5.1 - Batata frita

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— Chantel, dá ré!— mando enquanto passo meu braço ao redor da Makena, que parece estar perdendo o equilíbrio e pra dar apoio moral, também, claro

— Não é possível que ela não tá ouvindo!— apoia a cabeça no metal, agitada e com a respiração desregulada.

Bato no vidro, tentando chamar sua atenção, mas ela me olha e ri, achando que é brincadeira. Tento abrir a porta para puxá-la pra fora e retirar a roda de cima do pé da minha namorada, mas está trancada, só me resta continuar gritando para ela sair e bater no vidro.

— É sério, eu não tô sentindo meus dedos!— Makena reclama, com a voz trêmula de raiva e dor.

— Eu vou ligar pra ela, espera!— Vanessa diz, já sacando o telefone.

Chantel atende, então olha para trás, recebendo o olhar mais odioso que já vi Makena dar, e que eu nem sabia que ela tinha. Jeffries parece se ligar na situação, então move o carro antes de sair batendo a porta. Makena puxa seu pé na hora, mas ele não parece firme, o que a faz quase cair, quase, porque eu a segurei.

— Me desculpa! Eu não sabia, juro!— Chantel dispara, e parece verdadeiramente culpada, mas Makena apenas inspira profundamente, provavelmente se segurando para não voar em cima de Chantel e passar com o carro por cima dela, e declara:

— Só some da minha frente.

Ela não se atreve a tentar continuar falando. Eu ajudo Makena a dar a volta e entrar no carro, desvio da outra, e entro batendo a porta.

— Tá, vou te levar pro hospital. — aviso e giro a chave na ignição. — E, pode chorar. — afirmo quando percebo seus olhos lacrimejados.

— E se meus dedos caírem?— indaga, verdadeiramente preocupada, aperta o dorso do nariz e vira o rosto pra janela.

Quase rio de sua preocupação em não me deixar vê-la chorar, mas me contenho e finjo não lembrar do dia que a mesma chorou no meio da rua porque pisou na pata de um cachorro e não teve tempo pra pedir desculpa, e também porque quero manter meu relacionamento.

— Eu ainda vou amar você.

— Meus dedos são mais importantes. — corta, ignorando completamente minha tentativa de ser amoroso.

Mesmo com os sentimentos feridos, ponho minha mão em sua coxa, tentando reconfortá-la.

...

— Viu? Não tem chance de perder seus dedos. — digo para Makena, voltando a me sentar ao seu lado nas cadeiras do corredor, esperando o doutor com sua receita de analgésicos.

— É, mas minhas unhas vão cair. — relembra, descansando a cabeça no meu braço.

Ambos encaramos seus dedos roxos no chinelo de princesa que comprei na loja de conveniências próxima daqui, que Makena me pediu para poder tirar os saltos sem ter que ficar descalça.

— Mas vão crescer. — digo simples.

— Mas vai ficar feio até lá. — retruca de um jeito que me faz questionar:

— Por que tá tão preocupada com isso?— me afasto para olhar seu rosto.

Demora alguns segundos para ela processar uma resposta, depois de parecer descartar todas as outras e decidir que esta é a melhor — ou menos pior —. No final, eu preferia não ter escutado aquilo.

— Eu não sou a pessoa mais bonita do mundo-

— Discordo pra caralho. — exprimo na mesma hora, quase incrédulo com sua afirmação.

𝒍𝒐𝒗𝒊𝒏𝒈 𝒊𝒔 𝒆𝒂𝒔𝒚 - 𝕄𝕒𝕔𝕙𝕚𝕟𝕖 𝔾𝕦𝕟 𝕂𝕖𝕝𝕝𝕪Onde histórias criam vida. Descubra agora