XIV.

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Tico e Teco atacam
novamente!
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Com os três monstros destruídos — eu matei um deles sozinha! — e do garoto do martelo ter, literalmente, pegado fogo, tivemos de dobrar um quebrado para despendurar os dois estrupicios. Dory passou o tempo inteiro desmaiado, alheio ao esforço descomunal que fizemos.

Finalmente, quando o casal que ainda não é um casal estava com os pés no chão, busquei um pouco de néctar — a bebida milagreira que cura de um tudo, parece até o chá de cidreira da minha avó — na bolsa e enfiei — literalmente — goela abaixo na boca do desmemoriado.

Infelizmente, éramos semideuses e a nossa sorte nunca dura mais do que cinco minutos.

Os monstros — que haviam virado pó na nossa frente — começaram a se refazer do nada, e, nessa hora, fizemos aquilo que pessoas como nós sabem fazer de melhor: fugir.

Carragamos o dorminhoco, Jason além de perder a memória tinha tendência a perder a consciência, para o mais longe que podíamos. Chegamos ao lugar exato onde Festus estava estatelado no chão, olhei ao redor, procurando os resquícios daquela mulher maldita da terra. Se ela aparecesse, faria questão de arremessar alguma das armas que Clarisse afofou na minha mochila.

— Nossa! Esse cheiro está...

— Horrível? Insuportável? De matar? — completei a fala de Piper. — É, de tantos lugares para cair, o banguela resolveu aterrissar aqui. Bom, poderíamos ser nós a cair aqui, ainda estamos no lucro.

Ela balançou a cabeça, concordando que seria bem ruim cair num monte de dejetos secos.

— Aquilo lá no galpão foi incrível. Leo, literalmente, pegou fogo e você, eu nem  acreditei ainda no que fez! — nem eu minha querida, pensei sozinha, meu plano foi insano. — Aliás, preciso dizer, você dança bem.

Dessa vez eu quem sorri, se tinha uma coisa que levantava a minha, já bem alta, autoestima eram elogios às minhas danças. Veja bem, passei praticamente a vida inteira treinando ginástica, balé, treinando a elasticidade e outras coisas cansativas — seis horas por dias, seis dias por semana, para ser mais exata —, só para dar o máximo de mim. Não ser a melhor do mundo, claro, mas a melhor que eu pudesse ser.

O silêncio estava prestes a reinar, enquanto observavamos, aflitas, a massa escura que era o galpão atrás de nós. Sabe a cena do filme com o palhaço assassino? Que o menino perde o maldito barquinho, corre atrás dele até ver cair no bueiro. Todos assistindo sabem que vai dar merda, a música indica isso, o cenário indica isso, a tensão indica isso.

Nossa situação é semelhante.

Sabe lá deuses quando a família buscapé versão ciclopes vai se reanimar, mas nós sabemos que em algum momento eles vão voltar. Para piorar, Jason continuava inconsciente pela pancada, parecia melhor do que a cinco minutos atrás, porém ainda estava desacordado. E, sendo ele o líder dessa missão infernal, era comum estarmos meio perdidos sem ele.

Piper estava extremamente aflita, prestes a entrar em colapso caso o namoradinho — que ainda não é namoradinho — continuasse dando uma de Bela Adormecida. Tá ai! Vai ver ele precisava de um beijo para acordar.

— Hey, Menina-por-quem-eu-começo-a-ter-uma-queda — passei os dedos frente ao rosto dela, chamando sua atenção. — Vai dar tudo certo.

— Sim, claro… — a voz saiu incerta, mais como uma pergunta do que afirmação. Ela esfregou os braços, abraçando o próprio corpo do frio.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde histórias criam vida. Descubra agora