LXIII.

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Não gosto de gente morta
(nem de gente viva,
ou gente em geral)
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A história que o trio parada dura contou sobre sua visita ao aquário teve de ser contada enquanto Leo realizava uma manobra de decolagem nada segura e, mesmo que ele fosse meu namorado, me questionava cada dia mais se a ideia de deixar um navio daquele porte nas mãos de um adolescente de dezesseis anos sem carteira de habilitação era mesmo a coisa mais sensata a ser feita. Bom, na verdade eu sei que não é a mais sensata, a quem eu tento enganar? Mas se for para para pensar, viajar numa missão suicida com adolescentes e duas criaturas metade bode são decisões ainda piores.

Entre a descrição da missão no aquário e das criaturas presas, a confirmação de que realmente havia uma recompensa pelas nossas cabeças e a discussão inútil sobre quem valia mais, já que os idiotas não percebem que isso não nos levaria a nada ── e todos sabem que meu valor é simplesmente inestimável ──, a informação mais precisa que recebemos foi a de que precisariamos ir para Charleston.

── Bem... consigo pensar em dois lugares em Charleston onde podemos procurar. O primeiro deles é o museu onde guardam o Hunley. Lá há muitas relíquias da Guerra de Secessão. ── dizia Dory, que finalmente lembrava de alguma informação importante da vida passada dele ── Pode ter um mapa escondido em alguma delas. Conheço o museu. Posso colocar uma equipe lá dentro.

── Eu vou ── disse Leo, com a animação de um pinto na lama ── Isso parece legal.

Claro, gente morta e dezenas de máquinas de guerra. O Garoto em Chamaa realmente tem um gosto bastante questionável.

Jason assentiu. Voltou-se para Frank, que tentava soltar os dedos uma algema chinesa que ele tirou de deus-sabe-onde. Esses brinquedinhos são o ápice da humilhação, só perdem para os cubos mágicos infernais e aquele maldito jogo, onde você precisava apertar os botões para colocar argolinhas no lugar mas, sempre que você conseguia pôr uma no lugar, outra saia.

── Você também deve vir, Frank. Podemos precisar de você.

Frank pareceu surpreso, as mãos até mesmo parando de se contircer para sair da armadilha do brinquedinho.

── Por quê? Não fui de grande ajuda no aquário.

── Você se saiu bem ── assegurou-lhe Nemo, como coach que era ── Não teríamos conseguido quebrar aquele vidro sem você.

── Além disso, você é filho de Marte ── comentou o loirinho . ── Os fantasmas de causas perdidas são obrigados a servi-lo. E o museu em Charleston está cheio de fantasmas de confederados. Vamos precisar de você para mantê-los na linha. ── Dory acabou olhando para mim depois disso ── Acho que talvez seja melhor você não participar dessa, Verônica. Eles podem não reagir tão bem assim a uma filha grega da guerra.

── É, uma porção de filhos da puta que vão me odiar. Já tô até acostumada ── resmunguei, sabendo bem que eu mesma não queria passar o dia cercada daquele tipo de gente, mesmo que essa gente tivesse morta há uma caralhada de tempo. ── Tio Jason tá certo, prefiro ficar longe dessa parte da missão.

No fundo, no fundo eu tinha esperança de ficar tranquila no Argos. Para falar a verdade, hoje fazia um sol bastante agradável e seria ótimo poder pegar uma vitaminazinha D.

Depois disso, uma confusão breve e bastante aleatória se desenrolou, com meu meio irmão tendo um problema terrível para se livrar da maldita algema chinesa que prendia os dois indicadores dele um no outro. O tipo de coisa aleatória que você só encontra num barco cheio de semideuses com TDAH e em fanfics de merda.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde histórias criam vida. Descubra agora