do acampamento… na realidade, medo de tudo.

— Um dia aqui, e você já coloca esse apelido? — confirmei num aceno de cabeça, meus cabelos ruivos balançando. Underwood riu baixinho. — Pobre garoto. Mal chegou e tem de te aturar, posso apostar que ele nos acha um grupo de idiotas por sua causa.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde histórias criam vida. Descubra agora