4.7 - Dona morte

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— Colson.

Só consigo raciocinar o nome após um segundo, mas que mais parece uma eternidade enquanto olho essa desconhecida que acaba de dizer ser a mãe do meu namorado, que, sinceramente, não parece muito confortável com esse assunto.

Eu devo chamá-lo, mas realmente não sei se quero; não quero perturbá-lo com isso, ao mesmo tempo que, não quero privá-lo de uma coisa que não tem nada a ver comigo. Penso em todos os rumos que essas duas opções vão levar, mas só consigo pensar no quão mal isso vai deixá-lo, porque ele parece tão bem que não quero que seu bom humor acabe, por mais egoísta que pareça.

— Eu trouxe alguns presentes — ela volta a se pronunciar, me retirando dos meus pensamentos, só agora reparo nas sacolas em suas mãos. —, espero que ele goste. Não nos vemos há um tempo. — sorri para mim, que consigo forçar minha musculatura para dar ao menos um meio sorriso.

Sei que devo chamá-lo — e vou —, o que me faz sentir uma imensa vontade de pedi-la pra voltar pra onde quer que tenha saído e esquecer esse endereço para que eu não tenha que fazer isso e possa passar o dia com a melhor versão de seu filho. Ela parece legal e ele é meu namorado, não quero que nem um dos dois saia magoado por mais que pareça algo quase impossível.

— Eu vou lá chamá-lo, ok?— aviso, já me afastando da porta. — Pode entrar... Eu acho. — sussurro a última parte.

— Obrigada. Você é amiga dele?— pergunta, deixando as sacolas no canto da entrada.

— Namorada. — repito pela segunda vez no dia, e pela segunda vez alguém parece gostar dessa notícia. — Makena.

— Karen.

Antes que pudesse falar mais, dou as costas para a moça que eu nem sei se realmente é a mãe dele, mas deixei entrar. Assim que encontro-me no lado de fora, onde ela não conseguiria ver, corro para o studio e abro uma fresta da porta, me encolhendo de vergonha assim que todos os olhos se voltam curiosamente para mim, menos do meu namorado, que está de fones e distraído na mesa de botões em sua frente.

Um barbudo de guitarra — que eu não sei o nome —, aponta para o mesmo, perguntando silenciosamente se deve para chamá-lo; eu aceno positivamente e o desconhecido o cutuca até chamar sua atenção. Colson primeiro olha para ele, que aponta para mim no lado de fora, só então ele gira sua cadeira para me olhar. Eu gesticulo com minha mão, chamando-o para fora, quando ele apenas move a cabeça ligeiramente, perguntando o que houve. Assim que o loiro se aproxima, agarro seu braço e o puxo de dentro do studio, o que o faz me olhar confuso.

— Aconteceu alguma coisa?— pergunta, preocupado. Eu não o culpo, é realmente estranho alguém sair te puxando do seu trabalho como se o mundo estivesse acabando.

Passo meus braços ao seu redor porque assim não vou ter que olhar em seu rosto já que perdi toda a coragem por um momento.

— O que você quebrou?— me abraça de volta.

— Não quebrei nada. — rio, mas paro assim que meu cérebro me devolve um segundo de coragem. — Sua mãe tá lá fora.

Ficamos em um segundo de silencio, até o homem me afastar o suficiente para olhar no meu rosto e perguntar, pausadamente:

— O quê?

— É. — afirmo, vendo seus olhos desviarem de mim e sua mão subir para esfregar sua boca, inexpressivo. — Olha-

— Manda ela embora. — diz de uma vez só, sem nem cogitar outra escolha.

— O quê?— e é minha vez de perguntar.

— Não tô pronto pra fazer isso de novo. Foda-se, eu não vou lá — ele divaga, falando sozinho. —, ela pode falar alguma coisa que eu não quero ouvir.

— Ela só quer conversar. — digo, depois de chamar sua atenção pousando a mão sobre sua bochecha.

— Mas eu não quero. — retira minha mão, segurando junto com a sua. — E tudo bem você não querer fazer isso, eu que tenho que a mandar embora.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Colson me solta e passa por mim, indo para o lugar que acabei de sair. Por ter pernas longas, ele se encontra muito mais a frente, enquanto eu preciso correr para tentar alcançá-lo e impedir que exploda seus sentimentos em cima de sua progenitora, como parece estar prestes a fazer.

Quando volto para dentro, já o encontro ordenando em alto e bom som:

— Sai da minha casa!

— Eu- ela tenta, mas ele interrompe.

— Você o quê?!— para em sua frente. — A última vez que me viu foi em 2015, e agora acha que pode chegar na minha casa como se nada tivesse acontecido?!

Penso em falar algo, mas acho melhor não o fazer, ainda mais quando ele olha para mim, segura o braço de sua mãe e a puxa para fora, batendo a porta em seguida. Ele parece despejar um milhão de coisas sobre ela, que é interrompida a todo o momento, até que Colson parece mandá-la embora outra vez antes de entrar batendo a porta novamente. Eu, que me sinto paralisada vendo toda a situação, espero o pior quando o loiro vem na minha direção, mas ele apenas ignora nossa assimetria e apoia o rosto no meu ombro, em silêncio. Meio confusa, passo meus braços ao seu redor assim como ele faz comigo, subo minhas mãos para seu cabelo e acaricio levemente, ouvindo sua respiração pesada.

Temos alguns segundo de paz, até ele se afastar com o rosto ruborizado de um jeito que não sei se é de raiva ou choro engolido, e declarar:

— Sei que não foi culpa sua, mas se você me ama não vai mais deixar essa mulher entrar aqui.

Concordo, resolvendo esquecer tudo o que passa pela minha cabeça, que está fazendo meus únicos três neurônios dispararem e trabalharem mais do que normalmente trabalham. Meu subconsciente tenta me culpar e fazer sentir mal, até dá um pouco certo, mas resolvo ignorar e abraçar meu namorado por mais alguns segundos, que parece verdadeiramente precisar de mim nesse momento tão delicado. Uma péssima escolha, devo dizer, porém, o amo muito para fingir que nada está acontecendo.

...

grupo: gostosas da bunda pequena

eu: gente vocês não ver acreditar

otário: diga

eu: a mãe do colson apareceu aqui

eu: ele ficou puto

eu: loucura

blueberry: foda

blueberry: acredita q o bruce tá puto comigo?

otário: só matar a minha avó não tá bom, dona morte?

eu: credo blue

eu: q porra de mania é essa de sair matando pessoas aleatória??

blueberry: mano, foda-se

blueberry: tua avó vai morrer um dia

blueberry: e ela tá bem mais na frente do q a gente

otário: mds eu te odeio muito

🌟

Ficou pequeno? Sim. fiz capítulos melhores? Com certeza. É por isso que vai ter atualização dupla pra vocês dormirem feliz, ou (se tiverem o sono regulado, diferente de mim) lerem quando acordar.

𝒍𝒐𝒗𝒊𝒏𝒈 𝒊𝒔 𝒆𝒂𝒔𝒚 - 𝕄𝕒𝕔𝕙𝕚𝕟𝕖 𝔾𝕦𝕟 𝕂𝕖𝕝𝕝𝕪Onde histórias criam vida. Descubra agora