5.6 - E-boy

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P.O.V. Makena

noah: to te vendo

noah: eu sei que você viu a mensagem, para de ser escrota

noah: me espera!!!!

Reviro os olhos e paro pra esperar o Noah, que coincidentemente chegou na mesma hora que eu. Olho-me no reflexo da tela desligada, a imagem é até aceitável pra quem chorou durante uma hora até dormir. Chorei tanto que até as aeromoças se preocuparam e o mesmo comissário de bordo que tirou foto com o Kells na ida para Cleveland, levou uns lenços pra que eu pudesse retirar o cosplay de panda que eu estava fazendo com a maquiagem escorrida daquele jeito. Uma vergonha só, mas ver meu namorado se tratando daquele jeito por chorar, partiu meu coração e eu estava me segurando para não chorar desde ontem.

— E aí, cabeçuda. — Noah me cumprimenta, interrompendo meus pensamentos.

— Idiota. — empurro meu cotovelo contra seu ombro, mas o puxo pela gola da camiseta para passar meu braço ao redor de seus ombros.

Meio controverso admitir que estava com saudade de sua escrotice, mas é uma parte bem predominante de sua personalidade que aprendi a lidar e abracei, com o tempo. Todo mundo é meio escroto, a diferença é que o Noah é totalmente, mas fazer o quê? Não é algo que posso controlar.

— O que aconteceu com seu pé?— questiona ele, fitando os esparadrapos envoltos nos meus dedos.

— Longa história.

...

— Por que o mundo tá tão claro?— resmungo para mim mesma, andando para minha primeira aula do dia, arrumando os óculos escuros sobre meus olhos.

Tive picos de consciência durante o caminho. Nesses picos eu andava devagar pensando "foda-se, quer me reprovar, reprova", mas logo em seguida vinha um pico de noção e eu apertava o passo, pensando "meu Deus, não! É brincadeira! Não posso perder mais um ano". Sim, um pouco de desiquilíbrio emocional.

Quando eu e Noah chegamos em casa jogamos nossas coisas no chão e eu tirei um cochilo de 20 minutos no sofá, até que Bruce me ligou; eu ignorei; ele ligou pro Noah; Noah jogou um travesseiro em mim mandando eu atender. Peguei minha mochila e algumas coisas espalhadas, troquei o curativo do meu pé, calcei um par de chinelos e saí na força do ódio, chutando tudo pelo caminho.

Abro a porta da sala, tendo todos os olhares por um segundo, mas apenas ignorei e joguei minha mochila sobre a mesa, mais especificamente no Bruce, que se encontrava debruçado na madeira, mexendo no celular antes do peso de um notebook e cinco livros cair sobre si.

— Puta. — declara ele jogando minha mochila pro lado, me abraçando em seguida.

Contudo, eu retribuo sorrindo. Por muito tempo eu não soube a sensação de ter um amigo de verdade, e agora que me permiti ter essa experiência com Bruce e Blue, posso dizer que senti falta dos meus amigos. Adorei conhecer os amigos de Kells melhor, mas se os meus amigos estivessem lá, teria sido ainda melhor — se é que é possível —.

Falando nele, lembro de mandá-lo uma mensagem avisando estar tudo bem. Ele fica meio receoso depois do que aconteceu no dia de Saint Patrick.

— Olha quem resolveu aparecer!— Blue observa e me abraça por trás, fazendo um abraço em grupo que consegue ser bem brega levando em consideração meu estado de espírito, definido pelo meu namorado como: morta em vida.

Assim que nos separamos, me sento no meu lugar e declaro:

— Estou virada e sem paciência pra esse hospício, por favor, sejamos mais civilizados hoje. — me recosto na cadeira e apoio meu braço no encosto, arrumando meus óculos em seguida.

𝒍𝒐𝒗𝒊𝒏𝒈 𝒊𝒔 𝒆𝒂𝒔𝒚 - 𝕄𝕒𝕔𝕙𝕚𝕟𝕖 𝔾𝕦𝕟 𝕂𝕖𝕝𝕝𝕪Onde histórias criam vida. Descubra agora