3.0 - Spring Break

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~ semanas depois ~

Acompanho com meus olhos Bruce sair da sala para atender seu telefone, esperando-o fechar a porta para colocar meu plano em ação.

— Blue — chamo a garota que mexia em seu telefone, ela me olha. — vou esconder a caneta do Bruce. — já começo a rir e ela também, balançando a cabeça em apoio.

Ponho sua caneta no meu estojo, ainda rindo com a garota. Sempre faço isso com Bruce e nunca perde a graça, pra mim, pelo menos.

— Ele tá vindo, disfarça. — o homem volta guardando seu telefone enquanto eu e a garota quase explodimos segurando a risada. Ele se senta no seu lugar ao meu lado, mas nem eu e nem Blue conseguimos nos conter quando o mesmo olha em volta, com o cenho franzido. — Bruce, cadê sua caneta?

Ele me olha tipo "sério?" e diz: — Devolve. Nem sei por que você tenta ainda.

Então nós duas nos acabamos de rir, chamando um pouco de atenção. Me encosto em Blue, que aponta pra cara de Bruce e ri.

Depois de rirmos bastante, devolvi a caneta de Bruce e guardamos nossas coisas, liberados, mas com uma pilha de trabalhos para entregar em um prazo bem curto. Enquanto esperávamos o metrô, eu e a ruiva ainda riamos da cara de Bruce Espinosa — descobri seu nome hoje, quando sua mãe nos deu uma carona —, parecendo duas crianças do ensino fundamental, até que subimos no transporte e Blue me perguntou:

— O que vai fazer no Spring Break, Makena?

— Ah. Sei lá. Vou ficar em casa com o meu irmão.

Nunca faço nada no Spring Break, evito até sair pra não encontrar a manada de jovens em seu pior estado: drogados, bêbados e com tesão até por um escapamento de carro. É tipo o inferno, mas trinta vezes pior.

— O quê?!— perguntam em coro, me olhando como se eu fosse louca, ou tivesse acabado de ofendê-los.

— Não gosto de sair. — dou de ombros. — As praias ficam cheias e os mercados e parques com filas enormes; é um inferno. Não sei se ficou claro ainda, mas não gosto de gente.

— É um pouco irritante, mas e se nós formos pra uma cabana no Lake George?

— Nós?— devolvo, confusa.

— É, burra. — Bruce revira os olhos. — Agora nós somos amigos você querendo ou não.

Ficamos em silêncio, eu um pouco constrangida e eles também, até que Blue se pendurou na barra alta e passou as pernas ao meu redor com um semblante maníaco, me fazendo rir.

— Ainda bem que você parou de ser da paz, era muito chato. — confesso e o moreno concorda enquanto Blue volta pro chão.

— Na minha atual situação, eu preciso estravar toda a raiva que sinto. — dá de ombros. Prefiro não perguntar e mudar de assunto.

Parece que agora eu tenho amigos além de Pete, Noah, o entregador simpático de comida, meu porteiro, Casie e meu namorado. Algo bem novo pra mim, até porque nunca pensei que algum dia iria ser amiga de alguém dessa turma. Mas eu já devia desconfiar; agora eu sinto vontade de falar com Blue e Bruce por livre e espontânea vontade, algo que eu nem tentava antes e olha que estamos juntos há quase três anos.

Me despeço quando o metrô para na minha estação. Vou direto pra casa, aproveitando meu momento sem Noah para tomar um banho mais demorado. Meus pais foram embora no dia 28, tristes por não poderem passar o réveillon conosco, e Colson voltou pra Cleveland só semana passada para termos tempo de fazer tudo o que Nova York nos oferece nessa época do ano: patinar, visitar a árvore do Rockefeller Center, andar pela 5° avenida para que ele pudesse comprar tudo o que sentisse vontade, passear pelas ruas do Brooklyn e ver as decorações desnecessariamente extravagantes e perder um jogo da NBA porque estávamos transando.

𝒍𝒐𝒗𝒊𝒏𝒈 𝒊𝒔 𝒆𝒂𝒔𝒚 - 𝕄𝕒𝕔𝕙𝕚𝕟𝕖 𝔾𝕦𝕟 𝕂𝕖𝕝𝕝𝕪Onde histórias criam vida. Descubra agora