0.4 - Lasanha

1.2K 91 60
                                    

— Makena, cheguei!— Noah grita da sala. — Cadê você?!

— Quarto, né?— onde mais eu estaria? Não saio de casa.— O que você quer? Nunca chega perguntando por mim. — pergunto desconfiada do fedelho.

— Eu esqueço que você se tornou um móvel da casa. — provoca com um sorrisinho cínico. Taco uma almofada em sua direção, mas ele consegue desviar.

— Fala o que você quer... E devolve minha almofada.

— O Sr. Baker quer falar com você. — franzo o cenho me perguntando o porquê do imbecil mais lindo que eu já vi querer falar comigo. Nesse meio tempo, Noah joga minha almofada na minha cara, o que me faz xingá-lo e correr atrás dele.

— Seu pirralho!— persigo o garoto, rindo com ele e amaldiçoando o sedentarismo que me torna mais lenta.

Quando acho ter conseguido o encurralar, ele passa por baixo do meu braço e vai pra sala, eu o sigo e me arrependo logo em seguida, quando esqueço a existência do tapete e tropeço em sua barra, caindo de cara entre o sofá e a mesa de centro.

— Temos esse tapete há três anos, Makena! Como ainda consegue esquecer dele?— Noah ri de mim, sem um pingo de empatia ou preocupação.

— Tá de castigo. — digo a única coisa que me vem à mente. Viro-me de barriga pra cima, vendo o pirralho me estender a mão, vermelho de tanto rir.

— Tá, tá. Veremos. — ele assobia carregado de sarcasmo.

Como não sou de passar pouca vergonha, assim que me levanto vejo Colson e Casie parados na porta, sufocando suas risadas. Só consigo olhar pra cima e me perguntar se Deus realmente ama a todos os seus filhos.

— Não me disse que ele tava aqui!— reclamo baixo para que apenas Noah escute, mas, como ele é a criatura mais insensível do mundo, ele responde em seu tom normal, deixando bem óbvio o que eu havia feito questão de sussurrar.

— E você não me disse que iria cair igual uma maçã podre.

Suspiro ao sentir meus peitos e nariz doendo, então aproveito meu único segundo de distração para me arrastar até a porta.

Se tem uma coisa que eu faço quando pago mico é fingir que não estou sentindo vergonha ou dor, assim ninguém percebe o quanto meu ego está ferido.

— Oi. — sorrio fechado, me encostando ao batente da porta e tentando fingir uma pose séria, que até agora o loiro não viu e, consequentemente, deve me achar uma completa idiota.

— Tudo bem, Makena?— Casie, que parece a única preocupada, pergunta.

— Sim, isso acontece com frequência, então eu... — paro de falar no momento em que o loiro ergue as sobrancelhas, então analiso as palavras que proferi e chego à conclusão que eu pareço uma criança no corpo de uma adulta. — Não com enfraquecia, às vezes...

— Com frequência, sim. Você só não tá caindo ultimamente porque passa a manhã na faculdade e dorme o resto do dia. — Noah se intromete. Apenas ponho minha mão sobre seu rosto e o empurro de volta para dentro.

— Enfim, tô aqui. — me volto para o homem, soando petulante mesmo sem querer.

— Então, a babá da Casie é uma cretina e eu tenho algumas coisas para resolver, mas não tenho com quem deixá-la. — aceno com a cabeça, mesmo sem prestar muita atenção. Saio dos meus pensamentos aleatórios e percebo que ele havia feito essa pausa porque percebeu minha cabeça nas nuvens.

Em minha defesa meus pais nunca trataram minha falta de atenção, até dizem que é ok já que eu consigo focar em coisas importantes. E, bom, ambos são médicos, quem sou eu para refutá-los?

𝒍𝒐𝒗𝒊𝒏𝒈 𝒊𝒔 𝒆𝒂𝒔𝒚 - 𝕄𝕒𝕔𝕙𝕚𝕟𝕖 𝔾𝕦𝕟 𝕂𝕖𝕝𝕝𝕪Onde histórias criam vida. Descubra agora