6.5 - Gloss

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— Você é o melhor. — ela sussurra ao pé do meu ouvido, sobre sua respiração ofegante.

— Você que fez tudo. — deslizo minhas mãos por suas costas para dentro do uniforme aberto, dedilhando suas costelas para sentir seus arrepios.

— Não, tô dizendo como um todo. — explica retirando o rosto da curva do meu pescoço e começando a enfiar os braços de volta nas alças. — Enfim, preciso me limpar. — prende seu cabelo no alto antes de segurar meu rosto com as duas mãos e me beijar levemente.

— Tem lenços aí. — aponto para o porta-luvas e acendo um cigarro comum para mim.

Makena revira alguns documentos até achar a caixinha de lenços que guardo exatamente para estas situações, então começa a limpar suas coxas e barriga, do meu sêmen.

— Quando terminar eu volto. — aviso ao ouvir sua tosse pela fumaça, mesmo com as janelas abertas.

Ela assente agradecida e eu saio batendo a porta, terminando de fechar meu cinto e me apoiando na lataria do Mustang amarelo, que estava parado na garagem há meses. Quando percebi, estava com o maior sorriso que dei em meses, me sentindo leve e até, revigorado; a vida é boa quando se tem a companhia certa. É bom passar o tempo com um dos motivos que me faz levantar da cama todos os dias. Passei o dia de ontem com Casie, mas mal posso esperar para buscá-la e passarmos mais um dia juntos antes de precisar voltar pros palcos.

— Você lembra onde eu deixei meu gloss?— Makena pergunta de dentro do carro, me retirando momentaneamente dos meus pensamentos para negar com um aceno de cabeça.

Enquanto piso na bituca que sobrou, tateio os bolsos da minha calça e acabo o encontrando. Quando me viro para entregar para a garota, meus olhos vão de encontro com o parasol de seu lado, aberto, e em seguida para o papelote cheio de cocaína em suas mãos, que ela analisa com uma cara nada boa antes de se voltar para mim.

— Porra. — murmuro e esfrego minha barba nervosamente, sob o olhar descrente e as sobrancelhas franzidas em minha direção que me faz afastar da janela por um momento, pra conseguir voltar a respirar. — Eu posso explicar.

— É o que eu espero. — escuto seu lado da porta bater e seus passos vindo na minha direção. — Eu vou perguntar só uma vez e espero que você fale a verdade. — diz, segura meu rosto com sua mão livre e juro, posso sentir seus olhos olhando direto pra minha alma. — É seu?

Ela pergunta mesmo sabendo a resposta, e isso me mata. Eu não quero falar sobre isso, mas não quero continuar escondendo. Me dei conta disso no dia que estávamos na cozinha e ela me contou sobre seu avô; por mais indiferente que ela tentasse parecer, engoliu em seco e eu sabia que em algum momento teria que parar de vez, mas não pensei que seria agora.

— Sim, ou não, eu não sei; faz meses que eu não uso esse carro. — afasto meu rosto de sua mão, sentindo um misto de sentimentos me corroer por dentro.

— Isso é tão cansativo!— ela exclama depois de um segundo em silencio, me encarando, em uma mistura de raiva, choro e decepção. — Você só sabe esconder as coisas de mim.

— Eu não escondi nada, nem sabia que essa merda tava aí, Makena!

— Mas que merda, Colson! Por que você sempre tem que fazer isso?!

— Você sempre soube dos meus problemas, Makena!

Ela me observa por um segundo e eu quase morro com a decepção presente no seu olhar. A garota inspira profundamente antes de perguntar:

— Quando foi a última vez que você usou?

Não faz nem uma semana. Eu voltei com as drogas que havia parado, sei que não devia, mas mantive meu número com o traficante. Foi minha válvula de escape pro estresse e pra todas as coisas bizarras que passam pela minha cabeça quando ela não está por perto.

𝒍𝒐𝒗𝒊𝒏𝒈 𝒊𝒔 𝒆𝒂𝒔𝒚 - 𝕄𝕒𝕔𝕙𝕚𝕟𝕖 𝔾𝕦𝕟 𝕂𝕖𝕝𝕝𝕪Onde histórias criam vida. Descubra agora