CAPÍTULO 79

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Eu nunca odiei tanto uma pessoa em toda a minha vida, acredito que se Jorge não a tivesse algemado e levado para as masmorras, para longe de mim, eu a enforcaria.

Apertei a caixinha em meu bolso, como se fosse o limite do mundo, a qual quase perdi graças à mulher na sala ao lado.

Não queria, mas me sentia culpado por tudo o que aconteceu, mesmo sabendo que não deveria, eu sentia culpa. Eu deveria estar com ela, rindo e me declarando, não deveria ter a deixado sozinha, não naquele momento... Deveria ter notado algo de errado, procurado. 

Eu estava com meu pai quando um dos guardas arrombou a porta do terraço, dizendo estar ocorrendo uma invasão no palácio, com as selecionadas como reféns. Luna, como refém. Corri como se minha vida dependesse daquilo, abandonando meu pai com as flores e o guarda ofegante. Mal me lembro de pegar uma arma que me ofereceram e correr até o limite do jardim, onde começava a floresta. Mas lembrava perfeitamente de quando Marid prendera minha noiva em seus braços e pressionara a arma contra sua cabeça, quando encostou o rosto no pescoço dela... Meu sangue fervia só de lembrar, foi a primeira vez em minha vida que tive vontade de matar alguém.

Ainda não sabia como acharam um jeito de entrar pela floresta. Sobraram poucos dos capangas de Marid depois do tiroteio, e o próprio não dizia nada de útil, só ria e disparava seu ódio a hierarquia. Não deu nenhuma informação concreta, estava louco. Seus três capangas vivos não diziam nada e tortura não era algo que eu tolerava. Mesmo cheio de ódio, sentado na sala de espera do hospital, ouvindo o relatório dos interrogatórios, não quis apelar a isso. Era desumano demais até para aqueles porcos.

Não duvidava da habilidade de meu espião em fazê-los falar, mas não queria recorrer a isso.

- Boa tarde, espião. - Samantha sorriu diabólica para Azriel, que respirou fundo, mexendo em seus papéis. Apertei ainda mais a caixa ao ouvir sua voz.

- Qual o seu nome de verdade?- Azriel perguntou, sério como sempre, nenhuma expressão a mostra.

- Ah, achei que nunca perguntariam- inclinou a cabeça- me chamo Ellis Sammez, prazer.

- Como conseguiu entrar na Seleção?- prosseguiu, ignorando o sorriso dela.

- A esse ponto você já deve saber que boa parte do palácio não é totalmente leal à realeza. Não foi de grande esforço falsificar uma ficha e documentos e trocar a ficha sorteada pela minha. A daquela inútil foi o mesmo- apoiou a coluna nas costas da cadeira.

- Daquela quem?- Samantha, ou melhor, Ellis revirou os olhos.

- Ana- pronúncia o nome de minha amiga com nojo, fazendo-me engolir a raiva- e sim, esse é o nome dela mesmo.

- Porque não falsificaram o nome de Ana também?

- Ela era inútil até de nome.- riu amargamente-  Ana era um fantasma, seus documentos foram perdidos quando fugiu do orfanato, seu histórico limpo por Marid. Mal era uma cidadã de Illéa para vocês, a pessoa perfeita para se infiltrar no palácio.

- Qual era o seu objetivo no palácio?

- Bom, em parte informar Marid sobre tudo que fosse útil para acabar com a rainha, e ganhar a Seleção para manipular a realeza... - sorriu, negando com a cabeça- mas aí, tive que dar uma de babá, vendo Ana se aproximar muito do príncipe, percebendo o óbvio: Luna seria a escolhida- tive vontade de atravessar o vidro e bater a cara dela contra a mesa ao ouvi-la dizer o nome de Luna.

"Foi quando minha ideia surgiu. Eu já não tinha mais chances de ganhar a Seleção, mas Ana sim, e aquela Mallmann era um empecilho. Depois de me comunicar com Marid, ele mandou que Ana a matasse. - travei a mandíbula. - Só que aquela imprestável não o fez, decidiu virar amiguinha dos inimigos. - riu de escárnio- Não levei muito mais que alguns dias para descobrir que Ana havia entregado tudo a vocês. Tudo o que trabalhei..."

A NOVA SELEÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora