5.4 - Monster

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Acendo outro cigarro e mexo meus pés dentro da água, olhando Makena do outro lado da piscina a arrumar seu biquíni que tenta escapar de seus seios, algo que me traz lembranças. Após algumas tentativas, ela consegue amarrar as cordinhas devidamente e se põe entre minhas pernas antes de deitar a cabeça no meu colo, com os cabelos secos por estarem presos em um coque.

Pouso minha mão livre em seus fios brancos e acaricio seu couro cabeludo, sentindo a mesma calmaria de sempre misturada com as palpitações rápidas do meu coração, que oscila entre quase parar e quase explodir de sentimentos pela garota.

Mesmo "superado" todo o assunto da minha mãe, eu só quero deitar minha cabeça no peito da minha namorada e ouvir seu coração batendo rápido por mim, porque assim eu não penso em nada e tenho o melhor sono que droga alguma consegue me proporcionar. Não posso depender assim de alguém, ainda mais da Makena que têm seus planos pro futuro, e que não me envolvem. Talvez eu não precise mais quando deixar de ser o Colson e virar o Machine Gun Kelly, que todos acreditam ser real; o problema é que o Colson é pai da Casie e namorado da Makena, que são duas coisas incomparavelmente melhores do que ser um cuzão.

Às vezes tenho o sentimento de que não estarei aqui por muito tempo, e isso me preocupa. Quem vai levar Casie pra escola? Elas duas continuarão se falando, ou vão eventualmente se afastar? Em quanto tempo a Makena vai me superar? Quem vai lembrar de mim?

— Fala alguma coisa. — pede.

Olho de volta em suas orbes esverdeadas graças ao ambiente ensolarado, que ela desvia momentaneamente para se retirar da água e se sentar ao meu lado, na borda.

Não penso no que compartilhar, até porque nem tem. Esses pensamentos só aparecem e ficam martelando na minha cabeça, até eu fumar alguma coisa forte para sufocá-los com fumaça. Mas eventualmente eles voltam, como aquela mosca que te rodeia na cozinha mesmo depois de você já ter espirrado metade do inseticida nela.

— Quer sair mais tarde?— mudo de assunto. Makena balança levemente a cabeça em negação pra minha atitude, mas parece já estar acostumada.

— A unha do meu dedão do pé caiu — ergue seu pé direito ligeiramente para se autotorturar com a imagem do esparadrapo em volta de seu dedo. —, acho que eu ainda tô meio em choque pra tal peripécia.

— Amo quando você usa palavras difíceis. — solto a fumaça dos meus pulmões para deixar um beijo entre suas sobrancelhas.

— Valeu. Eu escrevi meu TCC com um dicionário do lado.

Sorrio fechado enquanto passo meu braço ao redor de seu corpo, o que a faz se aconchegar mais pro meu lado e descansar a cabeça nas minhas costelas. Deslizo meu dedo pela sua coxa, delineando suas estrias antes da garota empurrar minha mão para longe. Ela odeia isso, mas eu adoro. Adoro namorar uma garota real.

— Chata pra caralho. — declaro pousando minha mão em sua cintura, agora.

— Já tenho que viver com isso, não precisa me lembrar.

— Tá rachando de tão gostosa e ainda acha ruim.

Escuto seu risinho e sorrio também, deixando Makena nos deitar no chão, ainda com os pés dentro d'água e despreocupados com o solo quente. Deixo meu cigarro entre meus lábios e ponho meu antebraço sobre meus olhos, protegendo-os do sol, enquanto Makena traça as tatuagens do meu peito.

Ficamos assim por um tempo, até uma sombra nos proteger do sol e nos fazer abrir os olhos para ver do que se trata. Assim que reconheço Skies, automaticamente desço meus olhos pra minha namorada, essa que volta a deitar no meu peito, balançando a cabeça levemente em negação.

𝒍𝒐𝒗𝒊𝒏𝒈 𝒊𝒔 𝒆𝒂𝒔𝒚 - 𝕄𝕒𝕔𝕙𝕚𝕟𝕖 𝔾𝕦𝕟 𝕂𝕖𝕝𝕝𝕪Onde histórias criam vida. Descubra agora