𝒍𝒐𝒗𝒊𝒏𝒈 𝒊𝒔 𝒆𝒂𝒔𝒚 - 𝕄𝕒𝕔𝕙𝕚𝕟𝕖 𝔾𝕦𝕟 𝕂𝕖𝕝𝕝𝕪

4.8 - Vadia sonsa

P.O.V Kells

— Cala a boca e senta. — Makena, gentil como sempre, ordena, pressionando sua mão levemente para que eu me sente sobre a tampa fechada da privada.

Ela pluga o secador na tomada assim que me sento de costas para si, com uma toalha enrolada na cabeça e vestida em uma das minhas camisas. Enquanto sinto seus dedos abrindo passagem para o ar quente secar meus fios, fico a olhando pelo reflexo do vidro do chuveiro, cantarolando baixinho e alternando seu peso de uma perna para a outra. Ela não parecia saber o que falar, ou o que fazer diante daquela situação toda, então apenas me pegou e entramos debaixo do chuveiro, onde ela lavou minha cabeça enquanto deixava o descolorante fazer efeito em seu cabelo, o que me fez esquecer a situação por um tempo.

Parece piada Karen aparecer depois de eu ter deixado bem claro o quanto não queria voltar a vê-la. Me sinto ridículo por fazê-la cuidar de mim desse jeito, mas eu nunca preciso pedir; ela simplesmente faz, e fica puta quando reluto.

— Pronto. — chama minha atenção, desligando o secador e deixando um leve beijo no meu escalpo de uma forma tão carinhosa que até me faz sorrir por um momento. — Agora para de me olhar. — sorri constrangida e retira a toalha da cabeça para pendurar no gancho. As vezes nem parece que namoramos, porque eu ainda a deixo constrangida facilmente. — Manchei sua toalha. — avisa, virando para que eu visse as manchas de descolorante no tecido preto.

Com meu dar de ombros para o ocorrido, ela segura minha mão e me puxa de volta para o quarto, onde eu sento no pé da cama escutando suas unhas batendo na tela de seu telefone, mandando mensagem para alguém, depois se senta ao meu lado e encosta sua cabeça no meu braço.

— Se você não quiser falar, realmente não precisa. — avisa depois de alguns segundos em silencio. — Eu não vou mais te fazer sentir forçado a falar comigo, vou só respeitar seu espaço porque é isso que casais fazem.

Ela parece tão desconfortável por não saber o que me falar, que eu apenas seguro sua mão para não fazê-la me responder. Sinto vontade de pedir para Makena não se preocupar comigo, mas ela vai simplesmente ignorar e se fazer de surda.

Sinceramente, fico feliz por ela não entender como me sinto porque isso significa que é diferente de mim, e nunca passou por algo tão fodido. Acho que uma das minhas coisas favoritas no nosso relacionamento são nossas personalidade totalmente distintas, o que foi estranho no começo, mas foi só questão de tempo para entender seus gostos e jeito. Mas do seu humor imbecil eu gostei desde o começo porque é compatível com o meu.

Diante da situação, eu estaria fumando igual um filho da puta, mas agora tenho uma namorada com bronquite que se preocupa muito comigo que, sinceramente, nem mereço todo seu amor e afeto, que me faz sentir vontade de socar minha própria cara quando a chateio, que me fornece todo o carinho que não recebi durante esses anos, e que ocupa minha mente com qualquer coisa só para não me deixar pensar muito nos meus problemas — o que acaba sendo uma merda depois, porque eventualmente ela vai embora e os pensamentos vêm de uma vez só —. Para ser sincero, Makena é tão legal que eu nem sei porque ela gosta de mim; somos tão diferentes que nem ao menos imaginava acabar sentado ao seu lado depois de um episódio desses, usando anel de compromisso, sentindo seu cabelo molhado no meu braço depois de algum tempo beijando-a no banho. Só fui perceber a merda que havia acontecido dentro de mim, quando comecei a ficar ansioso para vê-la e me referi a mesma como "namorada" para terceiros, sem nem perceber.

— Tá com sono?—pergunto ao ouvir seu bocejo, que me faz bocejar também.

— Mais ou menos. — suspira e se deita, logo estendendo seus braços na minha direção. — Vem cá.

Eu faço o que ela pede, deito a cabeça em seu seio e passo meus braços ao seu redor da melhor forma possível, ela espelha o ato e me abraça com suas pernas também. Pensei que a garota estivesse dormindo, mas daí ela propôs algo que eu realmente não esperava: