6.0 - Makyenna

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— Isso é tudo?— minha mãe pergunta, observando minhas malas.

— Sim, sim. — fecho a última, cheia de paletas de maquiagem e tudo mais que Colson disse para não me preocupar pois compraria de novo, mas como sou uma maldita teimosa, vou levar mesmo assim.

Me viro para pegar minha mochila e percebo o olhar perdido da minha progenitora, e, assim como meses atrás, estamos nos separando, dessa vez não é por uma causa nobre, nem nada, é só culpa do tempo que me forçou a crescer. Estranhamente mudamos de ponto de vista. Não é culpa dela isso estar acontecendo, ou do Colson, não; Saide foi o empurrão para algo que aconteceria uma hora ou outra, e Colson, a solução. Acho que esse tempo separadas mudou alguma coisa entre nós, ainda não sei o que é, mas espero que as coisas se resolvam e voltem a ser como antes, mesmo nos afastando novamente.

A única coisa que verdadeiramente me incomoda em tudo isso — e eu odeio admitir —, é a distância entre mim e o babaquinha que eu chamo de irmão. Noah é meu companheiro desde seu nascimento quando ele, incrivelmente, gorfava em todos, menos em mim; e eu acho que sou a dele desde o dia que percebi que não importava o quanto ele estivesse berrando, esperneado e chorando, por qualquer motivo que fosse, ele simplesmente parava quando eu o pegava no colo e perguntava "o que foi, feioso?". Isso é algo que me desencoraja até agora, que me faz me questionar se é uma boa ideia e se eu estou sendo precipitada, talvez porque esse ano, ficamos mais próximos do que nunca, cultivamos uma relação muito mais forte do que antes. Vou sentir sua falta mais do que qualquer coisa, e inventar todo o tipo de desculpa para vê-lo. Por um tempo meus dias serão incompletos sem seus comentários cruéis, insensíveis, irônicos, sarcásticos e ácidos.

Ao ver o carrinho animado na tela do meu telefone, indicando que o Uber que pedi estava chegando, chamo meu irmão para nos despedirmos. Demora alguns segundos para o garoto aparecer na sala, com uma máscara do Darth Vader, que me faz franzir o cenho já que ele o considera o vilão mais entediante de todos.

— Pra que-

— Cala a boca. — ele me interrompe e eu ergo minhas mãos em rendição, já repensando se vou realmente sentir falta disso.

Minha curiosidade não permanece por muito tempo, quando mamãe para ao seu lado, pousando as mãos em seu ombro, e confessa:

— Ele não quer que você o veja chorar.

Ao mesmo tempo em que ele grita que não, eu ressoo um "awnnn" e abraço-o. Quando menos espero, percebo quem precisa da mascara do Darth Vader aqui, sou eu. Consigo me segurar com muito esforço. Ficamos abraçados o máximo que dá, até meu telefone vibrar com uma notificação do aplicativo, então nos separamos. Retiro sua máscara e, na mesma hora, ele limpa suas lágrimas.

— Te amo. — declaro beijando sua cabeça.

— Também.

Sorrio e deslizo meus dedos entre seu cabelo, então me viro para minha mãe, que sorri encantada para a cena. Como gastei todo meu tempo com Noah, nosso abraço é mais rápido, mas bem apertado.

Saio puxando minhas malas depois de recusar a ajuda que me fora oferecida, só para usar o elevador que, depois de anos, foi concertado. Meu telefone vibra novamente, com notificação de mensagens do meu pai; um print de uma transição bancária, com uma explicação logo abaixo, que me faz sorrir.

papai: Eu sei que você pediu para eu não me meter nem nada...

papai: Mas não é só porque você virou adulta que eu não posso te ajudar

papai: Você será pra sempre minha princesa

papai: Então compra uma panela, sei lá

𝒍𝒐𝒗𝒊𝒏𝒈 𝒊𝒔 𝒆𝒂𝒔𝒚 - 𝕄𝕒𝕔𝕙𝕚𝕟𝕖 𝔾𝕦𝕟 𝕂𝕖𝕝𝕝𝕪Onde histórias criam vida. Descubra agora