LX.

1.8K 215 150
                                    


⊱⋅ ──────────── ⋅⊰
Alá! A fanfiqueira de
merda querendo dar
uma de Stephen King
⊱⋅ ──────────── ⋅⊰



Sabe, eu sempre achei que essa fanfic de merda tivesse uma pegada mais de humor. Uma vibe mais pastelão e afins. Comédia romântica, talvez? Não sei, algo nesse gênero. Agora, desde quando a infeliz resolveu que ia enfiar espíritos possuidores e sacrifícios na jogada? Isso definitivamente não tava no script. É sempre bom lembrar: fanfic de comédia romântica de baixa qualidade é completamente diferente de fanfic de terror de baixo orçamento.

.


Quando tinha uns cinco anos, jurava porque jurava que tinha um monstro dormindo de baixo da minha cama. Esse monstro provavelmente teria penas e bicos, como uma galinha ou um ganso, e só estaria me esperando dormir para enfiar suas garrinhas na minha jugular. Eu morria de medo dele, mesmo que todo mundo me dissesse que monstros-aves não existiam.

(Meus parentes estavam errados, pelo visto, ou nunca conheceram as Harpias)

Geralmente eu corria para o quarto dos meus avós ── naquela época, eles dividiam o quarto logo a frente do meu ── e só voltava para a cama quando convencia um dos dois a ir checar a segurança do quarto. Meu avô andava em volta da cama se apoiando na bengala ── ele não era tão velho assim, mas tinha um problema no tornozelo que conseguiu na guerra do Vietnã ──, então, quando terminava de fingir estar caçando monstros, ele dizia que tudo estava limpo e eu poderia voltar a dormir. Depois que ele morreu, foi vovó quem assumiu o posto de afasta-fantasmas. Ela não fazia uma vistoria completa no lugar como o marido, na verdade mal entrava na porta, só olhava ao redor segurando o robe de seda no corpo.

"Se tem algum fantasma aqui, acho melhor dar no pé. Agora." E era isso, ela simplesmente voltava para cama depois. Eu podia até ter medo de monstros-galinha, mas era esperta o suficiente para saber que, se eles existiam mesmo, ficariam assustados só em ver vovó.

Nunca quis tanto ter minha avó aqui. Ela meteria medo nos eidolons, eu sei que meteria ── a velha mete medo até em Ares, quem diabos são esses espíritos na fila do pão ──. Mesmo B1 e B2 ficaram em silêncio, tensos como quem assiste a um filme de suspense.

── Eles estão aqui? ── perguntei baixinho, era besteira, mas tinha a impressão que eles podiam nos ouvir. ── Tipo, aqui nessa sala?

A Bonitinha olhou ao redor, quase pensei que ela puxaria um tabuleiro ouija do meio das roupas. Obviamente ela não fez isso. Graças aos deuses. Seria demais até para mim.

── Possivelmente dentro de alguns de nós. ── olhei ao redor, todos pareciam normais. ── Não sabemos.

Inconscientemente, olhei na direção de Leo. Ele me parecera normal nas últimas horas, sem nenhum indício de que queria explodir cidades ou atacar amiguinhos. Apenas o Elfo Latino em seu estado habitual. Ainda sim... havia algo incomum nele, um tipo estranho de inquietação, diferente da forma agitada de sempre. Era sutil demais para ser percebido antes, sem a afirmação de Piper.

── Ouçam todos. ── disse ela, erguendo as mãos ao alto para chamar nossa atenção e depois olhando nos olhos de cada um. ── Eidolons, levantem as mãos.

A voz dela pesava com o charme e senti uma pontada de orgulho ao ver minha amiga controlando tão bem os poderes e a situação, ainda que a dita situação fosse um tanto... atípica. Muito atípica, até para os nossos padrões.

── Acha mesmo que isso vai... ── o Garoto em Chamas começou a falar, a voz morrendo ao poucos, enquanto o rosto perdia a expressão e o seu braço, pouco a pouco, se erguia.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde histórias criam vida. Descubra agora